O rolê do mano Shakespeare
Morto há 400 anos, ele agiu como um rapper ao trazer 2 mil novas palavras para o inglês
PorPedro AnnunciatoAlice VasconcellosLívia Perozim
03/08/2016
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Jornalismo
PorPedro AnnunciatoAlice VasconcellosLívia Perozim
03/08/2016
M aior dramaturgo da língua inglesa, William Shakespeare (1564-1616) ostenta mais de 40 peças e muitas razões para ser famoso. Ao menos uma é injustificada: a ideia de que ele criou textos "difíceis". Nada mais falso. Shakespeare sempre quis falar para todos. Na visão do célebre crítico inglês Samuel Johnson (1709-1784), a obra shakespeariana está longe do erudito inatingível. Ao contrário: ela inclui palavras vulgares, típicas do linguajar das ruas, apropriadas artisticamente e, depois, pelos dicionários (cerca de 2 mil novos vocábulos são atribuídos a ele). Mais ou menos como fazem hoje os rappers e a poesia marginal. Mostrar essa faceta do Bardo - sinônimo de trovador, poeta, como ele era chamado - é uma forma criativa de comemorar com os alunos os quatro séculos de sua morte.
Igualmente importante é a revolução que ele promoveu nos palcos (veja abaixo). Em seus épicos, comédias e tragédias, Shakespeare apresenta personagens complexos, parecidos conosco: vaidosos, ambiciosos, ciumentos, invejosos, mas também piedosos, amorosos, amigos. As adaptações são uma boa porta de entrada para a obra do autor mais encenado do mundo. As sugestões são as adaptações de Hamlet e Amleto, de Rodrigo Lacerda, Sonho de uma Noite de Verão, Romeu e Julieta e Macbeth, de Andrew Matthews, e A Tempestade, de Lillo Parra. Se a sua opção for a língua inglesa, a série No Fear Shakespeare (nfs.sparknotes.com) põe lado a lado o texto original e a adaptação.
Hamlet, o príncipe da Dinamarca atormentado pelo fantasma do pai, é o primeiro homem moderno da literatura. Ele é livre para escolher e age pela razão. Até então, os personagens tinham um destino inevitável.
Shakespeare misturou comédia e tragédia, rompendo com os cânones gregos. Criou recursos teatrais como o solilóquio, em que o personagem expõe o que pensa em voz alta.
"Nem tudo que reluz é ouro" está em O Mercador de Veneza. "O que não tem remédio, remediado está", é de Otelo. "Meu reino por um cavalo", de Ricardo III, e "Ser ou não, eis a questão", de Hamlet.
Se a turma quiser encenar as peças, não se prenda tanto ao roteiro original e às montagens clássicas do teatro e do cinema. Deixe-os livres para adaptar, criar os figurinos e os cenários, atribuindo novos significados ao texto.
O texto teatral ganha vida quando lido de formas diferentes. A leitura dramática de uma cena, feita em duplas, ou a repetição de um trecho em diferentes tons de voz (gritando, sussurrando) são algumas técnicas que ajudam a explorar as nuances do texto.
Adapte passagens das traduções para facilitar o entendimento. Escolha pequenos excertos que resumam o enredo da peça ou cujas falas são ganchos para o que acontece na sequência.
Consultoria: CELINA FERNANDES, especialista em Língua Estrangeira, Régis Closel, doutor em teoria e história literária, RONALDO MARIN, diretor do Instituto Shakespeare do Brasil e professor da PUC-Minas, e Rodrigo Lacerda, escritor.
Ilustração: Olavo Costa
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