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Jornalismo

Conheça e previna as novas agressões virtuais

PorNOVA ESCOLA

06/10/2016

Telma Vinha,

Telma Vinha,
é professora de Psicologia Educacional da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

A internet ampliou nossas possibilidades de informação e de socialização. No ciberespaço podemos falar para o mundo e interagir com qualquer um sem sair de casa. Mas o anonimato e a rápida propagação o tornam um ambiente fértil para agressões. Não pense que por ocorrerem na web elas são menos graves. Há casos de incitação a violências reais e até suicídios. É preciso investir na Educação digital para evitar que os alunos pratiquem ações negativas e também para que aprendam a se defender.

A primeira arma é o conhecimento. Hoje as agressões vão além do cyberbullying (bullying online entre crianças e jovens) e do sexting (exposição de conteúdo erótico), assuntos já tratados  aqui. O novo cardápio de ataques digitais inclui o ciberassédio, quando há diferença de autoridade entre o agressor e o alvo, como um professor e um aluno. O cyberstalking é perseguir alguém por meio da tecnologia, espionando perfis em redes, por exemplo. O cyberthreat são ameaças mais pesadas que podem virar agressões físicas. As trollagens são chamadas tiradas de sarro que humilham pela exibição pública. E o shaming ocorre quando se constrange uma pessoa com um bombardeio de mensagens hostis de internautas.

Todas essas agressões têm em comum o desrespeito ao outro, gerando consequências terríveis para quem as sofre. Ao repercutirem na escola, normalmente são ignoradas ou enfrentadas com ações pontuais, como punir o agressor. Certamente é preciso agir após um episódio de ciberataque, mas limitar-se à punição é pouco eficaz.

Na prevenção  aos ataques, vale discutir casos reais e propor pactos contra agressões.

A intervenção nessa hora deve ser no sentido de acolher a vítima e ajudar quem fez o ataque a se sensibilizar com a dor do outro e a reparar o problema causado. E, de uma maneira mais ampla, a melhor estratégia ainda é a prevenção, com ações cotidianas e espaços para que os estudantes aprendam a usar as novas tecnologias de forma positiva, refletindo sobre as relações interpessoais, as consequências de seus comportamentos, o uso que se faz da rede e seus riscos.  

Um modo de fazer isso é levar casos reais ou filmes para ser analisados pela moçada. Uma sugestão é o drama Bullying Virtual, do diretor Charles Binamé, que conta a história de uma vítima de cyberbullying. Com base na obra, é possível discutir questões relacionadas à segurança na internet, como a possibilidade de criação de perfis falsos, a diferença entre o espaço privado e o público (e o que é compartilhado em cada um deles), a falta de controle sobre o que se posta na rede e os prejuízos gerados por isso.

A discussão pode dar origem a uma outra medida essencial: pactos coletivos contra as agressões virtuais. O ideal é que os termos do acordo partam dos próprios alunos, que se comprometem a combater a propagação de ofensas e prestar apoio aos agredidos. Seja no espaço real, seja no virtual, o convívio ético deve ser um valor na escola. 


Colaborou: THAIS LEITE BOZZA, mestre em Educação pela Unicamp.
Ilustração: Adriana Komura

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