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Plano de aula: Lutas do Brasil: ampliando saberes

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Descrição

Os estudantes devem identificar as características das lutas do Brasil, como: códigos, rituais, elementos técnico-táticos, indumentária, materiais e/ou equipamentos e instalações, buscando dialogar sobre situações de preconceito e estereotipagem presentes nas lutas, além de compreender que as lutas são praticadas de modos diferentes, de acordo com sua origem e o ambiente social no qual se manifestam.

Habilidades BNCC:

Objeto de conhecimento

Lutas do Brasil.

Objetivos de aprendizagem

  • Experimentar e distinguir lutas do Brasil, no que se refere aos seus aspectos técnicos, táticos, históricos e filosóficos.
  • Compreender as lutas brasileiras construídas e transformadas historicamente, respeitando e valorizando-as quanto a suas características e funções socioculturais.
  • Construir coletivamente formas de adaptar a modalidade tematizada de lutas do Brasil às demandas do grupo e à realidade do contexto escolar (escola pública).
  • Fruir as vivências propostas, reconhecendo os estereótipos e preconceitos que acompanham os praticantes das modalidades de lutas do Brasil.

Competências gerais

1.  Conhecimento

3. Repertório cultural

7. Argumentação

9. Empatia e cooperação

As lutas têm sua origem nas formas primitivas de defesa e vêm evoluindo historicamente com a sociedade humana, representando em sua diversidade uma das manifestações do movimento humano mais expressivas, em que são estudadas, de maneira indissociável, o corpo e a mente, ligados a uma filosofia de vida, privilegiando o respeito ao outro e o auto-aperfeiçoamento, tendo a autodefesa como meta. Nesse sentido, é importante que o educador busque possibilitar ao estudante o contato e vivências significativas com esse conteúdo, favorecendo, assim, uma reflexão crítica sobre essas práticas e sobre o mundo em que vivem (LANÇANOVA, 2006; RUFINO; DARIDO, 2015).

Sena (2014, p. 16) compreende a sistematização de ensino das lutas “[...] como uma maneira de organizar os conteúdos, propondo contribuir com o processo de ensino-aprendizagem nas aulas de Educação Física, adequando os conhecimentos da disciplina à realidade do ambiente, ao contexto escolar, ao nível escolar e às necessidades dos estudantes”.

De acordo com as orientações da BNCC, as lutas compõem o repertório de práticas corporais a serem abordadas ao longo das aulas de Educação Física a partir do 3º ano do Ensino Fundamental.

A unidade temática “Lutas” focaliza as disputas corporais, nas quais os participantes empregam técnicas, táticas e estratégias específicas para imobilizar, desequilibrar, atingir ou excluir o oponente de um determinado espaço, combinando ações de ataque e defesa dirigidas ao corpo do adversário. Dessa forma, além das lutas presentes no contexto comunitário e regional, podem ser tratadas lutas brasileiras (capoeira, huka-huka, luta marajoara etc.), bem como lutas de diversos países do mundo (judô, aikido, jiu-jítsu, muay thai, boxe, chinese boxing, esgrima, kendo etc.) (BRASIL, 2017, p. 216).

Parlebas (1990) caracteriza as lutas como uma atividade esportiva com oposição presente, imediata, que se constitui objeto da ação, ocorrendo, assim, uma situação de enfrentamento codificado com o corpo do oponente. Dessa forma, a Educação Física deve ensinar os estudantes a lutar com o outro e não contra o outro, promovendo uma aprendizagem significativa por meio da problematização dos conteúdos e da própria curiosidade demonstrada pelos estudantes.

A relação estabelecida entre a unidade temática de lutas e situações de violência é uma associação quase que inevitável presente no contexto de ensino das lutas. Olivier (2000, p. 11), entretanto, refuta essa concepção, apoiando-se na seguinte ideia:

Pensamos que essa violência é inerente às relações sociais e que seria inútil e perigoso negá-la. É preferível considerá-la como resultado de múltiplas interações, manifestando-se em circunstâncias precisas: como reação à violência do outro, do meio ambiente, como resposta a um estresse ou a uma frustração, como desejo de impor-se. Portanto, não se trata de procurar suprimi-la, mas de considerá-la como modo de expressão e de comunicação, para que a criança seja progressivamente capaz de situá-la em suas relações com os outros, trazendo, assim, respostas às interrogações que a violência provoca.

Campos (2014, p. 22) compreende que no contexto de ensino das lutas, além da presença de valores morais e éticos, o adversário em um jogo de oposição deverá ser respeitado e, para tal, é necessário que as regras que determinam os movimentos e gestos físicos, assim como a conduta dos oponentes, sejam obedecidas e seguidas. Nesse sentido, “[...] a luta não gera violência, ela proporciona a medida exata para o controle da violência”.

Para o autor (2014, p. 14), os conhecimentos relacionados às lutas no ambiente escolar, ou até mesmo em outros espaços pedagógicos de atuação do profissional de Educação Física, deverão ser desenvolvidos considerando os aspectos lúdicos da aprendizagem, buscando, assim, uma ressignificação constante desses saberes. Segundo o autor, “[...] sejam as lutas esportes de combate ou uma arte marcial, devem ser abordadas no ensino de forma lúdica e transformadas didaticamente para que sejam ensinadas nas aulas”.

As lutas estão relacionadas à nossa história e desde os primórdios estiveram presentes na natureza através dos animais e do ser humano. Há registros de lutas em praticamente todas as eras da humanidade e existem diversos tipos de luta espalhados pelo mundo. Existem várias lutas genuinamente brasileiras, como a capoeira, a huka-huka, a derruba-toco, a luta marajoara ou agarrada marajoara etc.

A capoeira constitui uma das manifestações da cultura corporal do movimento que representa a identidade cultural brasileira e pode ser definida como jogo, dança, brincadeira, esporte e como luta, sendo esta sua mais significativa expressão. Além de apresentar essas diferentes propostas e características, a capoeira ainda se difere da maioria das lutas por ser acompanhada por instrumentos musicais, músicas, palmas e cantos, inerentes à sua realização (SILVA; GONZALEZ, 2010).

A capoeira foi criada por negros africanos, em terras nacionais, que a utilizavam para se libertar da escravidão no Brasil Colônia. Durante o período imperial, continuou sendo utilizada como luta pelos negros para se defenderem de ataques e perseguições policiais, prisões e racismo, chegando a ser incluída no Código Penal Brasileiro de 1890 como contravenção com prática proibida. Nesse sentido, a capoeira era realizada disfarçadamente, como dança, brincadeira, jogo e até mesmo outro tipo de luta. Dessa forma, a capoeira foi se recriando e multiplicando seus sentidos, se apresentando de maneira multifacetada. Ela foi reconhecida, inclusive, como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) (SILVA, 2015).

O jogo de capoeira, em sua maior parte, representa uma simulação de luta, sem tocar no outro. Os golpes são desferidos, um dos capoeiristas ataca, o outro esquiva e, muitas vezes, é demonstrado que um poderia atingir o outro caso quisesse, mas não o faz, em respeito à sua integridade. Segundo Silva (2008), a capoeira caracteriza-se como uma luta de movimentos fluidos e contínuos que estabelecem as distâncias. O fato de não haver o toque entre os praticantes, na maior parte do jogo, é o que mantém a fluidez e a circularidade da luta, além de evitar que a integridade física dos capoeiristas seja atingida.

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Aula

Materiais sugeridos
  • Caderno para registro do estudante.
  • Lousa ou quadro.
  • Flip chart (anotações/professor poderá transportar para outros espaços: quadra, pátio etc.).
  • Projetor multimídia.

Espaços e materiais disponíveis na escola:

  • Quadra poliesportiva, pátio ou jardim/gramado.
  • Colchonetes e/ou tatames de EVA.
  • Cones para demarcação de espaços.
  • Balões.
  • Barbante.
  • Garrafas pet.
  • Cadeiras.

Aqui trazemos algumas sugestões de materiais. De acordo com a sua realidade, utilize materiais similares, alternativos ou adaptados para a prática.  

Conversa inicial

Inicie a aula, retomando as lutas que os estudantes conheceram e experimentaram nos anos anteriores: lutas regionais, lutas de matriz indígena e africana.

Peça aos estudantes que, em duplas, demonstrem as lutas do Brasil que eles já conhecem. Promova uma reflexão sobre as lutas já conhecidas pelos estudantes, lembrando que já tiveram contato com a prática corporal anos anteriores. Procure conduzir a prática de modo que todos participem. Devem adaptar os movimentos de acordo com a capacidade deles.

Sempre com a proposta de incluir todos, apresente aos estudantes, utilizando  diversos recursos possíveis, como vídeos, imagens e textos impressos ou exibidos pela tela do celular, a história, origem e principais características de algumas lutas consideradas genuinamente brasileiras. Segue sugestão de vídeo com as minutagens para ser utilizado:

Vídeo 1: 7’30 a 18’05 (huka-huka) / 18’06 a 35’20 (luta marajoara) / 35’21 a 55’00 (capoeira)

Após passar o vídeo para os estudantes, comente que nessa aula eles irão ampliar seus conhecimentos por meio de aprendizagens da luta de origem brasileira “capoeira”. Promova alguns questionamentos buscando retomar as experiências dos estudantes relacionadas a esta modalidade de luta brasileira: Quem já ouviu falar em capoeira? Alguém já jogou capoeira? Onde viram essa luta? Conhecem os instrumentos? Qual tipo de música é cantada nas rodas de capoeira? Conhecem a letra de alguma dessas músicas? Vocês sabem por que a capoeira é considerada também um jogo e até mesmo uma dança? A capoeira pode ser jogada por todas as pessoas? As regras podem ser adaptadas?

Organize os estudantes para assistirem ao curta-metragem “Maré capoeira”, de Paola Barreto Leblanc, 2005: https://www.curtanaescola.org.br/filme/?name=mare_capoeira

O curta-metragem retrata a história de João, apelidado “Maré”, um menino de dez anos que sonha ser mestre de capoeira como seu pai, dando continuidade a uma tradição familiar que atravessa várias gerações. Ressalta também a história, origem e principais características da modalidade.

Verifique se entre os estudantes existe algum que necessite de auxílio para poder compreender o vídeo. Nesse caso, procure formar duplas para que um estudante possa explicar ao outro o que está identificando no vídeo. Outra possibilidade é realizar uma audiodescrição ou incluir legendas no vídeo.

Proporcione um momento para os estudantes expressarem suas impressões sobre a história, podendo estabelecer relações entre as vivências já construídas e o conteúdo do filme. Retome alguns marcos históricos importantes como o período em que a prática da capoeira era proibida, chegando a ser incluída no Código Penal Brasileiro de 1890 como contravenção.

Durante o desenvolvimento desse plano, oriente os estudantes a pesquisarem sobre os principais elementos que constituem a prática da capoeira. Elabore, colaborativamente, algumas categorias de assuntos a serem pesquisados e recomende aos estudantes a construção de uma tabela e/ou painel com todos os dados obtidos. Verifique se o registro escrito é o melhor a ser adotado por todos os estudantes ou se há a necessidade de disponibilizar outros meios e modos de registro. Essa tabela deverá ser preenchida durante todo o desenvolvimento da sequência de aulas previstas. Promova um intercâmbio de informações, ou seja, uma troca entre os estudantes, visto que os assuntos que foram destacados por um estudante poderão não ser ressaltados pelo outro.

PAINEL CAPOEIRA: VIVÊNCIAS E SIGNIFICADOS

Aspectos históricos

Principais estilos

Mestres famosos

Apelidos na capoeira

Criada pelos negros africanos, luta proibida.

Capoeira regional.

Bimba.

Bimba;

Maré.

Principais golpes

Músicas e/ ou canções chulas

Lugar da roda de capoeira

Principais instrumentos

Martelo;

Ginga.

Marinheiro só;
Bem-te-vi.

Rua;

Praia.

Berimbau;

Atabaque.

 

Novas categorias de pesquisa sugeridas pelos estudantes podem ser inseridas no painel, conforme as aulas forem ocorrendo e novas curiosidades sobre a capoeira forem surgindo. Lembre-se de observar na sua turma se outras formas de registro são necessárias para incluir todos.

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