Materiais sugeridos
- Mapa do Brasil, de preferência, um mapeamento cultural com os cinco Brasis de Darcy Ribeiro. Disponível em: https://nova-escola-producao.s3.amazonaws.com/X95U7yUcpVfJEbV8vgb7nhbwW74HZquUXvXVmVzpjsEHP2AyTUM5sGKNKUTf/geo4-02und08-os-brasis-de-darcy-ribeiro.pdf
- Equipamento para reproduzir música.
- Equipamento para reproduzir vídeos, todos opcionais, para possível uso nos desdobramentos. Caso haja possibilidade, reproduzir para os estudantes.
- Fitas coloridas, faixas, instrumentos de percussão, saias rodadas e chapéus. Esses materiais não são necessários para a primeira aula do plano e são opcionais para o seu desdobramento. No entanto, como serão solicitados, vale tê-los como “coringas” caso algum estudante não os tenha trazido para a sequência da aula em questão. A antecipação, nesse caso, merece ser considerada.
- Flip chart com as letras das canções.
- Folhas de papel A4 grampeadas em forma de livreto: Passaporte cultural (opcional).
Aqui trazemos algumas sugestões de materiais. De acordo com a sua realidade, utilize materiais similares, alternativos ou adaptados para a prática.
Conversa inicial
Faça uma roda e converse sobre o que conhecem sobre a sua região de origem, particularmente suas danças. Caso julgue necessário, se perceber que os estudantes não têm esse conhecimento prévio, selecione antecipadamente algum material da sua região, tais como imagens, áudios ou vídeos de danças. Lembre-se de escolher os recursos de sensibilização de acordo com as características da sua turma, superando possíveis barreiras sensoriais.
Explicite para todos os objetivos da aprendizagem das danças brasileiras do Norte do Brasil, que culminará no produto final deste processo, pode ser uma apresentação de coreografia para a turma ou até mesmo para a comunidade escolar.
Considere as características dos passos das danças a serem estudadas, tais como os passos arrastados do marabaixo ou as referências aos animais amazônicos no carimbó. Esses recursos abrem possibilidades de movimentos, que estão além dos passos tradicionais. Conhecê-los é importante para que haja um diálogo com a cultura da região Norte, sempre lembrando que os atores principais da aula são os estudantes.
Aproxime essas referências culturais e de movimentos possíveis nas danças, de acordo com as características da sua turma, e convide-os a superar, coletivamente, possíveis barreiras sensoriais ou motoras durante a atividade.
Exponha o mapa cultural e indique a região Norte, chamada aqui de Brasil Caboclo. Convide-os para uma “viagem” até lá. Pergunte se sabem o que são instrumentos de percussão, adereços e indumentárias das suas danças regionais. Complete as informações dos estudantes e peça para que relatem quais são. Caso necessário, desenvolva o significado desses termos. Se estiver na região Norte, peça que digam o nome de uma comida, dança, ou tipo de instrumento que conhecem.
Nos dois casos, informe que as danças do Norte do Brasil são feitas em um ambiente com muitas cores, adereços, tais como saias rodadas, chapéus, fitas e faixas coloridas, que são movimentadas pelos dançantes, que também podem tocar os instrumentos enquanto dançam. Explorar a riqueza desses elementos sonoros, proprioceptivos, visuais e motores, oferece caminhos diversos para encontrar soluções coletivas para que todos dancem, à sua maneira. Lembre-os de que não basta convidar para a festa: é necessário tirar para dançar. Esses dados prévios são importantes para a atividade a seguir.
Atividade
Numa quadra ou espaço amplo, peça que deitem com a face voltada para cima, fechem os olhos, acalmem a respiração e imaginem que estão em um barco, em um rio tão largo como um mar de água doce. Suas margens não podem ser vistas, mas muitas aves cruzam o céu, informando a proximidade de terra. Ao longe, todos ouvem um batuque vindo de uma das margens. Utilize o áudio do marabaixo, com o volume aumentando progressivamente. Aos poucos, o barco vai se aproximando e todos desembarcam em uma das praias desse rio. Peça que visualizem as muitas saias rodadas, chapéus, fitas e tambores coloridos espalhados na areia, de muitos tipos, tamanhos e cores. Peça para que cada qual escolha, em sua imaginação, um ou mais desses adereços e instrumentos e suas características e imagine seus possíveis movimentos, ao pulso da música. O pulso é a qualidade sonora que nos faz bater palmas e pés. Informe que estes serão os seus “objetos mágicos dançantes”. São eles que dançarão e farão os outros dançarem. Nessa expedição cultural imaginária estão e estarão presentes muitos elementos sensoriais, proprioceptivos, motores, visuais e auditivos. Explore todas essas camadas de conhecimento e convide-os a fazer o mesmo.
Peça para abrir os olhos, se levantarem e fazerem um círculo, cada qual com seu objeto mágico dançante imaginário pronto para agir. Proponha que ouçam o áudio e, cada qual no seu lugar do círculo, faça movimentos espontâneos com os passos curtos e arrastados do marabaixo, sob o “poder” desse adereço mágico. Nesse momento, utilize sua percussão para marcar o pulso. Também pode sugerir os movimentos dos chapéus, das saias rodadas imaginárias, das fitas, dos giros no lugar ou em deslocamento para frente, para trás ou lateralmente, ou das mímicas das percussões, mantendo sempre o arrastado dos passos, característico do marabaixo. Mais uma vez, seja criativo e explore ao máximo a participação de todos, encontrando soluções coletivas para a superação de barreiras individuais. Incentive a prática conjunta dos elementos da dança, praticando-a de maneira solidária. Use a “mágica” presente nos objetos imaginários para ampliar os recursos sensoriais, perceptivos e motores dos estudantes.
Após a turma improvisar e explorar os movimentos espontaneamente, proponha a seguinte atividade: escolha um ou mais pegadores (a quantidade depende do tamanho e da dinâmica do grupo). Mantenha o áudio como fundo da atividade. Use ao máximo os elementos sensoriais presentes na quadra durante a atividade. Se puder, peça para um grupo fazer o ritmo percussivo, junto com o áudio, ao lado da quadra, enquanto o outro corre e dança. Isso ampliará as possibilidades de participação de todos. Comece um pega-pega com as seguintes regras: o pegador deve dizer a quem foi pego um adereço (fita colorida, saia rodada, chapéu) ou instrumento de percussão, com o qual ele deve fazer movimentos até ser salvo pelo “poder mágico” de outro participante, realizando o seu movimento de maneira espelhada durante uma contagem de oito tempos, no ritmo do marabaixo. Outra regra é: sempre arraste o passo… Se tal habilidade for um impedimento, peça à turma que encontre regras e procedimentos que eliminem tais barreiras e promovam a participação de todos.
Troque os pegadores e acrescente novas propostas, tais como explorar os planos de movimento espontâneo: alto, médio e baixo, de maneira improvisada, dentro do ritmo proposto.
Está na hora de voltar… Todos sentam em círculo, fecham os olhos. Cada qual traz um presente consigo, que é o seu objeto mágico dançante. Peça para que guardem esse objeto em sua memória e que, a partir do seu uso, relembrem os movimentos, os passos e as mímicas realizadas na brincadeira.
Momento da reflexao
O retorno ao barco e a volta para o local de origem fazem parte do momento reflexivo e de compartilhamento vivo da aula. Todos estão no convés da embarcação e, como em um relato de viagem, cada qual diz o que sentiu durante a visualização e prática dos movimentos. As declarações espontâneas sobre as sensações corporais promovidas pelas danças, compartilhadas, enriquecem o cenário de aprendizagem. Faça algumas perguntas para a turma: O que você viu, sentiu ou ouviu durante a “viagem”? Quais diferenças você vê entre as músicas e danças da nossa região em relação às da região Norte? Sentiu dificuldade ou facilidade para criar movimentos com o ritmo dessa dança?
Sistematizacao do conhecimento
Retome com os estudantes os conceitos que talvez fossem desconhecidos até aqui, tais como: adereços, indumentárias e tipos de instrumentos de percussão. Explique o seu significado e sobre a grande possibilidade de movimentações ao utilizá-los.
Revise o contexto de origem das danças com os passos desenvolvidos, tais como os passos arrastados do marabaixo ou as imitações de animais do Carimbó.
Nomeie os elementos da dança, como pulso, planos alto, médio e baixo, e contagem do tempo rítmico. Se estiver em outra região, compare por semelhanças ou diferenças os elementos das danças nas culturas de origem com os do Norte, tendo como critérios os elementos: pulso, indumentária, adereços, instrumentos e contexto cultural.
Converse com os estudantes sobre as barreiras que foram superadas pela turma, para que todos pudessem compartilhar a riqueza presente na diversidade dos elementos das danças, o que também permite amplas possibilidades de acesso e de participação.
Comente sobre as aprendizagens advindas dessa experiência, evidenciando elementos importantes das competências, como o autoconhecimento, o respeito à diversidade, a ampliação do seu repertório cultural, a aprendizagem de elementos simbólicos presentes nas danças, a aquisição e o aprimoramento de habilidades motoras entre outros.
Registro e avaliacao
A criação de um Passaporte cultural ou Caderno de viagem coletivo ou individual pode ser sugerida para que sejam anotados os pontos fundamentais abordados neste plano. Recursos digitais, como Padlet ou Google Sala de Aula, podem ser usados como forma de dinamizar o registro das atividades. No entanto, simples cadernos e lápis (registro individual) ou anotações coletivas em um flip chart podem fazer o mesmo.
Nos dois casos, é importante anotar os seguintes tópicos a serem registrados: nome do estudante, objeto(s) mágico(s) escolhido(s), tipos de movimentos realizados na sua improvisação. Um espaço deve ser reservado para desenhos sobre a atividade, com ênfase nas cores e movimentos expressivos da dança. Faça uma tabela com esses dados e comente seus resultados.
Se houver a possibilidade, registre a experiência em imagens e vídeos, que poderão ser utilizados como recurso pedagógico avaliativo, para se voltar, com olhar crítico, sobre aquilo que foi aprendido como conceito, atitude e procedimento.
A avaliação pode ser feita solicitando aos estudantes que relatem, pelos meios disponíveis, desde postagens em um Padlet, quais são os tipos de passos, gestos, indumentárias e instrumentos presentes nas danças. Nessas postagens, podem ser solicitados áudios, desenhos, textos e, até mesmo, registros em vídeo dos próprios estudantes, a partir do apoio de um adulto. Da mesma maneira, um livreto, feito a partir de folhas de papel A4, pode motivar os estudantes a responder às mesmas questões, com os registros gráficos possíveis, como desenhos e textos escritos. Em ambos os casos, as expressões sobre sensações diversas contribuem no ambiente de aprendizagem.
Peça-lhes para trocarem seus registros ou apresentá-los à turma. É importante que a possibilidade dessa apreciação seja combinada, desde o início do uso do Passaporte cultural. A exposição desses registros à comunidade escolar, seja um Padlet ou flip chart coletivo, na apresentação das danças, também pode ser uma boa motivação para sua realização durante os passos deste plano.
Barreiras
Barreiras
- Deixar de observar a necessidade de adequação dos espaços físicos para as práticas;
- Evitar discussões acerca dos preconceitos de gênero, particularmente na aprendizagem das Danças;
- Utilizar recursos limitados para apresentação de vídeos, áudios, atividades práticas ou teóricas.
Sugestões para eliminar ou reduzir as barreiras
- Rever o espaço físico. Cada Pessoa com Deficiência tem um espaço de ação a ser construído coletivamente, a partir de suas características e necessidades individuais. Conversar, abertamente, com os (as) estudantes, ouvi-los, pode fornecer elementos fundamentais nessa construção coletiva de um novo espaço para ser, fazer e conviver, para todos;
- Participação inclusiva de meninos e meninas, indistintamente, em todas as atividades como pré condição para o processo;
- Propor outra formas de comunicação: visual, auditiva, táctil e proprioceptiva, para facilitar a execução das atividades;
- As práticas de sensibilização, visualização, ampliação e ressignificação das ações motoras podem diminuir esse distanciamento.
- Adaptar as regras e combinados da atividade, explorando suas dimensões sensoriais táteis, olfativas, visuais, auditivas, de paladar e proprioceptivas.
Desdobramentos
O primeiro desdobramento a ser desenvolvido é a materialização do “objeto mágico dançante”. No final da aula, peça que os estudantes preparem algo semelhante ao objeto imaginado para a próxima aula. Há aqui a sugestão e a indicação claras de interdisciplinaridade com Artes Visuais (adereços e indumentárias) e Música (instrumentos de percussão). Lembre-os de que se trata de um “objeto dançante”. Deixe ao seu alcance, como reserva, algumas fitas coloridas, chapéus, faixas, tecidos, objetos percussivos para uso daqueles que não se mobilizaram, por alguma razão, para não ter o objeto em mãos, a partir da segunda aula.
Em cada aula, faça um embarque, desembarque, prática e retorno. Use o tempo inicial de cada uma das aulas para tecer considerações histórico-culturais, a partir dos conteúdos dos vídeos, sobretudo nos momentos em que há coreografias. A minutagem deste conteúdo está indicada em alguns vídeos sugeridos.
Com ou sem eles, é importante que se mostre aos estudantes os passos tradicionais do marabaixo, do carimbó, e o uso dos objetos (instrumentos, adereços e indumentária) como recurso expressivo durante as danças. Use as letras das músicas, anotadas no flip chart, como elemento motivador de improvisos e movimentos expressivos.
Em um dos embarques, apresente o áudio do carimbó. Peça que, desta vez, escolham um objeto diferente na praia. Agora, há a possibilidade de se criar uma “praia” com o material trazido pelos estudantes, compartilhados neste momento. Refaça o pega-pega e informe sobre a origem dos passos nos movimentos dos animais amazônicos. Peça que improvisem esses movimentos durante a prática.
Os passos tradicionais do Carimbó são feitos em evolução de pares. Isso pode, de acordo com a turma, ser uma barreira a ser superada por formas alternativas de participação, à escolha dos estudantes. Mostre material visual do carimbó e do marabaixo por meio de imagens e/ou vídeos. Se não houver esse recurso, mostre os passos e as possibilidades coreográficas.
Apresente ambas as danças como possibilidades de produção. A seguir, peça que façam trios, quartetos ou quintetos (ou até formações maiores, o que seria excelente) e escolham um dos ritmos (marabaixo ou carimbó) para apresentar sua coreografia. Proponha que se reúnam para combinarem uma pequena sequência de movimentos coreográficos, de preferência na formação em círculo, para que haja maior inclusão. Uma possibilidade é que combinem trocas ou compartilhamentos de objetos entre eles. Se puder, utilize dois aparelhos de reprodução de áudio, em dois espaços com produções distintas.
Retome o que foi aprendido até aqui, a partir do Passaporte cultural ou caderno de viagem, ressaltando sua importância no processo. Elogie as atitudes e condutas cooperativas e proativas demonstradas. Apoie os gestos de empatia e valorização do conhecimento demonstrados pela turma.