Quatro atitudes para combinados eficientes
Comunicação clara e regras sensatas são as providências para garantir o respeito das famílias aos acordos de ínicio de ano
PorMaggi KrauseSophia WinkelJacqueline Hamine
30/01/2017
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Jornalismo
PorMaggi KrauseSophia WinkelJacqueline Hamine
30/01/2017
Considere a seguinte provocação: reunir as famílias só para mostrar normas pré-definidas é o mesmo que impor regras. Isso não costuma ser muito efetivo. Com algum jogo de cintura, dá para fazer diferente. A primeira atitude é ouvir o que os pais esperam da escola. Em seguida, a equipe de educadores pode falar sobre a necessidade de trabalhar em parceria com a família. É um ponto de partida para um roteiro de combinados que alie as demandas dos pais e as propostas da escola. "É importante acolher as famílias e fazer um exercício de escuta sensível", afirma Emília Silviano Sanches, doutora em Educação e professora titular da pós-graduação na PUC-SP.
Em Santo André, na região metropolitana de São Paulo, a primeira conversa na Creche Profes-sora Laura Dias de Camargo acontece após a matrícula, no ano anterior. Um encontro com os novos pais permite que eles conheçam as instalações e perguntem detalhes sobre a rotina. Na aplicação das regras, uma nova dica (atitude número dois): seja tolerante com imprevistos, como o esquecimento eventual de peças de roupa extras. "O cumprimento dos combinados não pode ser tão rigoroso a ponto de distanciar as famílias", afirma a diretora pedagógica Rita de Cássia Nascimento.
Checagem diária
Ressalte a importância de acompanharem pela agenda as ocorrências de rotina do bebê, por isso, devem verificá-la (e vistá-la, caso seja esse o acordo) todos os dias.
Fraldas a mais
A menos que sejam fornecidas pela rede, as fraldas não devem ser esquecidas. Oriente a ter sempre algumas de reserva na mochila, pois acidentes acontecem.
Detalhes médicos
Se a criança estiver em tratamento, é preciso que a família envie os remédios junto com a receita médica. Só assim os profissionais da creche podem ministrá-los.
Claro que há coisas de que não se pode abrir mão. Por exemplo, não dá para mandar a criança para a escola com a mesma fralda do dia anterior (sim, a gente sabe que esse absurdo acontece). Nesses casos, é preciso uma conversa firme com os responsáveis, sempre lembrando que as providências são para o bem-estar da criança. Aliás, colocar o pequeno como motivo e centro de todos os combinados é o melhor caminho para que eles façam sentido e sejam cumpridos. "No caso de atrasos frequentes no horário de entrada, por exemplo, vale ponderar aos pais que a criança pode perder uma atividade ou entrar chorando no refeitório, atrapalhando o lanche dela e o das outras. Se a demora for para buscar, deve-se explicar o impacto disso para a segurança emocional do bebê", diz Elsa Lopes, professora da pós-graduação em Educação da Universidade Metodista de São Paulo.
Em outros casos, o desrespeito aos acordos ocorre por falha na comunicação. No CEI Auzelir Teresina Gonçalves Pacheco, em Joinville (SC), os pais insistiam em levar filhos doentes para a escola. "Explicamos que as crianças necessitam de repouso e que a creche não dispunha de enfermaria nem de pessoal especializado em saúde para cuidar dos pequenos. Mas os argumentos não funcionavam", afirma a professora Elisabete Duarte de Araújo de Paulo. A solução, novamente, passou pela escuta dos pais. Em conversas com familiares, a equipe percebeu que muitos tinham medo de perder a vaga na creche se a criança não fosse levada à instituição todos os dias, o que no caso de doença não faz sentido: isso só acontece por ausências consecutivas e não justificadas. Outros pais, por sua vez, alegaram que não conseguiam atendimento no posto de saúde para verificar o estado de saúde dos pequenos. A solução foi firmar uma parceria com a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) mais próxima. "Encaminhamos as crianças para lá, eles fazem a triagem e marcam os exames de forma muito mais ágil, o que atrapalha menos a rotina dos responsáveis", conta a educadora Elisabete.
Depois que os combinados já foram construídos, vem a última atitude essencial: escola e família devem dar continuidade ao diálogo inicial. Além das reuniões de pais e do contato direto com a equipe pedagógica, a criação de grupos de conversa em aplicativos de celular tem ajudado bastante na comunicação e na solução de questões pontuais no Centro Municipal de Educação Infantil Tia Fanny, em Teresina. "Os grupos de WhatsApp são uma forma de os pais observarem as demandas dos outros e compreenderem a dinâmica do coletivo", analisa a professora Kamilla Costa Pereira. Alguns combinados são facilitados, como o aviso de que uma pessoa diferente da habitual vai buscar a criança, por exemplo. Para conseguir famílias próximas e participativas, o diálogo, por todos os meios, ainda é o melhor caminho.
FOTO: MARIANA PEKIN.
ILUSTRAÇÃO: 45JJ.
MODELO: FRANCISCO MORAES
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