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Jornalismo

Todo começo de ano, Marilei Roseli Chableski, que desde 2011 é professora do CEI Adhemar Garcia, em Joinville (SC), sentia um aperto no peito junto com as famílias. Nas primeiras vezes em que entregavam seus bebês, via como elas ficavam inseguras, confusas. Muitas não entendiam a creche como um espaço de aprendizado, só de cuidado. Marilei percebeu que era preciso melhorar o início da relação. "É o momento de acolher e entender os pais, porque deixam conosco a maior riqueza que possuem", diz.

"Essa sensibilidade torna o projeto raro. Poucas instituições respeitam o tempo da família, apesar de muito se falar nisso", elogia Maria Paula Zurawsky, selecionadora do Prêmio Educador Nota 10. Para transformar o propósito em ação, Marilei entregou aos pais um questionário sobre os hábitos da criança. Como ela dorme? Alguém lê para ela? Tem um brinquedo preferido?

 

MARILEI ROSELI  CHABLESKI 

26 anos 

6 anos de docência  

Educadora Nota 10
Joinville (SC)

Educação Infantil
Creche

Projeto
Pé com Café

De posse das respostas, ela lida melhor com cada um dos 18 bebês com idade entre 4 meses e 1 ano quando choram ou não conseguem pegar no sono. Heitor gosta de girafas e de cheiro de erva-doce. Já Kauan adora brincar com as tampas das panelas. Isso faz a diferença. "A qualidade do acolhimento garante a qualidade da adaptação", escreveu Cisele Ortiz, do Instituto Avisa Lá, no artigo Adaptação e Acolhimento.

Para que os bebês se sentissem ainda mais confortáveis, a professora a pediu à família que mandasse para a creche objetos da casa (leia no quadro abaixo). "Vale amenizar o estranhamento, sem a pretensão de simular o lar. O desafio é criar uma identidade acolhedora em um espaço coletivo", comenta Ana Paula Yazbek, sócia-diretora do Espaço da Vila, em São Paulo. Marilei também envolveu as famílias em oficinas de confecção de brinquedos e mostrou atividades da nova rotina. Os pais perceberam a importância de explorar todos os recursos da creche, como o parquinho e a área externa da escola. "Quero estimular as crianças em todos os sentidos, mesmo sendo trabalhoso levá-las para fora. É preciso dar ao bebê a oportunidade da descoberta."

 

 

A creche comum   A creche de Marilei 
Pouca flexibilidade nos horários e entrada limitada na creche. Oficinas, reuniões, cafés  e momentos de brincadeira  para inserir os pais na rotina.
Cuidados padronizados na  hora de alimentar, fazer  dormir e limpar as crianças. Individualização do atendimento, com base em banco de dados com os hábitos de cada bebê.
Bebês ficam restritos aos espaços internos, já que o parque pode oferecer riscos. Montagem de brinquedos no pátio e estímulo ao  contato com a natureza.

 

Marilei leva os bebês ao parque. Rotina incomum para a  maioria das creches

É ASSIM QUE  SE ACOLHE

Adaptação
Deve criar um ambiente que ofereça conforto físico e emocional à criança, o que passa  pela construção de vínculos afetivos.  

Objetos transicionais
Roupas, almofadas e outros itens que lembrem a presença da mãe ou do pai acalmam o bebê e ajudam na transição de casa  para a creche. 

Parceria escola-família
Deixar claro os objetivos da instituição e o plano de trabalho, mostrar-se disponível e expor as atividades são ações  que estreitam os laços. 

 


Fotos: Edu Lyra

 

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