Documento 3 – Frases para envelope.pdf
Plano de Aula
Plano de aula: Esportes de marca e Paralimpíadas: uma relação possível
Descrição
Neste plano propomos discutir com os estudantes sobre alguns princípios de modalidades Paralímpicas por meio de uma vivência atrelada ao esporte de marca - atletismo. A partir das corridas com atleta-guia, a principal intenção deste plano é despertar o olhar de cada estudante para si e para o outro, por meio da ação conjunta, necessária para o desenvolvimento de diferentes provas que utilizam desse elemento.
Habilidades BNCC:
Objeto de conhecimento
Esportes de marca
Objetivos de aprendizagem
- Identificar, por meio de suas características, distintas provas oficiais de atletismo para pessoas com deficiências.
- Realizar, corporal e coletivamente, adaptações de corridas para pessoas com deficiências.
- Planejar e colocar em prática estratégias de superação de desafios pessoais necessários, durante a realização das atividades propostas.
- Aplicar, em seu contexto de vida e no de outros sujeitos, elementos vividos por meio da prática de provas de atletismo para pessoas com deficiências.
- Propor medidas de valorização da segurança e integridade física de todos, a partir de elementos de risco identificados no próprio contexto da escola.
Competências gerais
1. Conhecimento
9. Empatia e cooperação
10. Responsabilidade e cidadania
O tema proposto para esta aula é uma provocação para que tenhamos ainda mais atenção à dimensão da inclusão social, por meio do esporte de marca e da discussão sobre as Paralimpíadas. Ao longo do plano, abordamos alguns conceitos que descreveremos aqui para facilitar o desenvolvimento das atividades propostas, o entendimento sobre o tema e a ampliação do olhar em relação a ele:
1 - Educação Inclusiva.
2 - Pessoa com deficiência.
3 - Visão subnormal.
4 - Esportes de marca.
5 – Paralimpíadas.
6- Classificação funcional.
7 - Competência e situação-problema.
Para facilitar a leitura, os documentos utilizados como base deste plano estão indicados na lista de bibliografias. Consulte!
Didaticamente, os conceitos estão separados, mas é importante que eles sejam compreendidos como vinculados uns aos outros, de maneira integrada, pois contribuem para o entendimento global sobre o tema, considerando que o conhecimento faz parte de um sistema complexo, não fragmentado.
1 - Educação Inclusiva
De maneira geral, a inclusão está associada à garantia dos direitos humanos. Partimos do entendimento de que
o movimento mundial pela educação inclusiva é uma ação política, cultural, social e pedagógica, desencadeada em defesa do direito de todos os estudantes de estarem juntos, aprendendo e participando, sem nenhum tipo de discriminação. A educação inclusiva constitui um paradigma educacional fundamentado na concepção de direitos humanos, que conjuga igualdade e diferença como valores indissociáveis, e que avança em relação à ideia de equidade formal ao contextualizar as circunstâncias históricas da produção da exclusão dentro e fora da escola. (BRASIL, 2014, p. 1)
Para investigar mais sobre o tema da inclusão, recomendamos que se aproprie de alguns importantes referenciais, como:
Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Parecer número 17/2001, do Conselho Nacional de Educação – CNE.
Política Nacional de Educação Especial, na perspectiva da Educação Inclusiva.
2 - Pessoa com deficiência
Este plano também tem como referência a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Lei nº 13.146/2015) destinada, logo no artigo 1º, a “assegurar e a promover, em condições de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais por pessoa com deficiência, visando à sua inclusão social e cidadania” (BRASIL, 2015, s/n).
De acordo como mesmo documento,
art. 2º - considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. (BRASIL, 2015, s/n)
3 - Visão subnormal
Geralmente, para pesquisas com diferentes populações, a classificação da gravidade das deficiências visuais é sistematizada em leve, moderada ou grave, como apresenta o Relatório Mundial sobre a Visão, da OMS (2021). Essa subdivisão da gravidade é realizada com base na acuidade visual, entendida como “medida simples e não invasiva da capacidade do sistema visual de discriminar dois pontos de alto contraste no espaço” (WHO, 2021, p. 10).
Para os esportes, a classificação adotada é organizada de acordo com o nível de deficiência. Para o Comitê Paralímpico Internacional e o brasileiro (COB, 2020, s/n), “os competidores com deficiência visual são divididos em três classes de acordo com o comprometimento visual. Quanto maior a perda de visão, menor o número na nomenclatura da classe. No caso dos cegos, pode ser B1 (futebol de 5 e goalball), T11 ou F11 (atletismo) e S11 (natação)”. Esses dados podem ser acessados no próprio site do Comitê, disponível em:
https://www.cpb.org.br/noticia/detalhe/3104/entenda-por-que-os-atletas-com-deficiencia-visual-precisam-usar-vendas-nas-competicoes. Acesso em 08 out. 2021.
4 - Esportes de marca
Como principal referência, seguimos o conceito apresentado na BNCC (2017, p. 214) a respeito de esportes de marca, sendo: “conjunto de modalidades que se caracterizam por comparar os resultados registrados em segundos, metros ou quilos (patinação de velocidade, todas as provas do atletismo, remo, ciclismo, levantamento de peso etc.)”.
Considerando a realidade da escola pública brasileira e para facilitar a vivência em distintos contextos de atuação, neste plano, enfatizamos o atletismo, por meio de algumas provas de corridas, que estão relacionadas às Paralimpíadas de maneira geral.
5 - Paralimpíadas
De acordo com o site oficial do Comitê Paralímpico Internacional, “o esporte para atletas com deficiência existe há mais de 100 anos e os primeiros clubes esportivos para surdos já existiam em 1888, em Berlim. No entanto, foi só depois da Segunda Guerra Mundial que ele foi amplamente introduzido. O objetivo na época era ajudar o grande número de veteranos de guerra e civis feridos durante a guerra. Em 1944, a pedido do governo britânico, o Dr. Ludwig Guttmann abriu um centro de lesões na coluna vertebral no Hospital Stoke Mandeville na Grã-Bretanha e, com o tempo, o esporte de reabilitação evoluiu para o esporte recreativo e depois para o esporte competitivo”. Ainda de acordo com dados apresentados no site oficial do CPI, a primeira atuação oficial de esportistas com deficiência foi nos Jogos Olímpicos de Londres, em 1948. Na ocasião, participaram 16 militares feridos e mulheres, na prova de tiro com arco.
Disponível em: https://www.paralympic.org/medals
Acesso em: 19 out. 2021 - tradução nossa.
No Brasil, preparamos o Documento 1 - História do Esporte Paralímpico Brasileiro, que apresenta a evolução do esporte no cenário nacional.
O site oficial do Comitê Paralímpico Brasileiro apresenta, inclusive, indicações sobre como se tornar um atleta paralímpico, além de outros detalhamentos a respeito de esportes diferentes. Disponível em: https://www.cpb.org.br/noticia/detalhe/3071/seis-informacoes-sobre-como-se-tornar-um-atleta-paralimpico Acesso em: 19 out. 2021.
6 - Classificação funcional
A classificação funcional é voltada para minimizar o impacto das deficiências no resultado da competição e, portanto, os atletas são avaliados e colocados em categorias de competição chamadas de classes esportivas, de acordo com o quanto sua deficiência afeta o desempenho esportivo, como exposto pelo Comitê Paralímpico Internacional (2010, tradução nossa).
No caso do atletismo, pode-se compreender a classificação:
PISTA Track-T |
CAMPO Field - F |
Característica |
T11 a T13 |
F11 A F13 |
Deficientes visuais |
T20 |
F20 |
Deficientes intelectuais |
T31 A T34 |
F31 A F34 |
Paralisados cerebrais caminhantes |
T35 A T38 |
F35 A F38 |
Paralisados cerebrais |
|
F40 A F41 |
Anões |
T42 A T44 |
F42 A F44 |
Amputados ou com deficiência de membros inferiores |
T45 A T47 |
F45 A F47 |
Amputados ou com deficiência de membros superiores |
T51 A T54 |
F51 A F57 |
Competem na cadeira de rodas: sequelas de poliomielite, lesões medulares, amputações |
Fonte: (ROJAS, 2017, p. 74).
No 1º e 2º anos do Ensino Fundamental, a unidade temática Esportes de marca é apresentada, assim como no 6º e 7º anos. A ideia é ampliar a apropriação das habilidades enfatizadas, de maneira a distinguir, claramente, a proposta realizada em cada um dos níveis de ensino. Ou seja, nos anos finais, perceba que a BNCC apresenta um número maior de habilidades em relação à unidade, o que exige outras estratégias didático-metodológicas, como tentamos apresentar a você.
7 - Competência e situação-problema
Você perceberá que partimos de uma situação-problema como disparadora da reflexão e ação necessárias durante a aula. Essa proposta vai ao encontro de um dos entendimentos sobre a competência que, para Perrenoud (2002), envolve a “tomada de decisão, mobilização de recursos e saber agir, enquanto construção, coordenação e articulação de esquemas de ação ou de pensamento”. No mesmo sentido, a situação-problema, enquanto um recorte da realidade que exige domi?nios complexos, implica mobilizar recursos, tomar deciso?es e ativar esquemas.
Nos planos apresentados pela Nova Escola, buscamos sempre valorizar algumas premissas importantes, ou seja, princípios elementares. A primeira delas é o alinhamento à BNCC, o que, neste plano, está contemplado por meio do desenvolvimento de competências para a vida e de resoluções de situações-problema.
Outra premissa é o respeito à escola pública. Tentamos, neste plano, otimizar a atividade para que ela seja realizada sem a exigência de muitos ou complexos recursos, o que não isenta a necessidade de termos uma diversidade de materiais de qualidade nas escolas.
Por meio de exemplos e ampliações, apresentamos o foco na prática pedagógica do professor, de maneira que ele consiga potencializar o aprendizado coletivo, tanto seu, quanto dos estudantes com os quais lida continuamente.
O estudante, seu protagonismo e aprendizagens, é o foco do plano, no qual ele é estimulado a refletir, exercer e vivenciar as práticas propostas, construindo hipóteses e encontrando alternativas de resolução.
Tudo isso é apresentado por meio de quatro dimensões de estudo do movimento humano:
1 - o corpo: que representa o instrumento da ação;
2 - o espaço: onde o corpo se movimenta;
3 - o esforço: a qualidade com que o movimento é executado;
4 - as conexões: realizadas durante o mover-se corporal - com objetos, pessoas e ambiente.
Tudo isso é o que se encontra neste plano, vamos em frente!
Bibliografia
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2017. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/ Acesso em: 06 out. 2021.
BRASIL. Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência) – Lei nº 13.146/2015. Brasília. 2015. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.html Acesso em: 07 out. 2021.
BRASIL. Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva.
Brasília, 2014. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/docman/dezembro-2014-pdf/16690-politica-nacional-de-educacao-especial-na-perspectiva-da-educacao-inclusiva-05122014 Acesso em: 08 out. 2021.
BRASIL. Parecer CNE/CEB 17/2001. Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica. Brasília, 2001. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/CEB017_2001.pdf. Acesso em: 08 out. 2021.
CAMACHO, R. P. N. Aspectos pedagógicos do atletismo. Curitiba: Intersaberes, 2017.
COMITÊ PARALÍMPICO BRASILEIRO. CPB. Entenda por que os atletas com deficiência visual precisam usar vendas nas competições. Disponível em: https://www.cpb.org.br/noticia/detalhe/3104/entenda-por-que-os-atletas-com-deficiencia-visual-precisam-usar-vendas-nas-competicoes. Acesso em 08 out. 2021.
FERNANDES, V. M. de F. Educação física adaptada. Curitiba: Intersaberes, 2020.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Relatório mundial sobre a visão. 2021. Disponível em: https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/328717/9789241516570-por.pdf Acesso em: 07 out. 2021
- PERRENOUD, P.; THURLER, M. G.; MACEDO, L. de; MACHADO, N. J.; ALESSANDRINI, C. D. As competências para ensinar no século XXI: a formação dos professores e o desafio da avaliação. Porto Alegre: Artmed, 2002.
SÃO PAULO. Secretaria Municipal de Educação de São Paulo. Avaliação em educação física por meio de HQs. Disponível em: https://educacao.sme.prefeitura.sp.gov.br/noticias/estudantes-produzem-mapas-conceituais-e-quadrinhos-para-aprender-conteudos-da-educacao-fisica-1/. Acesso em: 16 nov. 2021.
TWEEDY, S. IPC Athletics Classification Project for Physical Impairments: Final Report - Stage 1. IPC Athetics. 2010. Disponível em: https://www.paralympic.org/sites/default/files/document/120725114512622_2010_07_16_Stage_1-Classification_Project_Final_report__for_2012_forward.pdf
Acesso em: 08 out. 2021.
Materiais sugeridos
- Bloco de notas e/ou caderno pessoal, de registro do professor.
- Situações-problema disparadoras, impressas e recortadas.
- Vendas de tecido para cada estudante (aqui, você pode utilizar diferentes recursos, como o Tecido Não Tecido - TNT, comum nas escolas, assim como materiais similares que possam desempenhar a função de vendas).
- Rolo de barbante ou recurso similar que apresente a possibilidade de amarrar.
- Envelopes ou folhas de papel A4 dobradas.
- Frases impressas e recortadas.
- Fita adesiva.
- Ficha de check-list de sistematização impressa.
- Ficha de registro e avaliação impressa.
Aqui trazemos algumas sugestões de materiais. De acordo com a sua realidade, utilize materiais similares, alternativos ou adaptados para a prática.
Conversa inicial
Inicie a aula com uma roda de conversa para escutar os estudantes e, ao mesmo tempo, contextualizar o tema central previsto no plano. Questione-os:
- Quais as principais deficiências que conhecem e percebem no contexto das pessoas da própria casa ou locais em que vivem, no seu bairro, cidade ou país? Ou seja, quais são as deficiências que observam?
Após ouvi-los, solicite que algum deles apresente um relato de experiência sobre o tema, ou seja, se observaram alguma situação relacionada ao tema ou se tiveram ou têm contato com pessoas com deficiência. Nesse relato devem explicar quais as mudanças necessárias no espaço, nas tarefas domésticas, quais as principais dificuldades dessa pessoa e das demais que moram com ela, enfim, quais mudanças ocorrem no contexto de vida diária.
Caso os estudantes não apresentem nenhum relato de experiência de convivência com uma pessoa com deficiência, você pode apresentar mais alguns elementos para reflexão, como, por exemplo, o questionamento a seguir:
- Como será que uma pessoa que não tem, por exemplo, uma das pernas (membro inferior) e nem uma prótese faz algumas atividades domésticas, como varrer uma calçada?
Preferencialmente, opte por perguntas abertas, em que os estudantes tenham que elaborar uma resposta mais completa, diferente de “sim” ou “não”.
As orientações realizadas são sugestões, considere as frases e encaminhamentos propostos como possibilidades. Faça os ajustes necessários, de acordo com a sua realidade. É primordial que os questionamentos e outros diálogos façam sentido e criem significado para os estudantes.
Aproveite o relato dos estudantes para estabelecer relações com a proposta da aula. Por fim, exponha os principais objetivos pensados para a aula, de maneira a situar os estudantes sobre o que viverão no encontro proposto.
Atividade
Proposta de situação-problema: conversa em pares
Anteriormente, prepare os cartões apresentados como situações-problema. Acesse-as por meio do documento complementar apresentado com o título: “Documento 2 – Situações-problema disparadoras”. Imprima e recorte-as, assim como as frases propostas para o “Desafio das estações”.
Peça aos estudantes que se organizem em duplas, por afinidade, pois o entrosamento, a comunicação e o cuidado entre os participantes serão a base de toda a aula.
Formadas as duplas, deixe-as à vontade para escolher um espaço próximo, em que possam conversar, frente a frente, em pé ou sentadas, o que for mais conveniente para elas.
Entregue-lhes uma das quatro situações-problema propostas e solicite aos pares a leitura de seu conteúdo, bem como o diálogo sobre a situação-problema apresentada. Cada um dos cartões contém uma situação diferente, mas real, em relação à deficiência visual. A ideia é despertar a atenção para si e para o outro, por meio do diálogo sobre o tema. Estipule o tempo de 5 minutos para o diálogo entre os participantes.
Após o diálogo, solicite aos estudantes de uma dupla específica que compartilhem suas hipóteses sobre a situação-problema. Abra espaço para que os demais colegas que desejarem exponham suas percepções iniciais sobre o mesmo tema.
Desafio das estações
Para o desafio das estações, próxima etapa, mantenha os mesmos pares de estudantes.
Para cada dupla, entregue:
- Duas vendas de tecido que serão utilizadas por apenas uma pessoa da dupla (a função de duas vendas é, de fato, deixar o contexto mais próximo possível da deficiência visual total, em que não é possível enxergar nada).
- Um pedaço de barbante de aproximadamente um metro, que será utilizado para servir de guia para a dupla.
Após dividir os recursos materiais necessários entre os participantes, solicite a um dos integrantes da dupla que coloque as duas vendas no colega. Depois, peça-lhes para amarrem o barbante ao punho, permanecendo conectados até o fim da vivência.
Enquanto os estudantes preparam as vendas e o cabo guia (barbante), na quadra ou no espaço utilizado, organize cinco pontos de conferência (estações), no próprio espaço de aula. Em cada um dos pontos, fixe um envelope.
As frases para os envelopes estão disponíveis no documento complementar “Documento 3 - Frases para envelopes”.
Em cada ponto e envelope, insira um mesmo bloco de frases impressas, preferencialmente em número superior ao de duplas. Isto é: Estação um - Primeira frase impressa, várias vezes; Estação dois - Segunda frase impressa, várias vezes, e assim consecutivamente. As frases foram organizadas para envolver a dimensão conceitual deste plano, ou seja, o que os estudantes precisam saber sobre o tema principal para que entendam os elementos relativos à modalidade e às deficiências. A ideia é que eles se apropriem do que está ali exposto. Depois, é importante fazer a retomada do tema por meio de registro ou de outra maneira que achar mais conveniente.
Organizadas as duplas de acordo com os recursos disponibilizados, solicite aos estudantes que sigam para um dos cinco pontos distribuídos pelo espaço, em que há um envelope. Nesse momento, as duplas poderão dar as mãos, tocar-se efetivamente. Deixe-os livres para realizar as suas escolhas.
Explique em que consiste o desafio das estações, que compreende, basicamente, a passagem da dupla por todos os pontos em que há um envelope, de maneira aleatória, respeitando as seguintes regras:
1 - Não é permitido que os participantes se toquem durante a realização da atividade.
2 - Não é permitido que o guia, por meio do tensionamento do barbante, puxe o colega.
3 - Em cada estação, é preciso pegar uma frase dentro do envelope. Quem desempenha essa função, obrigatoriamente, é o sujeito que está vendado.
4 - O desafio deve ser cumprido no menor tempo possível, a partir do sinal de início.
5 - Destaque que não é uma competição entre as duplas, mas um desafio para cada uma, com intenção de cumprir a proposta, respeitar as regras definidas e encontrar a forma mais funcional de deslocar-se.
Antes de dar o comando de início da atividade, proponha aos estudantes que estabeleçam os combinados entre si, a respeito dos deslocamentos e das demais situações a serem vividas.
Inicie a atividade e, durante sua realização, circule pelo espaço, acompanhando a execução das duplas e registrando pontos importantes para retomar posteriormente. Você pode anotar esses aspectos em uma folha, um caderno pessoal, enfim, da maneira que for mais viável para você.
Ao fim, ainda sem retirar a venda e o barbante, depois que todas as duplas passaram pelas respectivas estações, peça-lhes que discutam entre si sobre a realização da vivência e a dinâmica estabelecida na dupla. Peça aos estudantes para conversarem sobre os seguintes pontos:
- Qual foi o sentimento de ficar vendado, ser conduzido pelo colega?
- Qual foi o sentimento de quem está sem a venda ao não poder pegar as frases no envelope e não poder tocar no colega?
- Em quais momentos quem está com venda sentiu-se inseguro ou confiante?
- Quais foram os aspectos de reconhecimento do trabalho em dupla, ou seja, o que deu certo?
- Quais são os aspectos que poderiam melhorar a dinâmica de atuação da dupla?
Corrida
Essa etapa da aula consiste na realização de uma corrida com guia. Aqui, você pode e deve retomar as diferentes provas de atletismo - pista/velocidade - contidas na frase 2, do envelope 2. Tais provas são: Corridas de 100m, 200m, 400m, revezamento 4x400m e revezamento 4x100m.
Solicite aos estudantes que se dirijam a um determinado local e se posicionem lado a lado com o colega que forma a dupla. Esse será o “setor de largada”.
Defina uma “linha de chegada”. Caracterize a ação necessária com base nas características que envolvem os esportes de marca. Neste caso, uma corrida em linha reta, dentro de raias específicas para cada dupla, no menor tempo possível.
Inicialmente os estudantes devem experimentar o deslocamento em baixa velocidade para ajustar a passada e o movimento dos braços, bem como para diminuir a sensação de insegurança dos estudantes vendados. O guia deve ajustar-se à corrida do colega. À medida que fazem os ajustes solicite-lhes que procurem diminuir o tempo entre a largada e a chegada, ou seja, aumentem a velocidade. As regras determinadas para a atividade anterior continuam sendo válidas aqui, especialmente a de não puxar o colega, por meio do tensionamento do barbante.
Peça aos estudantes que se revezem nas funções.
Caso sua turma tenha número ímpar de participantes, organize trios, para que todos estejam incluídos.
Entenda que a experiência vivida por cada um dos estudantes será distinta. Não há, portanto, uma maneira correta ou indicada de realizar as vivências propostas, mas sim elementos fundamentais a serem estimulados, como, por exemplo, necessidade de escuta do colega, alinhamento da comunicação e respeito mútuo, confiança e percepção dos ajustes a serem feitos por ambos na exploração do espaço, execução dos movimentos e realização das tarefas propostas.
Retome sempre com os estudantes a seriedade do contexto da deficiência, pois trata-se de uma condição permanente na vida de determinadas pessoas.
É possível ampliar o desafio das estações para locais externos à quadra ou pátio. É interessante que isso ocorra, inclusive, pois garante mais concentração para a dupla em sua tarefa, além de colocá-las sob outras condições de deslocamento, dadas as interferências do terreno, da estrutura do espaço da escola, dos sons da rua, avenidas, enfim, de tudo o que está próximo.
Você pode ampliar a prática, caso tenha recursos materiais a mais. Por exemplo, em cada uma das estações, além do envelope, você pode deixar um objeto de dimensão, textura e densidade diferentes, para que, além de pegar a frase, a pessoa que está vendada identifique que objeto é aquele.
Momento da reflexao
A reflexão, nesta aula, ocorre em diferentes momentos. A cada etapa vivenciada, oportunize aos estudantes que entrem em contato com aspectos que exigem pensar, sentir, de fato, o que foi vivido, assim como colocar-se no lugar do outro, além de criar alternativas de resolução às demandas e dificuldades apresentadas durante a aula.
A reflexão, de maneira mais simples, pode ser compreendida como a oportunidade de conversar sobre tudo o que foi vivido. Didaticamente, você pode fazer isso em cada uma das etapas de aula ou organizar um momento específico, a seu critério. Sugerimos, aqui, algumas possibilidades de conversa, em cada um dos momentos de aula. É importante considerar que as reflexões devem incluir todos os estudantes.
1 - Conversa inicial: reflexão sobre possíveis identificações das diferentes deficiências existentes: física, auditiva, visual, mental, múltipla (associação de duas ou mais deficiências). Aqui, as perguntas “Quais as principais deficiências que conhecem e percebem no contexto das pessoas da própria casa ou de locais em que vivem, no seu bairro, cidade ou país? Ou seja, quais são as deficiências que observam?” contribuem para que a reflexão ocorra.
2 - Situação-problema - conversa em pares: oportunidade de diálogo sobre questões cotidianas atreladas às deficiências, em que é necessário refletir sobre o dia a dia das pessoas com deficiência, incluindo sua própria rotina também. Ao circular pelas duplas, é importante que escute o que os estudantes estão discutindo e faça contribuições, como, por exemplo:
O que será que uma pessoa com deficiência visual prefere ao atravessar a rua? Ser ajudada ou não? De que maneira prefere que isso ocorra, sendo conduzida pelo braço ou por outra parte do corpo, ou segurando em alguém que vai à frente?
Quais os riscos mais graves de cozinhar sem enxergar? O que fazer para amenizar tais riscos?
Quais adequações na organização da casa de uma pessoa com deficiência visual, que mora sozinha, são necessárias? Sendo necessárias adequações, o que é importantíssimo realizar?
3 - Desafio das estações (dupla guia/cego): reconhecimento de algumas das dificuldades vividas, por meio da deficiência visual total ou física, por causa da impossibilidade de utilizar-se das mãos durante a atividade. Aqui, é importante que você instigue os estudantes para que, previamente, combinem entre si aspectos relativos ao deslocamento pelo espaço e à realização da prova de maneira geral. Ao mesmo tempo, outras reflexões podem ser feitas, como, por exemplo, a respeito do nível de confiança, cumprimento das regras e dificuldades em lidar com o contexto da deficiência. Algumas perguntas podem ser:
- Por quais motivos a dupla conseguiu, ou não, seguir a estratégia adotada para o deslocamento?
- Como foi a experiência de não enxergar?
4 - Corrida em duplas: em relação à percepção do movimento corporal de ambos os sujeitos da dupla, uma importante pergunta pode ser: Quais ajustes são necessários para realizar a prova com segurança e eficácia? ou O que cada um da dupla precisa fazer para que isso ocorra? Instigue os estudantes para que pensem sobre esses aspectos, além de identificar outros elementos, tais como: De que maneira a altura, o tamanho de membros superiores e inferiores, o sincronismo da ação e a velocidade de cada um interferem na realização da prova? ou Como será que são organizadas as duplas de atleta-guia e atleta? ou Que tipo de mudanças ocorrem ao ser deficiente visual total (cego) e correr na rua, por exemplo, mesmo com atleta-guia?
Sistematizacao do conhecimento
Retomada geral
Como sistematização do conhecimento, você pode recorrer, novamente, aos objetivos propostos no início da aula. Individualmente, apresente cada um deles e questione os estudantes a respeito das conclusões sobre cada um, em busca de identificar os aprendizados.
A ideia é organizar, com os estudantes, suas experiências e discussões. Comente que nos esportes paralímpicos existem diferentes níveis de classificação de deficiência e de modalidades de esportes de marca.
Explique-lhes sobre a importância da empatia: que as experiências vividas em aula mostraram as dificuldades das pessoas com deficiência visual em ambiente controlado. Como seria não enxergar o tempo todo e realizar tarefas simples para quem não tem deficiência, como, por exemplo, usar o smartphone? Os aparelhos modernos possuem a função “talkback”, específica para quem tem deficiência visual. É possível propor a exploração desse recurso em outro momento.
Comente também sobre a importância de, sempre diante de um desafio, utilizarmos a nossa capacidade de planejar e colocar em prática estratégias de superação.
Aborde a importância de adequações necessárias no espaço físico da escola para que possa contemplar pessoas com diferentes deficiências da maneira mais acolhedora e acessível. Envolva a conversa sobre esse mesmo tema também em relação ao espaço público, especificamente aqueles destinados para as vivências no tempo/espaço de lazer, tais como praças, parques, teatros.
Para acompanhamento do processo, você pode, ainda, sistematizar um checklist pessoal, tanto para sua organização quanto para a turma. Veja o exemplo:
OBJETIVO | STATUS REALIZADO/NÃO REALIZADO/RETOMAR/ EM PROCESSO |
Reconhecer, de maneira específica, diferentes níveis de classificação da deficiência visual para provas esportivas de atletismo. | Exemplo: REALIZADO |
Identificar, por meio de suas características, distintas provas oficiais de atletismo para pessoas com deficiências. | Exemplo: RETOMAR |
Realizar, corporal e coletivamente, adaptações de provas de atletismo para pessoas com deficiências. | Exemplo: REALIZADO |
Planejar e colocar em prática estratégias de superação de desafios pessoais necessários, durante a realização das atividades propostas. | Exemplo: REALIZADO (ÊNFASE PRINCIPAL) |
Aplicar, em seu contexto de vida e no de outros sujeitos, elementos vividos por meio da prática de provas de atletismo para pessoas com deficiências. | Exemplo: EM PROCESSO |
Propor medidas de valorização da segurança e integridade física de todos, a partir de elementos de risco identificados no próprio contexto da escola. | Exemplo: EM PROCESSO |
Registro e avaliacao
Para avaliar o processo de aprendizagens construído ao longo da aula, sugerimos que apresente o documento a seguir como referência aos estudantes:
1 - Ficha de registro, contendo os seguintes campos:
Nome: Turma: ( ) Manhã ( ) Tarde |
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Não sendo possível realizar essa atividade em aula, oportunize aos estudantes que façam como tarefa de casa, com o combinado de que trarão as questões respondidas para o próximo encontro. Outra possibilidade pode ser envolver um colega professor de outro componente curricular para fazer relações com o tema, explorando essas perguntas na aula dele, por exemplo. Até mesmo, isso pode fazer parte de um projeto escolar ou ter outra intenção que identifique necessária.
Ao fim do preenchimento, é importante dar feedback aos estudantes sobre as suas respostas. Recolha o documento e faça observações acerca de suas respostas. Verifique se alguma colocação é mais recorrente e requer uma discussão com a turma. Pontue no feedback sobre o progresso dos estudantes e aquilo que é necessário para avançar no seu desenvolvimento.
Barreiras
Barreiras
- Restringir a apenas uma forma (visual, verbal, cinestésica) de orientar os estudantes para as discussões e atividades
- Deixar de observar possíveis inseguranças dos estudantes para as práticas
- Exigir que as avaliações sejam utilizadas igualmente por todos os estudantes, independente das suas características.
Sugestões para eliminar ou reduzir as barreiras
- Acolher a dificuldade dos estudantes e, junto a ele, encontrar alternativas de resolução, assim como junto aos demais estudantes da turma.
- Avaliar as condições de guia/deficiente visual total, em busca de encontrar a alternativa mais propícia para que o estudante participe ativamente
- Organizar orientações descritas em diferentes formatos
Desdobramentos
Diante de toda essa complexidade, acreditamos em seu potencial criativo para realizar possíveis desdobramentos desta aula. Para contribuir, apresentamos algumas possibilidades iniciais.
- Realizar outras provas de atletismo para pessoas com deficiência:
- Isso pode ser feito por meio de um trabalho em que os estudantes pesquisem sobre outras deficiências e provas (pista, rua ou campo), trazendo a discussão e a vivência para o contexto de aula. Nesse caso, eles mesmos devem pensar na vivência da modalidade, de maneira adaptada ao contexto escolar.
- Desdobrar o tema para outros esportes de marca, em associação com o meio urbano:
- Ciclismo (estrada, pista, bmx, mountain bike), triatlo, corrida de rua (aspecto do lazer).
- Apresentar outros esportes de marca diferentemente do atletismo, como, por exemplo, vela, natação, remo, canoagem, levantamento de peso (com as adequações necessárias).
- Ampliar a vivência para modalidades esportivas coletivas, como os esportes de invasão, mantendo o contexto da inclusão.
Para o ensino remoto, algumas etapas propostas podem ser realizadas de maneira similar ao formato presencial.
É o caso da conversa inicial e da situação-problema, que podem ser feitas coletivamente ou organizadas em duplas, com tempo de resolução e posterior apresentação.
Em relação à vivência do desafio das estações, caso o estudante esteja acompanhado, em casa, poderá solicitar para que um de seus familiares separe cinco objetos específicos e posicione-os em áreas diferentes da casa, de maneira que o estudante precise localizá-los. A venda pode ser realizada com um pano, tecido, casaco ou outro recurso similar. Caso esteja sozinho, ele mesmo poderá colocar os objetos em locais específicos, retornar a determinado ponto da casa e realizar a busca desses objetos, vendado.
A situação de corrida é melhor que seja realizada em momento oportuno, com segurança, dado o reinício da atividade presencial.
Este plano de atividade foi elaborado pelo time de autores NOVA ESCOLA.
Autor: Thiago Domingues
Mentor: Edison de Jesus Manoel
Especialista da área: Luis Henrique Martins Vasquinho