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Jornalismo

Clássico do Mês

Por dentro da língua falada e escrita

 

Quem não tem instrução formal fala errado. Português é muito difícil. Os brasileiros desconhecem o próprio idioma. Esses são alguns dos mitos que Marcos Bagno, professor, tradutor e escritor, debate em Preconceito Lingüístico: O Que É, Como Se Faz. De maneira acessível, ele explicita pontos importantes como a confusão entre norma-padrão e norma culta, preconceito linguístico e a noção de erro.

Para Bagno, a crença de que só as pessoas com acesso ao conhecimento formal podem falar bem vem do equívoco sobre o que é língua e gramática normativa. Diferentemente do que muita gente pensa, é a primeira que inspira a segunda, e não o contrário. As regras convencionais foram escritas para descrever e fixar como padrões as manifestações linguísticas usadas pelos escritores considerados modelos.

O autor aborda o preconceito linguístico com fenômenos estigmatizados, como a transformação do L em R nos encontros consonantais, presente em "Cráudia", por exemplo. Ele trata da questão como sendo de ordem social e política. As pessoas que dizem "Cráudia" pertencem a camadas sociais desprestigiadas. A maneira como falam é considerada feia e sofre a mesma discriminação vivida por elas.

"Por sua própria natureza, uma gramática normativa está condenada ao fracasso. Já que a linguagem é um fenômeno dinâmico e as línguas mudam com o tempo."

A relação entre língua falada e escrita precisa ser profundamente reexaminada nas escolas. A leitura deixa aos professores a missão de praticar um ensino crítico, mostrando, quando cobrados por pais ou outros, que as ciências se transformam, e que a ciência da linguagem também evolui. Ensinar português é ensinar a ler e a escrever. Por isso, a tarefa da Educação linguística é o letramento constante e ininterrupto de todos os estudantes.

Para mim, essa é uma referência na área. Nada do que é dito é banal ou supérfluo. Os temas abordados ampliaram meus conhecimentos e fortaleceram substancialmente minha atuação.

Heloísa Ramos, autora desta resenha, é professora de Língua Portuguesa, formadora de educadores e autora de livros didáticos.

Preconceito Lingüístico: O Que É, Como Se Faz, Marcos Bagno, 224 págs., Edições Loyola, tel. (11) 3385-8500, 22,50 reais

De 15 de outubro a 17 de novembro, quem entrar em contato pelo telefone (11) 3385-8500 ou enviar um e-mail para vendas@loyola.com.br terá 30% de desconto. 

Formação

 

O Trabalho do Professor na Educação Infantil, Zilma Ramos de Oliveira (org.), Damaris Maranhão, Ieda Abbud, Maria Paula Zurawski, Marisa Vasconcelos Ferreira e Silvana Augusto, 420 págs., Ed. Biruta, tel. (11) 3081-5739, 59 reais

As autoras desta obra visam colaborar com o trabalho docente na Educação Infantil sob a visão de que os bebês são sujeitos ativos e cidadãos. Para tanto, elas dividem experiências e fazem propostas para o dia a dia escolar.

 

Relações de Ensino na Prática Inclusiva: Alunos e Professores no Contexto Escolar, Maria Inês Bacellar Monteiro, Ana Paula de Freitas e Evani Amaral Camargo (orgs.), 272 págs., Junqueira & Marin Editores, tel. (16) 3336-3671, 39 reais

O livro traz 11 artigos que abordam questões desafiadoras para a prática escolar, como o diagnóstico médico, a avaliação, a interação social de autistas e os característicos processos educativos de alunos surdos, cegos e com deficiência intelectual.

 


Infantojuvenis

Monstros Urbanos, Renata Bueno, 64 págs., Ed. WMF Martins Fontes, tel. (11) 3293-8150, 49,80 reais

Um dia, a autora saiu caminhando pela cidade e percebeu que cantos que ela nunca tinha observado escondiam figuras estranhas. Fotografou tudo durante dois anos e completou os desenhos com tinta. Cada canto retratado ganhou olhos, pernas, bocas e mãos.

 

 

 

O Livro dos Grandes Opostos Filosóficos, Oscar Brenifier e Jacques Després, 80 págs., Ed. Autêntica, tel. 0800-283-1322, 38 reais

O que é objetivo e o que é subjetivo? Quem sou eu e quem é o outro? São apresentados 12 pares de opostos do ponto de vista filosófico, mostrando por que eles se opõem e como um depende do outro para ser explicado.

 

O Príncipe Jacu, Angela-Lago, 40 págs, Ed. Melhoramentos, tel. (11) 3874-0880, 53 reais

Um rei e uma rainha queriam muito ter filhos, mesmo que fosse um jacu. A Mula sem Cabeça, ouvindo suas preces, resolve conceder a eles o tão sonhado bebê, que nasce cheio de penas como a ave. O texto, cheio de magia, também apresenta personagens folclóricos.

 


 OUTRAS INDICAÇÕES

Eu Sou Malala, Malala Yousafzai e Christina Lamb, 360 págs., Ed. Cia. das Letras, tel. (11) 3707-3500, 24 reais

Quando o Talibã impôs restrições a mulheres de seu país, a paquistanesa Malala Yousafzai, 16 anos, ousou lutar pelo direito à Educação. Porém, sofreu um atentado organizado por extremistas. Nesta obra, ela conta sua história desde o início da vida escolar até como superou a violência da qual foi vítima.

 

 

A Desumanização, Valter Hugo Mãe, 160 págs., Ed. Cosac Naify, tel. (11) 3218-1444, 34,90 reais

Os fiordes islandeses servem de cenário para o mais recente romance do escritor português Valter Hugo Mãe. Conhecido por tratar de temas profundos com poesia, dessa vez ele fala do fim da vida. E o faz pela voz de uma menina de 11 anos, chamada Halla. Ela conta o que lhe resta após a morte da irmã gêmea, Sigridur. 

 

 

 

Ela, Spike Jonze, 126 min, Sony Pictures, atendimento_foxsony@foxsphe.com, 39,90 reais

Durante um conturbado processo de divórcio, o solitário Theodore compra um novo sistema operacional. Com o passar dos dias, ele se envolve em um relacionamento amoroso com o programa. Mais do que discutir a ligação entre homem e tecnologia, o filme trata com beleza da relação que ele estabelece consigo e com o outro.

 


Entrevista

 

 

 

 

 

 

 

A Droga da Amizade, Pedro Bandeira, 168 págs., Ed. Moderna, tel. 0800-172-002, 41 reais

Na última aventura de Os Karas, a trupe de adolescentes do fictício Colégio Elite, que sempre resolveu problemas de gente grande, já chegou à idade adulta. É por meio das lembranças de seu líder, Miguel, impulsionadas por uma fotografia, que o leitor conhece como os integrantes estão agora e de que forma tudo começou.

Por que retomar a saga de Os Karas 15 anos após o lançamento da última aventura?

Sempre recebi muitos pedidos de leitores para que eu criasse mais aventuras com esses personagens. Mas tinha receio de que eles não se enquadrassem no mundo tecnológico atual. Tentei várias ideias até que fiz as contas e percebique eles teriam 40 anos hoje. Pensei: que tal mostrar o que eles se tornaram?

Como os leitores atuais lidam com os primeiros livros da série?

Do mesmo jeito que os antigos. Até acredito que era desnecessário o receio que eu tinha de colocar a tecnologia na série. Os meninos de hoje leem os livros anteriores e gostam bastante. Por mais que crie tecnologias, o ser humano é o mesmo. Ele ama, odeia, sente e quer identificar suas emoções na arte.

Qual é a sua relação com a série Os Karas?

Eu escrevi o primeiro livro para falar sobre a censura na ditadura militar, que foi muito presente na minha juventude. Com o sucesso dele, percebi que poderia tratar de assuntos relevantes para a construção desse cidadão leitor. Acredito que também tenho a função de educador. 

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