Para começar
Sobre os planos de Educação Financeira
A Educação Financeira integra a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) como um dos temas transversais que deve ser explorado e trabalhado concomitante aos demais componentes curriculares. De acordo com a Base, a Educação Financeira não deve se restringir ao ensino cru de Matemática. “Essa unidade temática favorece um estudo interdisciplinar envolvendo as dimensões culturais, sociais, políticas e psicológicas, além da econômica, sobre as questões do consumo, trabalho e dinheiro”. Pretende-se, com os planos de Educação Financeira, fazer os estudantes refletirem sobre ações individuais e coletivas que podem impactar sua vida e a da sociedade.
As orientações deste plano não devem ser apresentadas aos estudantes, pois elas detalham as ações e trazem mais subsídios para que você, professor, se organize melhor para a realização da aula.
Os planos de Educação Financeira têm o objetivo de promover um trabalho inter e transdisciplinar, já que as habilidades destacadas para cada componente curricular se correlacionam com o tema transversal.
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2018a.
Ação prévia
Sugere-se que antes desta aula a turma já tenha trabalhado com a habilidade EF02GE07 da BNCC, que envolve a descrição das atividades extrativas (minerais, agropecuárias e industriais) e está contemplada neste plano. Caso ela ainda não tenha sido trabalhada em seu plano de aulas, antes do trabalho em grupo, no momento da separação dos produtos, explique aos estudantes sobre essa diferenciação.
Você pode utilizar alguns dos materiais sugeridos a seguir e que se encontram no item “Para se aprofundar” e embasar seu trabalho.
Para se aprofundar
Aficionado por História EP3 - Escambo no Brasil. YouTube, 15 jan. 2021. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=fOtMa64u6KI
- Para conhecer exemplos de feira de trocas pelo Brasil afora, organizados por diferentes pessoas, acesse:
https://feiradetrocas.com.br/
- Para obter ideias e informações sobre como organizar uma feira de trocas em sua escola ou cidade, acesse: https://feiradetrocas.com.br/como-organizar/
- Para saber mais sobre sites e eventos de troca de produtos e serviços e embasar a sua fala, acesse:
https://vejasp.abril.com.br/consumo/escambo-troca-sites-grupos-eventos/
https://www.permuto.com.br/
Orientações iniciais para o professor
Tempo sugerido:
50 minutos de aula.
Para o desenvolvimento deste plano de aula, indicamos o uso dos seguintes materiais:
- Atividade impressa e o texto com informações para a pesquisa (de acordo com cada grupo).
- Caneta hidrográfica, tesoura de ponta arredondada, papel kraft ou cartolina, fita crepe ou cola.
- Folhas de papel A4 (uma para cada aluno).
- Mapa-múndi.
Contexto
Tempo sugerido:
10 minutos.
Orientações
Proponha uma conversa com a turma para que os estudantes expressem suas opiniões a respeito do uso do dinheiro e levantem hipóteses sobre as formas de sobrevivência antes de sua criação.
O que propor?
Faça as seguintes perguntas:
- Para que as pessoas usam o dinheiro?
- Como as pessoas compravam as coisas antigamente quando não existia o dinheiro?
- Como você faria para obter algum produto se não existisse o dinheiro?
A partir das respostas, busque sintetizar um comentário sobre as hipóteses levantadas pelos estudantes. Diga-lhes que quando não existia dinheiro as pessoas faziam trocas de mercadorias.
Depois, apresente a imagem 1 dos portugueses oferecendo mercadorias aos indígenas e pergunte: O que os portugueses estão oferecendo aos indígenas? Por que eles estavam oferecendo esses objetos? Pela própria ilustração eles poderão exemplificar (espelhos, facões, perfumes, entre outros utensílios).
Ouça o que os estudantes trazem de conhecimentos sobre o assunto e conduza a discussão para que percebam que os portugueses ofereciam produtos em troca de serviços, inicialmente a extração e o transporte da madeira nobre chamada pau-brasil. Explique-lhes que os povos nativos que viviam em áreas litorâneas brasileiras desconheciam a existência das moedas. Então, quando os portugueses chegaram ao Brasil, as relações foram baseadas em troca direta de mercadorias. Não aprofunde esse assunto nesse momento, pois ele será retomado ao final da aula. A partir dessa discussão inicial, diga-lhes que os povos que viveram antes da existência do dinheiro também faziam troca de mercadorias e essa prática ficou conhecida como escambo. Comente que nesta aula irão pesquisar sobre o assunto e depois simular o escambo entre povos de diferentes lugares do mundo, vivenciando a prática de troca de mercadorias.
Sugestões de adequação
Substitua a imagem e aproveite a que tiver disponível, desde que ela traga a ideia do escambo realizado entre os portugueses e os indígenas. Se preferir, não apresente a imagem, use a descrição oral do conteúdo que ela retrata, isto é, fale sobre a oferta de mercadorias dos portugueses aos indígenas. Nesse caso, cuide para não dar a resposta aos estudantes.
Problematização
Tempo sugerido:
20 minutos (10 minutos para cada um dos dois momentos).
Orientações
Organize os estudantes em quatro grupos e explique que cada grupo irá representar uma civilização (egípcios, indianos, mesopotâmicos e chineses). Diga-lhes que receberão uma atividade impressa de acordo com a civilização que irão representar (Atividade Grupo 1, Atividade Grupo 2, Atividade Grupo 3, Atividade Grupo 4) e junto com ela, receberão um texto com informações sobre algumas atividades extrativas dessa civilização, bem como os produtos que utilizavam como moeda de troca, antes da existência do dinheiro (Texto Grupo 1, Texto Grupo 2, Texto Grupo 3, Texto Grupo 4 ). Entregue a cada grupo a atividade e oriente-os que no primeiro momento devem observar as imagens e ler as informações que receberam, conversar sobre elas e discutir as questões. Depois, em um segundo momento eles devem se organizar para simular a troca de seus produtos com outros grupos, assim como as civilizações faziam antigamente.
O que propor?
Com os grupos formados, os estudantes devem ler as informações sobre as atividades da civilização que irão representar e discutir sobre os seus produtos pensando nas seguintes questões:
- Quais produtos eram comercializados?
- Qual a origem desses produtos?
- Para que eram utilizados?
Enquanto os grupos conversam, caminhe entre eles, observe o que conversam, certifique-se de que identificam os produtos, reconhecem sua origem e utilidade. É importante que eles consigam explorar os produtos que serão trocados, descobrindo a sua importância para a civilização, as dificuldades na sua produção ou extração, para que possam valorizá-los na hora de simular o escambo. Faça a leitura para eles se for preciso e esclareça as dúvidas. Ajude-os a localizar no mapa-múndi onde viviam o povo em questão. Diga-lhes que, depois de explorarem os produtos do grupo, eles devem recortar as imagens para representar a troca na hora da negociação com os outros grupos.
Em um segundo momento, explique-lhes que devem separar os integrantes do grupo em duas partes, enquanto uma parte do grupo permanece nas carteiras para esperar os comerciantes dos outros grupos, outra sai em busca de negociação de novos produtos. Oriente que na hora da negociação eles devem apresentar os produtos que o grupo tem para trocar e ouvir a apresentação do outro grupo, então decidir se querem ou não fazer o escambo. Em caso negativo, eles devem se dirigir a outro grupo. Explique-lhes que quando decidirem a troca, devem entregar a imagem do produto ao outro grupo e pegar a imagem do produto deles, simulando a negociação das mercadorias. Ao final do tempo estabelecido para a troca, os estudantes devem retornar aos seus grupos de origem e socializar entre si os novos produtos adquiridos.
Sugestões de adequação
Circule entre os grupos e observe se conseguiram ler as informações sobre as atividades extrativas, agropecuárias ou industriais e seus produtos. Se os estudantes nunca tiveram contato com esses conceitos, esclareça-lhes brevemente o que esses nomes representam, explicando de onde vem (animal, vegetal ou mineral), se são extraídos, cultivados ou industrializados. Quando necessário, faça a leitura para os estudantes e esclareça as dúvidas que eles possam ter sobre determinados produtos.
Sistematização
Tempo sugerido:
10 minutos.
Orientações
Utilizando o papel kraft ou uma cartolina, prepare um mural com três colunas separando as atividades extrativas: minerais, agropecuárias (agricultura ou criação de animais) e industriais para que na hora da apresentação os grupos possam fixar a imagem dos produtos nas colunas correspondentes. Oriente os grupos para que se organizem e elejam um relator. Enquanto o relator apresenta para a turma, os outros integrantes do grupo colam as imagens no mural.
O que propor?
Proponha aos grupos que socializem as trocas realizadas. Faça as seguintes perguntas a cada grupo que for apresentar:
1- Qual o produto que o grupo tinha para troca? Quais as origens desses produtos?
2- Com quais produtos fizeram a troca?
3- Teve algum produto que o grupo queria e não conseguiu trocar?
4- Vocês consideraram a troca justa? Justifiquem.
O grupo deve fixar os produtos trocados nas colunas correspondentes às atividades extrativas, minerais, agropecuárias ou industriais. Nesse momento, pode-se observar se os estudantes diferenciam as atividades extrativas, uma vez que eles devem identificar a origem dos produtos que foram trocados e que agora são do seu grupo. Para isso, eles precisam ter prestado atenção durante a apresentação dos colegas, quando explicaram sobre as atividades extrativas da civilização que representaram. Espera-se, também, que os estudantes tenham percebido pela fala de seus colegas e pela própria experiência vivenciada que os valores atribuídos a um determinado produto pela civilização que o cultivava ou produzia não era o mesmo para quem estava adquirindo. Possivelmente, eles dirão que um determinado produto vale mais do que outro. Por exemplo: ao trocar um tempero por carne de boi ou um tecido por um chá etc. Assim, os estudantes podem concluir que o fato de não haver valores estabelecidos faz com que a troca seja injusta, além de que a aquisição de um produto pode ser dificultada se a outra pessoa não precisa ou não quer trocar o seu produto pelo do outro. Explique-lhes que desse modo surgiu a necessidade de se pensar em um sistema mais eficiente para as negociações, e foi assim que as moedas foram criadas para serem usadas como unidade monetária. É importante que eles percebam que na prática do escambo os povos guardavam a quantidade necessária para o consumo próprio e trocavam o que sobrava por outros produtos que eles não tinham e eram oriundos de diferentes atividades extrativas. Assim esses povos garantiam a sobrevivência.
Depois, traga de volta a situação dos indígenas apresentada no início da aula e provoque o grupo questionando: Vocês consideram que a troca de mercadorias entre os portugueses e os indígenas foi justa?
Espera-se que eles tenham percebido que os produtos que os indígenas recebiam em troca de seus serviços eram mercadorias de pouco valor. Explique-lhes que os europeus sabiam que a madeira que existia no Brasil valia muito na Europa. Então ofereciam mercadorias que os indígenas não tinham e não conheciam, e em troca eles trabalhavam extraindo e carregando a madeira nobre, de muito valor. Assim, os europeus ganhavam muito fazendo escambo com os índios, que, atraídos pela troca de mercadorias, acabaram sendo explorados.
Finalize esse momento perguntando ao grupo:
- Hoje em dia ainda existem pessoas que fazem troca de mercadorias sem usar o dinheiro?
- Vocês conhecem algumas pessoas que fazem esse tipo de troca de serviços e/ou produtos no seu bairro, família ou outro lugar?
Pode ser que eles tragam informações de trocas entre vizinhos, parentes, amigos, além de outras práticas que podem estar presentes no seu dia a dia ou que eles ouvem das conversas de sua família. Pergunte-lhes se consideram essas relações de troca uma boa prática e no que isso pode ajudar na questão financeira da família. Ouça-os e depois apresente informações sobre os sites, aplicativos e comunidades que organizam troca de produtos e permuta de serviços, ao invés de fazer uso do dinheiro em 100% das situações. Diga-lhes da importância dessa prática para a economia do dinheiro e reaproveitamento de roupas, calçados, brinquedos, móveis, entre tantas outras coisas.
Sugestões de adequação
Aproveite imagens que tenha disponível e que retratem as mercadorias usadas no escambo entre as diferentes civilizações. Escreva as perguntas no quadro. Nesse caso, faça adaptações nos textos, adequando as informações às novas imagens. Apoie os estudantes na hora de identificar a escrita no mural das atividades extrativas, isto é, a coluna mineral, agropecuária ou industrial, ajudando-os na fixação das imagens dos produtos apresentados. Substitua o mural de papel e faça o registro no quadro dos produtos que estiverem sendo apresentados pelos grupos. Eles podem falar sobre qual atividade extrativa corresponde, enquanto você registra na coluna correspondente.
O que aprendemos?
Tempo sugerido:
10 minutos.
Orientações
Utilize folhas de papel A4 ou peça a cada estudante que use o seu próprio caderno para registrar a aprendizagem.
Escreva no quadro as atividades extrativas: mineral, agropecuária e industrial, para apoiar os estudantes na hora do registro para diferenciar os produtos de troca.
O que propor?
Proponha aos estudantes que registrem, por meio de desenho ou palavras, a troca de produtos de diferentes atividades extrativas e identifiquem a origem do produto. Peça-lhes também que anotem o que aprenderam sobre as relações de troca de mercadorias entre as pessoas antes da invenção do dinheiro. Pergunte: O que chamou mais atenção no que seu grupo aprendeu? O que você aprendeu por meio das discussões na hora da troca com outros grupos?
Sugestões de adequação
Avalie oralmente e coletivamente, se preferir. Nesse caso, peça aos estudantes para nomearem por origem os produtos utilizados pelos diferentes povos como moeda de troca antes da invenção do dinheiro. Promova uma conversa sobre o que aprenderam das relações de troca de mercadorias e serviços entre as civilizações sem o uso do dinheiro.