Em nosso dia a dia, nos acostumamos a usar expressões que desviam um pouco da norma padrão da língua. Com o tempo, tais expressões são tão repetidas que acabamos esquecendo que elas são desvios da norma, e principalmente, qual a maneira correta de usá-las. Listo, abaixo, algumas palavras que usamos com frequência de maneira equivocada:
1) A expressão “Ao meu ver” não é reconhecida na língua padrão. É mais adequado utilizar “A meu ver”:
A meu ver, nenhum desses argumentos convencerá a comissão julgadora.
2) É redundância usar a expressão “a grande maioria”. Em vez disso, pode-se dizer apenas:
A maioria dos alunos será convocada para a segunda fase da Fuvest.
3) O verbo “implicar” tem sentidos diferentes se usado com preposições diferentes:
- “implicar com” significa hostilizar, manifestar desdém ou deboche: O professor sempre implica comigo só porque falo muito com meus colegas!
- o verbo também pode significar acarretar, produzir como consequência quando vier sem preposição: Sua atitude impensada, em relação à aplicação financeira, implicará prejuízo para a empresa.
- pode significar ainda envolver-se em complicação, ou apenas envolver-se: O depoimento do réu implicou-o ainda mais no crime.
Atenção: deve-se evitar, na língua padrão, o emprego da preposição “em” junto ao verbo implicar, como no exemplo: Isso implicava em prejuízo financeiro.
4) Os verbos mediar, ansiar, remediar, incendiar e odiar são conjugados da seguinte maneira no presente do indicativo:
1ª pessoa do singular: medeio, anseio, remedeio, incendeio e odeio
1ª pessoa do plural: mediamos, ansiamos, remediamos, incendiamos, odiamos
3ª pessoa do plural: medeiam, anseiam, remedeiam, incendeiam e odeiam:
Anseio por uma xícara de café quando me sinto exausta.
As paixões incendeiam nossos corações.
5) A expressão “nada haver” não existe na forma padrão de nossa língua. Em seu lugar, deve-se empregar a expressão “nada a ver”: (https://novaescola.org.br/conteudo/210/qual-diferenca-nada-ver-nada-haver)
O que você escreveu não tem nada a ver com a proposta da redação.
6) A expressão “sentar-se à mesa” tem sentido diferente de “sentar-se na mesa”. No primeiro caso significa “posicionar-se ao lado da mesa” e no segundo, “sentar-se- sobre a mesa”:
A família sentou-se, elegantemente, à mesa para homenagear o avô.
7) Há diferença de sentido entre despercebido e desapercebido. Despercebido significa não ser notado:
O erro de soma passou despercebido pelo professor de Matemática.
Já desapercebido significa despreparado, desprevenido:
Veio desapercebido para a aula de desenho: não trouxe régua, tampouco compasso e transferidor.
8) Com o verbo “custar”, não se usam os adjetivos “caro” ou “barato”. Deve-se usar os abvérbios “muito”, “pouco”, “bastante”:
Um apartamento de 200 metros quadrados custa muito para a classe média brasileira.