Modelo da Carta
Plano de Aula
Plano de aula: As questões comerciais e as religiões: um olhar para as religiões de matriz africana
Plano 5 de uma sequência de 5 planos. Veja todos os planos sobre Comércio entre África e a América
Sobre este plano
Este slide em específico não deve ser apresentado para os alunos, ele apenas resume o conteúdo da aula para que você possa se planejar.
Este plano está previsto para ser realizado em uma aula de 50 minutos (troque 50 por 100 se esse plano for de 1º ou 2º anos). Serão abordados aspectos que fazem parte do trabalho com a habilidade (inclua o código da habilidade aqui), de História, que consta na BNCC. Como a habilidade deve ser desenvolvida ao longo de todo o ano, você observará que ela não será contemplada em sua totalidade aqui e que as propostas podem ter continuidade
em aulas subsequentes.
Materiais necessários: Caderno, caneta ou lápis.
Material complementar:
Modelo da carta:
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Fonte 3 para impressão:
Para você saber mais:
MORAIS, Mariana Ramos de; JAYME, Juliana Gonzaga. Povos e comunidades tradicionais de matriz africana - Uma análise sobre o processo de construção de uma categoria discursiva. Civitas, Porto Alegre, v. 17, n. 2, p. 268-283, mai./ago., 2017. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/civitas/v17n2/1984-7289-civitas-17-02-268.pdf>. Acesso em: 8 mar. 19.
OLIVEIRA, Ilzver de Matos. A africanização do direito à liberdade religiosa: reconhecimento judicial das religiões de origem africana e o novo paradigma interpretativo da liberdade de culto e de crença do direito brasileiro. In: Anais Eletrônicos… XXIII Congresso Nacional do Conpedi, 5 a 8 de novembro de 2014, Universidade Federal da Paraíba. Florianópolis: CONPEDI, 2014. Disponível em: <http://publicadireito.com.br/artigos/?cod=c8377ad2a50fb65d>. Acesso em: 7 mar. 19.
PORTAL G1. Menina vítima de intolerância religiosa diz que vai ser difícil esquecer pedrada. Portal G1, 16 de junho de 2015. Disponível em: <http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2015/06/menina-vitima-de-intolerancia-religiosa-diz-que-vai-ser-dificil-esquecer-pedrada.html>.
Acesso em: 8 mar. 19.
SOARES, Ingrid. Em seis meses, Brasil teve mais de 200 casos de intolerância religiosa. Correio Braziliense, 3 de novembro de 2018. Disponível em: <https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/brasil/2018/11/03/interna-brasil,717238/em-seis-meses-brasil-teve-mais-de-200-casos-de-intolerancia-religiosa.shtml>. Acesso em: 7 mar. 19.
SOUZA, Marina de Mello e. África e Brasil africano. 3 ed. São Paulo: Ática, 2012.
VATICAN NEWS. Cresce o número de católicos no mundo, na África o maior aumento. Vatican News, 14 de junho de 2018. Disponível em: <https://www.vaticannews.va/pt/igreja/news/2018-06/anuario-pontificio-catolicos-mundo.html>. Acesso em: 8 mar. 19.
Objetivo
Tempo sugerido: 3 minutos.
Orientações: Com a entrada de europeus e árabes no continente africano, duas religiões passaram a ser difundidas: o cristianismo/catolicismo e o islamismo. Uma das formas de realizar acordos com Portugal, por exemplo, era convertendo-se ao cristianismo, assim como conta a história da rainha Nzinga, que foi rebatizada de Ana de Souza como cristã, mas manteve as raízes das suas religiões até o fim da vida. Desde o século IV iniciou a entrada do cristianismo, e desde o VII houve a expansão do Islã, segundo a historiadora Marina de Mello e Souza (2012, p.25) “foram os mercadores os principais intermediários entre o que vinha de fora e o que já existia no continente. O comércio permitiu que povos distantes entrassem em contato, mesmo que indiretamente, o que facilitou a transmissão de conhecimentos e de crenças” Muitas práticas das religiões de matriz africana foram hibridizadas ao longo dos anos e misturou-se com elementos das religiões citadas anteriormente, mas ainda assim vistas com inferioridade aos olhos dos europeus. O objetivo do plano então, é relacionar as práticas comerciais/econômicas com a intolerância às religiões de matriz africana.
Para você saber mais:
Hibridismo
Termo utilizado para descrever as características religiosas, culturais, e das múltiplas identidades que se coincidem e se misturam em um mundo globalizado. Peter Burke (2003) fala em hibridismo cultural, social, religioso, musical, dentre outros, que podem ser encontrados em todas as partes
do mundo em diferentes práticas culturais.
Contexto
Tempo sugerido: 7 minutos.
Orientações: Para trazer a temática para a realidade dos estudantes, é necessário discutir primeiramente os motivos da intolerância religiosa, da qual todas as religiões podem ser vítimas, mas que é mais acentuado nas religiões que não possuem raízes cristãs. Para isso, é preciso lembrar que o Brasil foi descoberto por Portugal e que foi colônia de uma metrópole cuja religião oficial era o catolicismo, ou seja, mantém raízes muito fortes até hoje com esta religião, apesar de no Brasil existir uma diversidade de religiões.
Para isso, a notícia apresentada sugere a necessidade ainda latente no Brasil de se trabalhar o respeito às religiões para uma convivência democrática, ou seja, para que todos vivam em harmonia e tenham empatia com as outras denominações e com os adeptos. É importante que os estudantes comentem se já presenciaram casos de intolerância religiosa, pois poderão perceber que não são casos isolados ou somente quando há violência física, mas é essencialmente simbólica e pode ser encontrada nos apelidos maldosos atribuídos aos adeptos a determinadas religiões, no estigma acerca dos adereços, das roupas, dos costumes, entre outras situações.
Para você saber mais:
SOARES, Ingrid. Em seis meses, Brasil teve mais de 200 casos de intolerância religiosa. Correio Braziliense, 3 de novembro de 2018. Disponível em: <https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/brasil/2018/11/03/interna-brasil,717238/em-seis-meses-brasil-teve-mais-de-200-casos-de-intolerancia-religiosa.shtml>. Acesso em: 7 mar. 19.
Problematização
Tempo sugerido: 25 minutos.
O tempo sugerido refere-se a este slide e aos três subsequentes.
Orientações: Ao iniciar a Problematização é preciso apresentar as quatro fontes, que se complementam e explicam uma a outra. A ideia é levar os alunos
a entender inicialmente os aspectos econômicos e comerciais que se relacionam com os aspectos religiosos e com a intolerância às religiões de matriz africana. Para isso, é preciso apresentar as fontes, que se tratam de diferentes períodos, mas que culminam no que se tem por intolerância religiosa atualmente, e depois levá-los a refletir sobre elas.
Descrição da fonte:
A autora afirma a necessidade que muçulmanos e portugueses tiveram de converter os africanos às suas crenças, motivada não somente por fins religiosos, mas também comerciais, já que pessoas pertencentes à mesma religião não dividiam o poder que estas religiões tinham sobre os povos africanos. Apesar de o catolicismo já estar presente no norte da África desde o primeiro século, é somente a partir do século XV que começa a chegar pela costa atlântica e ir se instalando. A autora salienta que a busca por escravos também contribuiu para a ascensão do catolicismo, já que os portugueses adentraram o território para capturá-los e seguiam na tentativa de converter os africanos ao cristianismo/catolicismo.
Para você saber mais:
SOUZA, Marina de Mello e. África e Brasil africano. 3 ed. São Paulo: Ática, 2012.
Problematização
Orientações: Descrição da fonte:
Ao pensar nos escravizados trazidos para o Brasil, é importante pensar nas práticas que os mesmos mantinham antes da chegada ao novo continente, já que grande parte deles tinha não somente como religião mas também como manifestação cultural as religiões de matriz africana. Instituída a Constituição de 1824, foi definido que o catolicismo era a religião oficial do Império e que outras religiões seriam permitidas se não “ostentassem templos”, ou seja, se não fossem uma ameaça à ordem e ao poder que a Igreja Católica tinha, em um contexto em que religião e política caminhavam juntas. Ademais, as religiões de matriz africana não foram incluídas nessa permissão legal, já que não eram consideradas religiões, mas sim superstição, feitiçaria, curandeirismo. Esta não permissão ocasionou fortes repressões às práticas religiosas dos africanos e o combate a essas religiões. Atualmente, a Constituição prevê a liberdade religiosa e de culto a todas as religiões, mas ainda assim há repressão não só física, mas também simbólica.
Para você saber mais:
OLIVEIRA, Ilzver de Matos. A africanização do direito à liberdade religiosa: reconhecimento judicial das religiões de origem africana e o novo paradigma interpretativo da liberdade de culto e de crença do direito brasileiro. In: Anais Eletrônicos… XXIII Congresso Nacional do Conpedi, 5 a 8 de novembro de 2014, Universidade Federal da Paraíba. Florianópolis: CONPEDI, 2014. Disponível em: <http://publicadireito.com.br/artigos/?cod=c8377ad2a50fb65d>. Acesso em: 7 mar. 19.
Problematização
Orientações:
Descrição da fonte:
O título da notícia já resume o que a matéria diz, pois salienta que será difícil para a menina violentada esquecer a pedrada. A menina pertence à religião candomblé e foi agredida por um grupo de pessoas na saída de um culto. É importante deixar claro aos estudantes que, mesmo com leis protetivas
à violência e à intolerância religiosa, esta violência ainda acontece, e que também pode ser de forma simbólica, principalmente na escola em que as crianças pertencentes a algumas religiões não cristãs são muito estigmatizadas.
Para você saber mais:
PORTAL G1. Menina vítima de intolerância religiosa diz que vai ser difícil esquecer pedrada. Portal G1, 16 de junho de 2015. Disponível em: <http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2015/06/menina-vitima-de-intolerancia-religiosa-diz-que-vai-ser-dificil-esquecer-pedrada.html>.
Acesso em: 8 mar. 19.
Problematização
Orientações: Para que haja uma reflexão contextualizada, é preciso salientar que a Fonte 1 trata do início do mercantilismo e das relações comerciais e econômicas mercantilistas entre a Europa, África, Oriente Próximo e América; a Fonte 2 trata do século XIX, ainda enquanto Brasil Império; e a Fonte 3 é de 2015, ou seja, remete ao período atual. A relação entre as três fontes está em que os aspectos econômicos e comerciais do mercantilismo, bem como a relação entre Igreja e Estado ainda muito fortes durante o século XIX, legitimaram as repressões e a intolerância às religiões de matriz africana que culminam em episódios com o da menina que foi apedrejada. Além de não serem consideradas religiões do século XIX até meados do século XX, mas, sim, práticas de feitiçaria e superstição, as religiões de matriz africana como o candomblé e a umbanda também são vítimas do racismo e do pensamento cristão que demoniza estas religiões.
Para você saber mais:
PUFF, Jefferson. Por que as religiões de matriz africana são o principal alvo de intolerância no Brasil? BBC News, 21 de janeiro de 2016. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2016/01/160120_intolerancia_religioes_africanas_jp_rm>. Acesso em: 7 mar. 19.
Sistematização
Tempo sugerido: 15 minutos.
Orientações: Agora que os estudantes foram capazes de compreender as relações das práticas econômicas e comerciais com a intolerância às religiões de matriz africana, é preciso que eles sistematizem algo que possibilite que esta tolerância não seja mais uma realidade na sociedade brasileira. Eles deverão elaborar uma carta para uma menina de 13 anos, como a da Fonte 3, que foi apedrejada, explicando para ela o que significa a intolerância religiosa e como seria se houvesse uma celebração (festa) em que todos pudessem celebrar suas religiões em harmonia e se respeitarem para além das crenças religiosas.
É preciso instruí-los a colocar detalhes, como um nome para a menina, um local para realização da festa, quais religiões estariam presentes, entre outros. Para a elaboração da carta será disponibilizado um modelo para o docente, porém os alunos não deverão somente completar o que está em vermelho, o modelo serve para que seja lido e mostrado para eles e os mesmos percebam como elaborar e estruturar a carta.
Modelo da carta:
Materiais complementares
Sugestão de adaptação para ensino remoto
Ferramentas sugeridas
- Essenciais: fontes históricas (em PDF, print ou link), Whatsapp, E-mail ou Google sala de aula.
- Optativas: Hangouts,Youtube.
Contexto
O objetivo desta aula é compreender as relações existentes entre as questões econômicas/comerciais no século XVII e a intolerância às religiões de matriz africana na atualidade.
Para desenvolvê-la com os seus alunos, você poderá trabalhar de forma:
- Assíncrona, disponibilizando por meio do Whatsapp, e-mail ou Google sala de aula (veja como usá-lo aqui), os materiais e orientações necessários. As devolutivas dos alunos podem ocorrer da mesma forma ou com agendamento de um momento síncrono.
- Síncrona, apresentando os materiais (projetando-os na tela) e orientações enquanto realiza uma videoconferência por meio do Hangouts (veja aqui como criar uma reunião online).
Incentive-os a conversarem com familiares e/ou pessoas próximas sobre:
- O que é ser intolerante?
- Você já presenciou algum tipo de intolerância?
Disponibilize a manchete, com legendas e questões para reflexão:
- O que seria intolerância religiosa?
- Você já presenciou alguma?
- Como ela prejudica a vida em sociedade?
Indique que acessem o verbete sobre “Intolerância”, caso necessitem melhor compreensão: disponível aqui. Acesso em: 20/06/2020.
Problematização
Convide-os a refletirem sobre situações de intolerância religiosa presenciadas nas escolas. Para estimulá-los, podem observar a situação de discriminação em sala de aula, representada no vídeo:
- A intolerância religiosa no Brasil está intimamente ligada ao racismo. YouTube, 12 nov. 2016. Disponível aqui. Acesso em: 20/06/2020.
Em seguida, disponibilize as Fontes 1, 2 e 3, e oriente-os a analisarem:
- Como a intolerância religiosa está presente em cada documento?
- A quais lugares e épocas cada um deles se refere?
- Quais interesses podem justificar o controle da religiosidade de matriz africana nos documentos 1 e 2? Por que aquelas pessoas não podiam agir conforme suas crenças?
Sistematização
Oriente-os a participarem de uma campanha de conscientização contra a intolerância religiosa. Disponibilize aos alunos a Fonte 3, que retrata o caso de uma menina que sofreu violência física por conta de sua prática candomblecista. O texto diz que a avó da criança iniciou uma campanha na internet e recebeu apoio de amigos. Os alunos poderão demonstrar apoio por meio de mensagens textuais, áudios ou vídeos, que podem ser compartilhados em redes sociais ou grupos de Whatsapp, junto a uma hashtag que expresse tal posicionamento (veja como usá-las aqui).
Convite às famílias
É interessante que conversem em família a respeito das situações de intolerância vivenciadas cotidianamente, especialmente neste caso o racismo religioso, refletindo sobre os impactos negativos para a vida em sociedade. Para incentivar a conversa, podem fazer a leitura da reportagem: Denúncias de intolerância religiosa aumentaram 56% no Brasil em 2019. Brasil de Fato, 21 jan. 2020. Disponível aqui. Acesso em: 20/06/2020.
Este plano de aula foi produzido pelo Time de Autores de Nova Escola
Professor: Ruhama Sabião
Mentor: Andrea Kamensky
Especialista: Guilherme Moerbeck
Assessor pedagógico: Oldimar Cardoso
Ano: 7º ano do Ensino Fundamental.
Unidade temática: Lógicas comerciais e mercantis na modernidade.
Objeto(s) de conhecimento: As lógicas mercantis e o domínio europeu sobre os mares e o contraponto Oriental.
Habilidade(s) da BNCC: EF07HI14 Descrever as dinâmicas comerciais das sociedades americanas e africanas e analisar suas interações com outras sociedades do Ocidente e do Oriente.
Palavras-chave: Mercantilismo, religiões, História da África.
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