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Jornalismo

Investir na infância ajuda a economia

PorNOVA ESCOLA

11/10/2016

Lino de Macedo,

Lino de Macedo,
assessor pedagógico do Instituto Pensi, da Fundação José Luiz Egydio Setúbal (FJLES), em São Paulo

A firmar que as crianças de hoje serão os adultos de amanhã é trivial. Mas ser adulto é mais do que ter entre 18 e 70 anos. É, principalmente, saber agir de modo responsável, colaborativo e cuidadoso consigo mesmo e com os outros.

Isso não ocorre naturalmente. Na verdade, muitas pessoas não conseguem se comportar de maneira compatível com a postura adulta. Várias vezes, isso é resultado de uma história de vida em que faltam condições essenciais: uma casa limpa e segura, um ambiente familiar saudável, recursos materiais suficientes e uma boa Educação.

É ainda mais preocupante. Não é raro que essa lista de carências se inicie nos primeiros anos de vida. Com a infância negligenciada, surgem problemas que fazem com que esses sujeitos não possam contribuir socialmente e economicamente quando mais velhos. No livro Giving Kids a Fair Chance (Dando às crianças uma chance justa, em tradução livre), James Heckman, economista da Universidade de Chicago, diz que o melhor período para preparar o adulto vai da fase embrionária até os 6 anos. Na obra, ele mostra resultados de uma intervenção educativa nessa idade, que pode ser comparada ao efeito de fazer pré-escola. O resultado é que as pessoas atendidas, ao chegar aos 40 anos, ganham melhor do que as outras, possuem mais casas próprias, utilizam menos programas sociais e pagam mais impostos - contribuem, portanto, com a economia do país. Algumas ações ajudam a chegar lá:

  • Investir em Educação da primeira infância. Isso significa observar, avaliar e intervir no desenvolvimento desde antes de a criança nascer.
  • Melhorar o nível instrucional das mães. Pesquisas indicam que mães com baixa escolaridade conseguem contribuir menos para que os filhos tenham um futuro melhor.
  • Assegurar condições econômicas e sociais. Estatisticamente, adultos bem-sucedidos foram crianças de berço. Famílias pobres tendem a reproduzir a desigualdade que viveram. Para quebrar o ciclo, precisam de suporte.
  • Estimular o cérebro. Chances perdidas nos primeiros anos criam defasagens difíceis de reverter mais tarde. Propicie às crianças experiências e estímulos variados e positivos.
  • Desenvolver habilidades socioemocionais. Não basta valorizar aprendizagens cognitivas. Desenvolva também habilidades sociais e de autorregulação das emoções.
  • Torná-la protagonista da aprendizagem. Observar e respeitar a criança, não importa a condição física, intelectual e social, como sujeito ativo e responsivo às coisas do mundo.
  • Criar e fortalecer vínculos. O pequeno deve sentir-se seguro, bem cuidado e valorizado.
  • Dar acesso à Educação escolar de qualidade. Isso implica uma boa escola, docentes capacitados e saberes que ser usados na sociedade.

Seguir essas diretrizes agora é um grande passo para melhorarmos vidas no futuro.


Ilustração: Adriana Komura

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