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Apresentado por Fundação Lemann

Para o diretor | Observação de sala de aula

Diretor: parceiro na aula

Com a prática de observação das aulas, um gestor de Pedra Branca auxilia os professores e a coordenação pedagógica

Alunos da EEF Miguel Antonio de Lemos, Pedra Branca (CE). Foto: Gabriela Portilho
Escola
EEF Miguel Antonio de Lemos
Pedra Branca (CE)
Ideb da escola
5,1 é o ideb da escola nos anos finais (2015)
Amaral Barbosa, diretor escolar
Amaral Barbosa, diretor escolar

Ao ver o cenário do entorno da EEF Miguel Antonio de Lemos, com ruas de terra batida, crianças e adolescentes chegando para estudar no pau de arara e a paisagem árida típica do sertão cearense, não dá para imaginar o tamanho dos resultados que ela consegue alcançar. “Nosso ideb dos anos iniciais do Ensino Fundamental vem crescendo a cada avaliação e foi de 8,9 em 2013 para 9,5 em 2015”, diz o diretor Amaral Barbosa. Ele conta que houve uma queda no índice dos anos finais, que passou de 6,2 para 5,1 no mesmo período, por causa da ausência de um dos alunos, que estava de mudança de cidade. Ainda assim, o índice está acima da média nacional de 4,5.

Os números derrubam a ideia de que as condições socioeconômicas e a Educação dos pais determinam a aprendizagem dos filhos. A escola de cerca de 130 alunos fica na zona rural de Pedra Branca, a 18 quilômetros do centro da cidade – que, por sua vez, está a 260 quilômetros de Fortaleza. Os moradores vivem da agricultura de subsistência e mais de um terço das pessoas com idade acima de 18 anos são analfabetas no município, de acordo com o Atlas do Desenvolvimento Humano Brasil.

O gestor atribui as conquistas a uma equipe comprometida – composta em sua maioria por ex-alunos na escola –, ao envolvimento da comunidade nas questões escolares e ao acompanhamento pedagógico, que inclui a observação que ele faz pessoalmente das salas de aula. “Não adianta termos uma infraestrutura boa se a aula não tem excelência”, afirma Amaral. Segundo o gestor, as observações de sala de aula têm melhorado as práticas pedagógicas não somente pelas sugestões que ele faz aos professores, mas porque isso os incentiva a ter uma cultura de pesquisa e planejamento constantes de formas mais eficientes e interessantes de ensinar.

SERÁ QUE QUEREM ME FISCALIZAR?

• É comum alguns professores se sentirem inseguros em ter as aulas assistidas pela direção. Na escola de Amaral, a ideia surgiu em uma reunião com os docentes. Mesmo assim, antes de iniciar a prática, ele conversou com cada um para tranquilizar e esclarecer que a ideia não era criticá-los, mas contribuir para a aprendizagem dos alunos.

• É fundamental compartilhar com os docentes tudo o que será observado. Isso diminui as desconfianças, além de apontar o que é relevante na hora de ensinar. Nada é imposto, mas acordado entre todos.

“Compartilhar

• A prática sistemática da observação faz com que os professores assumam uma postura crítica e investigativa sobre o próprio trabalho. Todo mês, Amaral dedica um tempo da rotina para passar nas salas, sem dizer aos docentes quando vai ser. São 14 professores e dez turmas. Em média, ele consegue ir em quatro salas em um dia.

Em escolas maiores, o tempo de visita pode ser ampliado para contemplar a todos.

MAIS UM NA TURMA

• Em classe, o diretor senta-se em uma carteira ao fundo. Caso haja uma dinâmica em grupos, ele entra em um deles para participar. Com a rotina de observações, os alunos já não estranham Amaral, e essa proximidade ajuda a identificar a receptividade deles à proposta.

“Diretor
“Caso um professor esteja debatendo um assunto que envolve oralidade, observo: o estudante está fazendo um discurso crítico? Ou ele é apenas passivo em relação ao que lhe é colocado?"

• Amaral tem um roteiro de observação que o ajuda a levantar indicadores claros sobre o que pode ser aprimorado. Alguns itens essenciais são: objetivos da aula, relação dos alunos com o professor, ambiente em sala, valorização do saber da garotada e avaliações.

Algumas questões preparadas por Amaral são:

O planejamento contempla a heterogeneidade da turma, promovendo avanços para os que têm mais dificuldades e desafios aos que atingiram as expectativas?

O professor estabelece diálogo, lança questões e incentiva os alunos a se manifestarem, dando oportunidades de fala para todos?

Há clareza ao apresentar as atividades aos alunos? O professor explica os objetivos e orienta como poderão realizá-los da melhor forma?

Verificando-se os cadernos dos alunos, há coerência entre planejamento, orientações e atividades de sala de aula?

O professor demonstra motivação e entusiasmo quando explica um determinado conteúdo?

A avaliação possibilita ao aluno compreender suas dificuldades e necessidades?

HORA DA DEVOLUTIVA

• Amaral reserva 20 minutos logo depois da aula para conversar com o professor sobre suas observações. Essa etapa é fundamental para dar sentido à prática. Sem um retorno claro e objetivo, os professores se sentem vigiados e as oportunidades de melhora nas estratégias didáticas não se materializam.

• Na devolutiva, ele começa destacando os pontos positivos do que foi feito pelo docente. Em seguida, coloca os problemas já sugerindo soluções.

“Conversa
“Um professor de Língua Portuguesa não havia explicitado para a turma o objetivo da aula de aprimorar a compreensão textual. Ressaltei que, assim como eu deveria ser claro sobre como ele poderia melhorar sua prática, é essencial os alunos entenderem o que é esperado deles.”

OUVIR TAMBÉM É IMPORTANTE

• Amaral criou um canal de comunicação para que ele também seja avaliado pela equipe. Um momento é reservado para isso durante as reuniões bimestrais de análise das propostas desenvolvidas. “Estabelecemos, assim, um elo de confiança”, finaliza o diretor.

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Conteúdo EXTRA

Conteúdo EXTRARoteiro completo das observações do diretor Amaral

Saiba mais

• Pedagogia da Autonomia, de Paulo Freire.

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