Inventei com a turma um esporte inclusivo
PorNOVA ESCOLALarissa Teixeira
08/04/2017
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Jornalismo
PorNOVA ESCOLALarissa Teixeira
08/04/2017
"O Felipe dos Santos foi meu aluno de 5º ano no CIEP Pedro Paulo Corrêa de Sá, no Rio de Janeiro. Ele tem uma deficiência que o impede de andar e, por causa disso, sua participação nas aulas de Educação Física era bastante tímida. Nas modalidades em equipe, por exemplo, ele acabava ficando apenas como espectador.
Essa situação me inquietava. Procurei, então, a coordenação pedagógica para pensarmos juntos em uma estratégia. A gente sabia que, para ser uma aula realmente inclusiva, não bastava atender as demandas do Felipe. Era preciso uma proposta ao mesmo tempo adaptada às necessidades dele e estimulante para o resto da turma.
Comecei consultando o próprio Felipe para entender suas preferências e quanto poderia exigir dele. Descobri que futebol era uma de suas paixões. Observei também os calos nas suas mãos e joelhos e descobri que, em casa, sua movimentação era feita apoiando cotovelos e joelhos no chão. Pensei, então, em propor que ele participasse das aulas dessa maneira e que o restante da turma o acompanhasse na posição.
No início, os jovens resistiram à ideia porque não entendiam como jogar sentados. Deixei claro que o colega deles tinha vontade de participar mais ativamente das aulas e que essa seria uma oportunidade preciosa para ele. Expliquei também que a gente poderia criar um novo jogo juntos e que todos opinariam.
Após discussões e tentativas, criamos o Felipebol, inspirado no futebol de salão. A classe fez as regras: a bola passa pelas mãos dos jogadores, que, em quatro apoios, devem atingir o gol adversário. Só o goleiro ficaria de pé, o que beneficiou outro adolescente com problemas nos joelhos. Os alunos se empolgaram e continuaram jogando com o Felipe mesmo depois dele começar o Fundamental 2 em outra escola.
Eu superei o que me inquietava antes do projeto. O Felipe vivenciou, de verdade, um esporte. Infelizmente, nem tudo é perfeito. Em fevereiro a cadeira de rodas quebrou e sua locomoção está prejudicada. Uma nova custa caro e sua família busca ajuda. Torço para que ele consiga logo e ensine o Felipebol para mais gente"
LUIZ GUSTAVO FIRMINO, 40 anos, é professor da rede municipal do Rio de Janeiro
Foto: Antonio Scorza
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