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PARA O TÉCNICO PEDAGÓGICO | ACOMPANHAMENTO DA SECRETARIA

Trabalho em rede

Em Brejo Santo, as informações colhidas em visitas periódicas às escolas ditam os temas das formações dos educadores

Alunos da rede municipal de Brejo Santo (CE). Foto: Tiago Henrique
Escola
Secretaria Municipal de Educação
Brejo Santo (CE)
Ideb da escola
6,7 é o ideb da rede nos anos finais (2015)
Francisco Jucelio dos Santos, Coordenador pedagógico da Secretaria Municipal de Educação
Francisco Jucelio dos Santos, Coordenador pedagógico da Secretaria Municipal de Educação

Uma cidade em meio à caatinga do sul do Ceará chama a atenção pelas conquistas relacionadas à Educação. Localizada a 521 quilômetros de Fortaleza, Brejo Santo tem algumas de suas 37 escolas figurando entre as de maior ideb dos anos finais do Ensino Fundamental. E não são casos isolados. A rede municipal vem alcançando crescimento expressivo no desenvolvimento dos alunos. De 2013 para 2015, o índice do 9º ano passou de 5,6 para 6,7, bem acima da meta estipulada de 3,9. Nos anos iniciais, ela conquistou a quarta maior nota do país, com 8,1 de ideb municipal em 2015.

Nada mal para uma região de alta vulnerabilidade. Em Brejo Santo, a taxa de analfabetos com mais de 18 anos é de 24,35% segundo o Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil, bem acima da média nacional, que é de 10,19%, e da cearense, de 20,14%. Além disso, 46,12% da população vivem em situação de pobreza ou extrema pobreza. As principais fontes de renda são a agricultura, o comércio e o trabalho nas obras de transposição do Rio São Francisco.

Um dos segredos para a Educação local quebrar com o paradigma do fracasso em contextos adversos é a atuação da Secretaria Municipal no chão da escola. A equipe pedagógica faz visitas regulares às unidades de ensino para conversar com gestores e professores escolares, acompanhar o planejamento de cada um e fazer a observação das aulas, a fim de intensificar a formação. “Quando a equipe da Secretaria de Educação está perto do docente, ele se sente seguro e motivado para melhorar sempre. Juntos, formamos uma rede de estudo e troca de experiências com foco na aprendizagem de todos – estudantes e educadores”, afirma Francisco Jucelio dos Santos, coordenador pedagógico da Secretaria de Educação.

LADO A LADO COM O PROFESSOR

• Para planejar as formações, é preciso conhecer a realidade das escolas. Em Brejo Santo, os formadores de cada área dos anos finais e do anos iniciais da secretaria vão às 37 unidades da rede a cada dois meses para fazer as observações de sala. São 15 escolas que atendem do 6º ao 9º ano e cinco formadores para essa etapa. Já nos anos iniciais, há um para cada ano e três para a Educação Infantil.

• A equipe que faz as visitas é a mesma que ministra as formações, assim fica mais fácil saber o que observar em sala, planejar os estudos coletivos e acompanhar os avanços conquistados. Cada técnico assiste de duas a três aulas (em parte ou integralmente) em um dos turnos.

“Visita

• Para compreender melhor as dificuldades docentes e os pontos que podem ser aprimorados, o formador segue três passos:

1. Analisar o plano de aula. “Todos os professores fazem planejamentos semanais. Ao ver esse material, o técnico da secretaria observa o que há de interessante e, se for o caso, sugere estratégias que poderiam ser incorporadas”, conta Jucelio.

2. Acompanhar a atuação em sala. As observações seguem um roteiro, que inclui uma parte de autoavaliação para ser preenchida pelos alunos e outra pelo próprio professor. Assim, o diretor entende os desafios enfrentados por esses dois grupos.

3. Realizar uma devolutiva com o professor. O técnico pedagógico faz uma conversa de 20 minutos depois da aula para abordar os pontos fortes e as fragilidades do que viu. Esse retorno é essencial para que a visita não seja vista como fiscalização. Quando é algo que pode ser aperfeiçoado pelo professor durante a aula, a sugestão é feita na hora.

“Trabalho
“Em uma aula de interpretação textual, notei que sempre os mesmos alunos participavam, enquanto os com mais dificuldade ficavam à margem. Então, propus que a sala ficasse organizada em grupos para que todos tivessem a chance de falar.”

ENVOLVENDO A GESTÃO ESCOLAR

• Para que possam acompanhar a evolução do trabalho docente em sala, a equipe da rede compartilha com os gestores escolares tudo o que foi observado e combinado, e cada um fica com uma cópia dos registros feitos.

• Caso seja identificado em sala de aula algo que não dependa somente do professor para ser solucionado, o membro da equipe da secretaria e os gestores estudam juntos o que pode ser feito.

“Conversa
“Se temos um docente dando aulas para um ano em que se sinta inseguro,podemos entender que seja melhor remanejá-lo para um ano em que ele fique mais à vontade.”

• Quando acabam as visitas às escolas, a Secretaria Municipal de Educação reúne os gestores para discutir as dificuldades encontradas e propor as intervenções necessárias. Com um roteiro próprio, os coordenadores escolares seguem com as observações de aula.

TROCA DE EXPERIÊNCIAS

• Os formadores entregam a Jucelio as anotações feitas durante a visita, com os avanços e dificuldades observados. Os problemas mais recorrentes são tema de formações realizadas na secretaria bimestralmente com os professores.

• A segmentação é importante para tratar as especificidades didáticas e de conhecimento, então as reuniões ocorrem por área. Tanto em Ciências da Natureza e Matemática quanto em Linguagens e Códigos, há separação em dois grupos: um com 6º e 7º anos e outro com 8º e 9º.

• Os gestores escolares têm formações próprias, após os encontros com os docentes. Nelas, são discutidas as dificuldades diagnosticadas – sobretudo as de gestão – e intervenções são propostas.

• Em cada encontro de Brejo Santo, há um momento de socialização dos projetos de sucesso e das angústias entre as escolas. Assim, boas práticas são disseminadas na rede. Essa troca constante exige confiança. Então, nada do que é conversado em privado é exposto publicamente nas formações.

“Troca

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Conteúdo EXTRA

Conteúdo EXTRAModelo de roteiro usado por Jucelio

Saiba mais

• Materiais do programa Gestão da Aprendizagem Escolar (Gestar), do Ministério da Educação (MEC).

• Leitura Literária na Escola: Reflexões e Propostas na Perspectiva do Letramento, de Renata Junqueira de Sousa, Berta Lúcia Tagliari Feba (organizadoras).

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