A BNCC e a alfabetização em sala de aula
Mara Mansani se debruçou sobre a Base de Língua Portuguesa e conta suas impressões
PorMara Mansani
09/01/2018
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Jornalismo
PorMara Mansani
09/01/2018
Finalmente, 2018 chegou. Estou de férias, mas inevitavelmente me pego pensando no que nos aguarda neste novo ano, principalmente em relação à alfabetização.
Naturalmente, minha atenção se volta à Base Nacional Comum Curricular (BNCC) que, depois de um processo longo de construção a muitas mãos e cabeças pensantes, polêmicas, debates e contribuições de diversos segmentos, foi aprovada no final do ano passado.
Neste momento, ainda são muitas as dúvidas que rondam a minha cabeça e a de professores Brasil afora. E isso é natural. Afinal, além da complexidade do tema, há o ineditismo da ação. Esta é a primeira vez que se constrói uma base curricular única para todo o Brasil que vai, de fato, influenciar as políticas públicas.
Leia mais sobre BNCC e Alfabetização no Guia da Base
- O que a BNCC propõe para a Alfabetização
- Consciência fonológica e alfabetização: como trabalhar?
Passei os últimos dias estudando a versão final do texto de Língua Portuguesa e percebi alterações, ou melhor, adequações ao que diz respeito à alfabetização.
Sei que uma das polêmicas é a questão de a alfabetização ter de ser completa até o 2º ano do Ensino Fundamental. Polêmicas à parte, eu gostaria de ampliar nossa compreensão sobre esse texto. Como será a implementação da Base em nossas salas de aula? Como alfabetizarei meus alunos a partir do que orienta a BNCC?
A seguir, destaco alguns pontos e minhas primeiras impressões sobre a versão final da Base Nacional de Língua Portuguesa:
No que diz respeito à Alfabetização, ela aparece em cada um dos eixos da seguinte maneira:
- No eixo Oralidade, aprofundam-se o conhecimento e o uso da língua oral, as características de interações discursivas e as estratégias de fala e escuta em intercâmbios orais;
- No eixo Análise Linguística/Semiótica, sistematiza-se a alfabetização particularmente nos dois primeiros anos, e desenvolvem-se ao longo dos três anos seguintes a observação das regularidades e a análise do funcionamento da língua e de outras linguagens e seus efeitos nos discursos (na Base esse processo complementar da alfabetização é chamado de ortografização);
- No eixo Leitura/Escuta, amplia-se o letramento, por meio da progressiva incorporação de estratégias de leitura em textos de nível de complexidade crescente, assim como no eixo Produção de Textos, pela progressiva incorporação de estratégias de produção de textos de diferentes gêneros textuais.
Em resumo, segundo a Base, no processo de alfabetização, é preciso que os estudantes conheçam o alfabeto e a mecânica da escrita/leitura – processos que visam a que alguém (se) torne alfabetizado. Para compreender esse processo de alfabetização, veja abaixo as capacidades e habilidades envolvidas:
Ao observar esses itens, você professor/alfabetizador, vai perceber que já desenvolvemos tudo isso em sala de aula, em nossas práticas. Na minha opinião, um dos pontos mais importantes para alfabetizar é propor práticas educativas que explorem a linguagem, em especial a oral e a escrita, em situações reais em que se fazem necessários seu uso, explorando também o universo infantil lúdico e das brincadeiras. Para esse desenvolvimento do processo de alfabetização, tudo é motivo para ler, escrever, explorar e se expressar.
De acordo com o texto da Base, não dá para ficar erroneamente ensinando primeiro as vogais, depois as famílias silábicas com sílabas simples durante todo o ano, e ao final dele as sílabas mais complexas. Tudo deve acontecer simultaneamente dentro de um contexto maior, real e significativo, que envolve o uso de diversas habilidades e capacidades.
Como nada é perfeito, também há pontos que acho que poderiam ser aprimorados na Base, como por exemplo a questão da produção textual no 1º ano, que achei limitada, mas isso não quer dizer que as redes de ensino não possam ampliar essas possibilidades. E, ao longo dos anos no processo de implantação, haverá momento de discutir as orientações e corrigir os rumos!
Tudo isso foram apontamentos e lições que tirei do meu início de estudos da Base Nacional. Ainda há muito que se explorar e aprofundar, e todos nós professores devemos nos apropriar desse texto. A leitura pode parecer difícil no começo, mas é fundamental que os docentes brasileiros saibam o que precisam ensinar e qual o seu grau de autonomia diante das orientações que estão colocadas, para, então, planejar o currículo de sua rede e de sua escola.
Depois podemos compartilhar nossas experiências e descobertas, erros e acertos! Contem comigo e com o espaço deste blog para as discussões!
Um bom ano de 2018 a todos e um grande abraço!
Mara Mansani
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