A fé e o silêncio
A religião é uma espécie de sujeito oculto da Educação. Está na escola, mas não falamos dela
11/05/2017
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Jornalismo
11/05/2017
Leandro Begouci,
Diretor editorial e de produtos
As cenas se repetem em várias escolas pelo país. Em uma, o diretor começa o dia com o pai-nosso. Em outra, o professor quer tirar a cruz da sala dos docentes. Alguns pais querem ensino confessional. Alguns alunos não suportam qualquer ideia que lembre catecismo. A religião, goste-se ou não, faz parte da vida escolar - e pode ajudar ou atrapalhar o processo de aprendizagem.
Por isso, nós decidimos mexer nesse vespeiro e falar sobre religião na escola. Nós sabemos que este momento, do Brasil e do mundo, é ruim para a discussão aprofundada e tranquila de assuntos relevantes. Muitos não querem dialogar. Querem ter razão, querem argumentos para sustentar posições predefinidas, querem atacar os inimigos. Isso é uma pena, porque ela aprofunda fendas perigosas para as comunidades em que vivemos.
Em NOVA ESCOLA, nós optamos pela conversa aberta e respeitosa. Não existimos para validar posições inflexíveis, mas para construir caminhos úteis e abertos, embasados por evidências concretas. Independentemente da sua posição pedagógica, podemos concordar que não existe aprendizado sem diálogo, sem curiosidade. Talvez seja um dos poucos consensos que ainda sobrevivem nestes tempos violentos que vivemos.
Nas próximas páginas, você vai encontrar um esforço sincero de construir pontes entre religiosos e não religiosos no ambiente escolar. Relatamos o que acontece nas instituições, explicamos o que as leis dizem, mostramos o que existe de mais novo nas pesquisas acadêmicas. Também oferecemos caminhos para você tomar (ou reinventar). A religião, afinal, já está na escola. O que ainda não existe, com cuidado e profundidade, é uma discussão ampla sobre o papel dela. Isso precisa mudar.
Afinal, tendo um papel tão relevante em um país tão devoto, a religião pode ajudar - ou atrapalhar - o processo de aprendizado. Ela pode travar o convívio entre os membros da comunidade escolar, criar rusgas desnecessárias, provocar tensões inapropriadas. Também pode amedrontar alunos,professores e coordenadores. E, numa área tão cheia de desafios, como a Educação, tudo o que não precisamos são de barreiras. Vou ser repetitivo: precisamos de pontes.
Seja você devoto ou ateu, praticante ou não praticante, se abra para falar de religião na escola, procure caminhos para tornar esse diálogo aberto e enriquecedor. Escute, reflita. Não deixe o silêncio sobre o assunto atrapalhar o seu caminho e a jornada dos seus alunos.
E, se tiver um relato de prática bacana, se tiver uma contribuição, me escreva no leandro@novaescola.org.br. Estamos publicando em nosso site histórias muito interessantes de professores espalhados Brasil afora. Que tal se tornar um deles? Tudo o que nós queremos são ideias para ajudar a melhorar a Educação no país.
Grande abraço.
Ilustração: Adriana Komura
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