Quanto alunos cabem numa sala?
PorRodrigo RatierMonise CardosoLucas Freire
02/08/2016
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Jornalismo
PorRodrigo RatierMonise CardosoLucas Freire
02/08/2016
Escolas em tempo integral, contingenciamento de verbas, reorganização de escolas. O que esses temas atualíssimos têm em comum? Todos tocam numa das polêmicas mais vivas da Educação: o número de alunos em sala de aula. A questão reaparece sempre que se propõe aumentar o total de estudantes por classe - cogita-se a medida quando há necessidade de reduzir o custo por aluno. Afinal, a partir de que número a qualidade da aula é afetada? O levantamento mais abrangente sobre o tema foi realizado pela OCDE, clube dos países mais desenvolvidos do mundo, com base em resultados do Pisa. O estudo chega a duas conclusões. O total de estudantes por classe - que na maioria dos países fica entre 20 e 35 alunos no Ensino Médio - não influi muito no desempenho em provas. Mas grupos grandes atrapalham a gestão de sala (veja gráfico). Pode ser um problema para nações que precisam dar um salto na Educação. É o caso do Brasil, onde o professor perde preciosos minutos para manter a ordem e tem menos tempo para ensinar.
Estudo da rede de pesquisa Escola Pública e Universidade aponta superlotação de salas e reorganização silenciosa. O governo do estado nega - e a sociedade ainda não sabe quem tem razão:
Pesquisadores: de maio de 2015 a maio de 2016, a rede ganhou 24 mil alunos.
Governo: entre abril de 2015 e abrll de 2016, a rede perdeu 107 mil alunos.
Pesquisadores: de maio de 2015 a maio de 2016, 2,4 mil salas foram fechadas.
Governo: não houve reorganização e, desde fevereiro, foram abertas 666 novas classes.
Pesquisadores: 13% das classes estão acima dos limites estaduais (30 alunos no EF1, 35 no EF2, 40 no EM e 45 na EJA).
Governo: 0,5% das classes supera limite.
Pesquisadores: Dados são do cadastro escolar da SEE-SP.
Governo: não divulga dados brutos e alega que o estudo "apresenta graves inconsistências".
Provavelmente, você não conhece Marcelo Viana. Normal. Ser matemático não costuma tornar ninguém famoso no Brasil, ainda que a pessoa em questão seja o vencedor do Grande Prêmio Científico Louis D, célebre honraria concedida a cientistas na França. Depois da premiação, Marcelo, que também é diretor do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa), tem se engajado em mostrar a importância cotidiana de sua área. Ele acredita que as dificuldades para realizar cálculos simples impedem o pleno exercício da cidadania em ações diárias (veja exemplos abaixo). Evidenciar essas lacunas é fundamental para questionar a ideia de que é natural não levar jeito com números. "Quando as pessoas não entendem um quadro de arte abstrata num museu, elas disfarçam. Com a Matemática, dizemos escancaradamente que não sabemos nada", provoca. A saída seria apostar em ações de popularização. "É preciso apresentar esse universo de um jeito mais interessante para as crianças. A Matemática é um barato", defende.
JUROS
Não saber calcular os juros previstos naquela compra a prazo com dezenas de parcelas ou o peso do atraso no pagamento do cartão de crédito pode custar caro. Literalmente.
LÓGICA
Matemática também é interpretação de texto, diz Marcelo. "Vi um atendente se recusar a dar um envelope ao destinatário pois a mensagem dizia: 'pode ser retirado pelo próprio ou por seu representante legal'. O rapaz insistia que ?o próprio? se referia ao termo 'representante'."
SOMA E SUBTRAÇÃO
É o exemplo mais dramático de falta de autonomia. Quem não sabe fazer contas básicas precisa contar com a boa fé dos outros na hora de realizar compras e pagamentos cotidianos.
GRANDEZAS
Muita gente não sabe quantas fotos de 200 Mb podem ser salvas num pen drive de 4 Gb. Alguns desconhecem quantos copos americanos de 200 ml são necessários para conter o líquido de uma garrafa de 1 litro. Conhecer unidades de medida é essencial para prever ações concretas.
Ilustração: Zansky
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