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Como lidar com a relação desgastada entre estudantes e um agente incomum no universo da Educação: a Polícia Militar
PorRodrigo RatierMonise CardosoLucas Freire
07/06/2016
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Jornalismo
PorRodrigo RatierMonise CardosoLucas Freire
07/06/2016
O estado varia: São Paulo, Rio de Janeiro, Goiás, Rio Grande do Sul e Mato Grosso. A demanda também: contra o fechamento de escolas, superfaturamento de merenda, parcerias com organizações sociais ou diminuição de investimentos. A cena, porém, se repete: jovens retirados à força de escolas ocupadas, como na ação policial no Centro Paula Souza, na capital paulista, cuja imagem viralizou nas redes sociais (acima). Na maioria das vezes, o impasse não deveria terminar assim. Estudiosos da área de Educação e de segurança defendem que as ocupações não podem ser tratadas como caso de polícia. O diálogo é a ferramenta fundamental. Para Miriam Abramovay, coordenadora da Área de Juventude e Políticas Públicas da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso), a ação judicial cumprida por PMs é recurso para quando todas as possibilidades de diálogo se esgotam. "Eu não vi esses meninos falando nos grandes veículos, não vi líderes públicos dialogando com eles. Os alunos não estão felizes? Então vamos conversar", defende. Já Vitor Henrique Paro, autor do livro Gestão Democrática da Escola Pública, acredita que não deve haver força policial nesse tipo de movimento: a conversa deve imperar e acontecer entre secundaristas e representantes da Educação. "A falha do Estado está em achar que os estudantes estão ali como inimigos, mas eles estão lutando pelo direito a escolas não sucateadas. É legítimo", afirma. Na opinião de Julita Lemgruber, coordenadora do Centro de Estudos de Cidadania da Universidade Candido Mendes, no Rio de Janeiro, o debate está fora de lugar. "Discutir como a PM deve lidar com alunos é totalmente descabido. O debate deve ser sobre como as secretarias de Educação vão dialogar com os estudantes", diz. Para a especialista, militarizar as demandas por Educação é uma herança do período militar. "Nos acostumamos a ver a PM interpretando um papel de cão de guarda na sociedade. Isso precisa mudar", defende.
Foto: Marlene Bérgamo/Folhapress
O mandato do presidente interino Michel Temer começou com muitas incertezas para o campo da Educação. A maior inquietação, entretanto, vem de fora da área. Uma das iniciativas mais explosivas é a intenção do Ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, de apresentar uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) para criar um teto de gastos em Saúde e Educação. Na prática, a administração central fica liberada para passar por cima dos patamares de investimento mínimos exigidos pela Constituição - no caso da Educação, 25% das receitas de estados e municípios e 18% da União. O projeto pode ser mais uma tesourada nas finanças do MEC - seria o terceiro corte em 2016, pois o orçamento do ministério já foi ceifado duas vezes para ajudar a reduzir o rombo nas contas do governo federal. NOVA ESCOLA ouviu especialistas de todo o espectro político para comentar a perspectiva. A maioria condena a possibilidade de uma nova diminuição (abaixo). A redução de investimentos pode prejudicar programas em execução e metas do Plano Nacional de Educação - entre elas, a de investir 10% do PIB em 2024.
Ilustrações: Melissa Lagôa
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