Leitura dramática... sem drama!
Estudar um texto teatral e soltar a voz na rádio deu confiança aos alunos, ampliou a compreensão de texto e a fluência na hora de ler
PorMaggi KrauseAlice VasconcellosLarissa Darc
05/10/2016
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Jornalismo
PorMaggi KrauseAlice VasconcellosLarissa Darc
05/10/2016
39 anos
18 anos de docência
Educadora Nota 10
Tabatinga (SP)
Língua Portuguesa
5° ano
Projeto: Leitura Dramática
Os livros de teatro saíram do papel de figurantes e se tornaram protagonistas das aulas de Karin Gröner, professora na pequena Curupá, um distrito de Tabatinga, no interior paulista. Antes, eles eram pouco procurados nas estantes da biblioteca da EE Professor Fernando Brasil. Dá para entender o porquê. Esse gênero textual tem características complexas e exige um repertório nem sempre abordado em Língua Portuguesa. Ao trabalhá-lo, a pedagoga desenvolveu duas competências: a fluência leitora e a capacidade de interpretação de textos de seus alunos - aspectos que, de quebra, tinham deixado a desejar na prova diagnóstica do começo do ano.
A leitura dramática é a apresentação em voz alta de uma peça teatral para um público. Ao contrário da dramatização, largamente utilizada nas escolas, a atividade enfoca especificamente o ato de ler. A entonação, a fluidez na fala e a transposição das emoções são o cerne do trabalho, em lugar, por exemplo, do figurino e da cenografia. Como o sucesso da apresentação depende unicamente das palavras, é preciso que os participantes entendam cada termo que recitam, desenvolvendo a capacidade de compreensão. O grande mérito dessa atividade é atribuir sentido aos exercícios, coisa que não ocorre na repetição em voz alta de textos aleatórios. "Sabendo que vai fazer uma leitura pública, a criança se empenha em ensaiar bem. E quando ela entende o papel do personagem, se envolve", explica Célia Prudêncio, selecionadora do Prêmio Educador Nota 10.
Durante as etapas do processo, inspirado em uma formação da Diretoria de Ensino do Estado de São Paulo que Karin cursou, toda a turma do 5º ano ganhou confiança para desempenhar seus papéis. "Eu tinha um pouco de dificuldade. Ia meio no soquinho, mas lia", conta Marcos Antônio de Carvalho, 11 anos, um dos que mais evoluiram. A professora também destacou os avanços de outras duas alunas. "Uma delas tinha acabado de se tornar alfabética. No começo, ambas tinham vergonha de ler em voz alta. Na apresentação, fizeram o papel de protagonistas", comentou. A comprovação do resultado veio no final do ano passado, com a nota do Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (Saresp). "A meta era 3,2. Para nossa surpresa, as crianças chegaram a 6,2. O projeto aguçou a compreensão leitora - e, por consequência, abriu as portas da cidadania. Eu sempre me pergunto: 'Como é possível ser cidadão sem entender o que se lê?'", questiona Karin.
"Essa sala passou por várias mudanças de professores nas séries anteriores. Com o projeto, os alunos melhoraram na leitura, nas avaliações e provaram a si mesmos que eram capazes."
"Adorei ler na rádio. Mas interpretar duas personagens foi difícil. A professora me sugeriu engrossar a voz na hora de fazer a bruxa. Quando eu peguei o texto, não sabia o que estava lendo. Agora sei."
"Há muita leitura em voz alta sem que os alunos aprendam a ler. A expressão facial e flexão de voz da leitura dramática levam os espectadores a entender um texto sem a encenação."
Primeiro ato
Karin levou para a escola a equipe de radionovela da rádio Itaquerê FM e mostrou um vídeo de uma leitura dramática da atriz Regina Duarte.
Escolhendo a leitura
A professora apresentou os principais títulos e explicou o gênero teatral. As crianças escolheram dramatizar O Fantástico Mistério de Feiurinha, de Pedro Bandeira.
Os ensaios
O texto foi estudado para que os alunos entendessem cada trecho lido. Quanto mais conheciam a história, mais fluida ficava a leitura.
Gravação final
Os alunos fizeram uma apresentação para a comunidade escolar e foram até a rádio registrá-la em CD.
Fotos: Raoni Maddalena
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