PARA O TÉCNICO PEDAGÓGICO | ACOMPANHAMENTO DA SECRETARIA
Uma cidade em meio à caatinga do sul do Ceará chama a atenção pelas conquistas relacionadas à Educação. Localizada a 521 quilômetros de Fortaleza, Brejo Santo tem algumas de suas 37 escolas figurando entre as de maior ideb dos anos finais do Ensino Fundamental. E não são casos isolados. A rede municipal vem alcançando crescimento expressivo no desenvolvimento dos alunos. De 2013 para 2015, o índice do 9º ano passou de 5,6 para 6,7, bem acima da meta estipulada de 3,9. Nos anos iniciais, ela conquistou a quarta maior nota do país, com 8,1 de ideb municipal em 2015.
Nada mal para uma região de alta vulnerabilidade. Em Brejo Santo, a taxa de analfabetos com mais de 18 anos é de 24,35% segundo o Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil, bem acima da média nacional, que é de 10,19%, e da cearense, de 20,14%. Além disso, 46,12% da população vivem em situação de pobreza ou extrema pobreza. As principais fontes de renda são a agricultura, o comércio e o trabalho nas obras de transposição do Rio São Francisco.
Um dos segredos para a Educação local quebrar com o paradigma do fracasso em contextos adversos é a atuação da Secretaria Municipal no chão da escola. A equipe pedagógica faz visitas regulares às unidades de ensino para conversar com gestores e professores escolares, acompanhar o planejamento de cada um e fazer a observação das aulas, a fim de intensificar a formação. “Quando a equipe da Secretaria de Educação está perto do docente, ele se sente seguro e motivado para melhorar sempre. Juntos, formamos uma rede de estudo e troca de experiências com foco na aprendizagem de todos – estudantes e educadores”, afirma Francisco Jucelio dos Santos, coordenador pedagógico da Secretaria de Educação.
LADO A LADO COM O PROFESSOR
• Para planejar as formações, é preciso conhecer a realidade das escolas. Em Brejo Santo, os formadores de cada área dos anos finais e do anos iniciais da secretaria vão às 37 unidades da rede a cada dois meses para fazer as observações de sala. São 15 escolas que atendem do 6º ao 9º ano e cinco formadores para essa etapa. Já nos anos iniciais, há um para cada ano e três para a Educação Infantil.
• A equipe que faz as visitas é a mesma que ministra as formações, assim fica mais fácil saber o que observar em sala, planejar os estudos coletivos e acompanhar os avanços conquistados. Cada técnico assiste de duas a três aulas (em parte ou integralmente) em um dos turnos.
• Para compreender melhor as dificuldades docentes e os pontos que podem ser aprimorados, o formador segue três passos:
1. Analisar o plano de aula. “Todos os professores fazem planejamentos semanais. Ao ver esse material, o técnico da secretaria observa o que há de interessante e, se for o caso, sugere estratégias que poderiam ser incorporadas”, conta Jucelio.
2. Acompanhar a atuação em sala. As observações seguem um roteiro, que inclui uma parte de autoavaliação para ser preenchida pelos alunos e outra pelo próprio professor. Assim, o diretor entende os desafios enfrentados por esses dois grupos.
3. Realizar uma devolutiva com o professor. O técnico pedagógico faz uma conversa de 20 minutos depois da aula para abordar os pontos fortes e as fragilidades do que viu. Esse retorno é essencial para que a visita não seja vista como fiscalização. Quando é algo que pode ser aperfeiçoado pelo professor durante a aula, a sugestão é feita na hora.
ENVOLVENDO A GESTÃO ESCOLAR
• Para que possam acompanhar a evolução do trabalho docente em sala, a equipe da rede compartilha com os gestores escolares tudo o que foi observado e combinado, e cada um fica com uma cópia dos registros feitos.
• Caso seja identificado em sala de aula algo que não dependa somente do professor para ser solucionado, o membro da equipe da secretaria e os gestores estudam juntos o que pode ser feito.
• Quando acabam as visitas às escolas, a Secretaria Municipal de Educação reúne os gestores para discutir as dificuldades encontradas e propor as intervenções necessárias. Com um roteiro próprio, os coordenadores escolares seguem com as observações de aula.
TROCA DE EXPERIÊNCIAS
• Os formadores entregam a Jucelio as anotações feitas durante a visita, com os avanços e dificuldades observados. Os problemas mais recorrentes são tema de formações realizadas na secretaria bimestralmente com os professores.>
• A segmentação é importante para tratar as especificidades didáticas e de conhecimento, então as reuniões ocorrem por área. Tanto em Ciências da Natureza e Matemática quanto em Linguagens e Códigos, há separação em dois grupos: um com 6º e 7º anos e outro com 8º e 9º.>
• Os gestores escolares têm formações próprias, após os encontros com os docentes. Nelas, são discutidas as dificuldades diagnosticadas – sobretudo as de gestão – e intervenções são propostas.>
• Em cada encontro de Brejo Santo, há um momento de socialização dos projetos de sucesso e das angústias entre as escolas. Assim, boas práticas são disseminadas na rede. Essa troca constante exige confiança. Então, nada do que é conversado em privado é exposto publicamente nas formações.>
Saiba mais
• Materiais do programa Gestão da Aprendizagem Escolar (Gestar), do Ministério da Educação (MEC).