Plano de Aula
Plano de aula: Brincadeiras e jogos de matriz africana
Por: Thaísa Rocha Reis
Descrição
Este plano se propõe a proporcionar aos estudantes a oportunidade de conhecer e experimentar algumas brincadeiras de matriz africana, identificar as habilidades motoras e capacidades físicas presentes nessas práticas corporais, os materiais, as regras e os espaços nos quais são praticados. Serão também conduzidas discussões sobre a importância de se valorizar a diversidade cultural brasileira e reconhecer a influência da cultura nas brincadeiras e jogos.
Habilidades BNCC:
Objeto de conhecimento
- Brincadeiras e jogos do Brasil e do mundo.
- Brincadeiras e jogos de matriz indígena e africana.
Objetivos de aprendizagem
- Experimentar brincadeiras e jogos de matriz africana.
- Fruir brincadeiras e jogos populares de matriz africana.
- Reconhecer a influência da cultura por meio dos jogos e brincadeiras.
- Conhecer as características das brincadeiras e jogos de matriz africana.
- Discutir a importância do respeito à diversidade cultural brasileira.
- Identificar as capacidades físicas e ações motoras nas práticas vivenciadas.
- Localizar na comunidade e no entorno da escola, espaços para experimentação segura das brincadeiras tematizadas.
- Compreender o significado das brincadeiras de matriz africana para sua cultura de origem.
Competências gerais
1. Conhecimento
2. Pensamento científico, crítico e criativo
3. Repertório cultural
5. Cultura digital
8. Autoconhecimento e autocuidado
9. Empatia e cooperação
10. Responsabilidade e cidadania
Brincadeiras e jogos africanos e afro-brasileiros como estratégia de ensino
As brincadeiras e jogos são práticas corporais importantes na cultura dos povos e comunidades. Sobre isso, o principal documento de referência do país endossa essa visão. De acordo com a Base Nacional Comum Curricular,
são igualmente relevantes os jogos e as brincadeiras presentes na memória dos povos indígenas e das comunidades tradicionais, que trazem consigo formas de conviver, oportunizando o reconhecimento de seus valores e formas de viver em diferentes contextos ambientais e socioculturais brasileiros. (BNCC, 2017, p. 215)
Nesse contexto, organizamos a proposta pedagógica selecionando jogos e brincadeiras africanas e afro-brasileiras que valorizam a diferença e suas características positivas. É imprescindível na organização e no desenvolvimento deste plano que não se negue as dificuldades sociais e econômicas do continente africano e a brutalidade que marcou a chegada dos povos negros ao Brasil, pois é fundamental conhecer sua própria história:
A identidade negra não surge da tomada de consciência de uma diferença de pigmentação ou de uma diferença biológica entre populações negras e brancas e(ou) negras e amarelas. Ela resulta de um longo processo histórico que começa com o descobrimento, no século XV, do continente africano e de seus habitantes pelos navegadores portugueses, descobrimento esse que abriu o caminho às relações mercantilistas com a África, ao tráfico negreiro, à escravidão e, enfim, à colonização do continente africano e de seus povos. (MUNANGA, 2013, p. 37)
De acordo com Souza e Pereira (2013), de modo geral, o conhecimento dos estudantes quanto às relações étnico-raciais é limitado, pois habitualmente apresentam uma visão superficial e, por vezes, distorcida a respeito da África, desconhecendo sua dimensão continental e étnica, além de uma percepção estereotipada e reducionista da temática. Dessa maneira, também é importante que se evidencie a beleza do patrimônio negro, com suas múltiplas identidades e sorrisos coloridos presentes nessas Áfricas, pois assim será possível, verdadeiramente, admirar e valorizar nossa ancestralidade afro-brasileira e corroborar com a educação para as relações étnico-raciais.
Seguem dois materiais com descrição de outras brincadeiras e jogos de matriz africana:
1) A autora Daniela Alfaia da Cunha elaborou um e-book, apresentando riquíssimo material com brincadeiras africanas para a educação cultural. Disponível em:
https://nedi.ufes.br/sites/nedi.ufes.br/files/field/anexo/ebook-brincadeiras-africanas-para-a-educacao-cultural%20%281%29.pdf. Acesso em: 11 dez. 2021.
2) Os pesquisadores Daniela Alfaia da Cunha e Cláudio Lopes de Freitas produziram também uma apostila de jogos infantis e africanos e afro-brasileiros, com mais de 25 brincadeiras tradicionais de diversos países da África. Disponível em:
https://www.geledes.org.br/wp-content/uploads/2015/11/Apostila-Jogos-infantis-africanos-e-afro-brasileiros.pdf. Acesso em: 13 dez. 2021.
Transcrição da narração do vídeo 2
Neste tópico, apresentamos um texto com a transcrição do vídeo 2, cuja finalidade é apoiá-lo para o caso de impossibilidade de sua escola exibir esse material.
Título: “Os africanos - Raízes do Brasil”
Contextualização: O vídeo faz um recorte histórico sobre nossas raízes africanas e seu papel na formação da identidade brasileira.
Transcrição:
Até recentemente, muito pouco era estudado sobre a história da África, normalmente reduzida à Antiguidade e aos egípcios. Porém, o crescimento do interesse e a importância desse continente jogaram luzes sobre a esquecida África Subsaariana. Cercados por florestas, savanas, montanhas, mar e deserto, e convivendo com uma rica fauna, esses africanos viviam em pequenos reinos, muito parecidos com as cidades-estado da Antiguidade. Dominavam técnicas de agricultura, metalurgia e mineração. Cultuavam diversos deuses e a natureza, acreditando num deus maior e criador, que variava de nome entre as tribos. Evitavam guerras, estreitando laços através do casamento. Porém, quando o conflito era inevitável, não visava expansão territorial. Com a exploração europeia da costa da África, os nativos começaram a ser capturados e enviados como escravos para a Europa. A rota do tráfico negreiro mudou a partir da colonização do Novo Mundo e o comércio de seres humanos atingiu grandes proporções pela necessidade de mão de obra nas novas terras. Os portugueses dividiram os africanos em três grandes grupos: os sudaneses, os guineanos-sudaneses muçulmanos e os bantus, todos representando uma determinada região do continente e tendo destinos diferentes. O Brasil recebeu cerca de 40% de todos os escravos africanos trazidos para a América, já que demandava mão de obra para trabalhar em suas culturas de cana-de-açúcar no Nordeste, no ciclo de ouro em Minas Gerais, e nas lavouras de café do Rio de Janeiro no século XIX. O transporte desses povos, amontoados nos porões dos navios negreiros, era feito em condições desumanas, e muitos acabavam morrendo na travessia marítima, tendo seus corpos jogados ao mar. Já desembarcados, os escravos eram vendidos e conduzidos aos seus destinos nas fazendas, onde eram obrigados a trabalhar de sol a sol, com roupas e alimentação de péssima qualidade. Dormiam em habitações escuras e úmidas, as senzalas, e muitas vezes eram acorrentados para evitar fugas. Os castigos físicos eram comuns, e o mais usado era o açoite. Com o comércio constante de escravos, não havia preocupação em manter seu bem-estar, já que podiam ser facilmente substituídos por novos africanos, fazendo sua expectativa de vida no Brasil ser muito baixa. Eram proibidos de praticar sua religião e obrigados a adotar o catolicismo e a língua portuguesa. Mantiveram sua cultura viva realizando seus rituais africanos escondidos, criando até um tipo de luta: a capoeira. A maior parte dos africanos traficados para o Brasil eram homens, por serem mais valorizados nos trabalhos forçados. As mulheres que não eram aproveitadas nas lavouras viravam escravas domésticas, as chamadas mucamas.
Disponível em: https://nova-escola-producao.s3.amazonaws.com/n8Q9dWsZpjKX4xqjv32gzAutGECbc8uXFYkAgmEfFkZ9BCngMyCB9ktykjte/geo4-06und05-contextualizacao-texto-alternativo.pdf. Acesso em: 12 dez. 2021.
História egípcia e a articulação com a história africana
Considerando que uma das atividades propostas tem sua origem no Egito, sugerimos o vídeo a seguir para aprofundar conhecimentos quanto à articulação deste país com a história africana, uma vez que costumeiramente observa-se confusão e desconhecimento dos estudantes.
Vídeo 1:
A importância do multiculturalismo
O texto introdutório da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) salienta a relevância da discussão acerca da formação multicultural brasileira e da valorização da diversidade de saberes e vivências dos diferentes povos. Portanto, é imprescindível utilizar esse tema para incentivar o conhecimento, a compreensão e o respeito às diferenças humanas por meio de hábitos, costumes, tradições, crenças, saberes e sentidos. Ao ter acesso ao processo de construção da sua diversidade cultural em seu local de vivência, o estudante melhor compreenderá a heterogeneidade humana, contribuindo para a adoção de uma postura não preconceituosa e não discriminatória diante das manifestações e expressões culturais.
Bibliografia
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2017. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/. Acesso em: 30 nov. 2021.
CUNHA, D. A. Brincadeiras africanas para a educação cultural. Castanhal/PA: Débora Alfaia da Cunha. 2016. Disponível em: https://nedi.ufes.br/sites/nedi.ufes.br/files/field/anexo/ebook-brincadeiras-africanas-para-a-educacao-cultural%20%281%29.pdf. Acesso em: 12 dez. 2021.
MUNANGA, K. Algumas considerações sobre a diversidade e a identidade negra no Brasil. In: RAMOS, M. N. Diversidade na educação: reflexões e experiências. Brasília: Secretaria de Educação Média e Tecnológica, 2003.
PERRENOUD, P. Avaliação: da excelência à regularização das aprendizagens: entre duas lógicas. Porto Alegre: Artmed, 1998.
RIBEIRO, D. Pequeno manual antirracista. São Paulo: Companhia das Letras, 2019.
SOUZA, F. da S.; PEREIRA, L. M. da S. Implementação da Lei 10.639/2003: mapeando embates e percalços. Educar em Revista, Curitiba, Brasil, n. 47, p. 51-65, jan./mar. 2013.
Sugestão de leitura de aprofundamento
RIBEIRO, D. O povo brasileiro: a formação e o sentido do Brasil. São Paulo: Cia. das Letras, 1995.
VERGER, P. Influência África-Brasil e Brasil–África. In: ______. África Brasil. São Paulo: Pinacoteca do Estado, 1992.
ZATZ, L. Jogo duro: uma istória de negros que passou em branco. Belo Horizonte: Dimensão, 1988.
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