O que é castigo – e por que ele falha
POR: Pedro Annunciato
Você já deve ter ouvido - ou até repetido - a seguinte afirmação: está cada vez mais difícil lidar com os alunos porque eles não respeitam limites. Será que isso é uma realidade? Yves de La Taile, professor da USP e uma das maiores referências em psicologia moral no país, explora a questão em Limites: Três Dimensões Educacionais. Na obra, o autor discute uma proposta sobre o que deve ser a Educação moral e as responsabilidades que os adultos têm sobre ela. Para Yves, a noção de que os castigos seriam a única solução para a indisciplina precisa dar lugar a uma concepção que tenha como objetivo final formar indivíduos capazes de respeitar valores como a solidariedade e a tolerância de forma autônoma e madura - não por medo da punição. "Yves traz a ideia de uma Educação moral que não deve ser transmitida como doutrina, mas vivenciada", conta Flávia Vivaldi, coordenadora do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Moral da Unesp e da Unicamp. Limites: Três Dimensões Educacionais é a segunda obra da Coleção Pensadores na Prática, lançada por NOVA ESCOLA com cinco livros essenciais para quem educa.
DEFINIÇÃO DESCOMPLICADA
Castigo é uma forma de punição que busca evitar comportamentos indesejáveis ou antiéticos no ambiente escolar. O termo está associado às sanções expiatórias, que em geral não têm relação com o ato praticado.
Exemplo Se um aluno estraga um material de uso coletivo, a escola lhe dá uma suspensão em vez de mostrar quanto aquilo prejudicou os colegas e propor que ele arrume ou arque com o prejuízo.
USO NA PRÁTICA
Castigar funciona?
Em geral, não. O melhor é adotar sanções por reciprocidade, que ajudem o aluno a enxergar as consequências de uma má atitude e repará-las, para que ele entenda o valor da regra.
Exemplo Se um aluno estraga ou suja um ambiente de propósito, pode ser chamado para uma conversa para refletir sobre como aquilo atrapalha a aula e pensar em como corrigir o que foi feito - consertando o estrago.
Outras opções
- Pedir desculpas ao colega ofendido.
- Rodas de conversa para discutir atos de indisciplina e pactuar mudanças de atitude.
Foto: Divulgação