Caminhos de transformação
Experiências formativas variadas levaram estes educadores a alcançar nível de excelência
PorMaggi KrauseJacqueline Hamine
07/11/2015
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Jornalismo
PorMaggi KrauseJacqueline Hamine
07/11/2015
A busca pelo conhecimento acompanha o bom professor, que percebe no dia a dia a necessidade de continuar se aprimorando. Se esse desejo parece natural e legítimo, na realidade brasileira, em que os 33% de jornada dedicada à formação poucas vezes são garantidos aos docentes da rede pública, nem todos conseguem concretizá-lo. No entanto, são perceptíveis a diferença e o impacto de percursos formativos na trajetória dos educadores e nos resultados do ensino. "Quem se forma melhor produz um trabalho mais qualificado e fundamentado, tem clareza em suas escolhas e sabe o efeito de suas intervenções", explica Priscila Monteiro, coordenadora do processo de seleção do Prêmio Educador Nota 10. Boa parte dos dez projetos eleitos este ano, que você conhece nas páginas seguintes, sofreu influência de boas formações.
Quem continua os estudos, mesmo depois de concluída a graduação, busca suprir defasagens que começam no Ensino Superior. No Brasil, o professor não é preparado adequadamente na faculdade para a docência (50% não têm didática para o que ensina) e não sabe lidar com problemas do cotidiano escolar (40% não têm treinamento para a prática), segundo Gabriela Moriconi, pesquisadora da Fundação Carlos Chagas (FCC), em São Paulo. Ela trabalhou na Pesquisa Internacional sobre Ensino e Aprendizagem (Talis, na sigla em inglês), coordenada pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que ouviu 14.291 professores dos anos finais do Ensino Fundamental no país em 2013. A Educadora Nota 10 Paloma Santos, geógrafa licenciada pela Universidade Federal de Sergipe (UFS), teve sorte: a faculdade a orientou para o trabalho de campo, que na Geografia é usado como método. Ao levar os alunos a uma imersão na feira livre local, ela passou no crivo da selecionadora da área, Sueli Furlan, que percebeu a qualidade da graduação no relato da professora.
Já a pedagoga Vânia Emilia Dourado, vencedora com um trabalho de Ciências, se beneficia da formação permanente na escola, que conta com uma orientação pedagógica do Instituto Chapada de Educação e Pesquisa (Icep). Segundo ela, o acompanhamento - parte de sua rotina há 15 anos - a ajudou a ganhar autonomia em sala de aula, refletir sobre a própria prática e organizar e escrever o projeto.
Para Maria Amabile Mansutti, coordenadora técnica do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação e Ação Comunitária (Cenpec), em São Paulo, as escolas deveriam assumir seu papel como centros formativos, pois sediam discussões sobre a realidade dos processos de ensino e aprendizagem. "Os professores produzem conhecimentos nem sempre reconhecidos. Cada instituição deveria publicar as iniciativas e os resultados das práticas pedagógicas, para dar visibilidade a elas", diz a pesquisadora, que defende o uso da experiência docente em programas de tutoria. "Em geral, o educador é quase uma máquina de dar aula. Ele precisa parar para analisar e discutir o trabalho e ter tempo para investigar."
Quando uma rede de ensino não oferece formação ou um determinado assunto não é tema nos cursos, resta ao professor pesquisar, procurar outros profissionais ou subsídios para aprender o conteúdo antes de apresentá-lo à turma. Foi o que fez o educador físico Marcos Vilas Boas, premiado por envolver os alunos no esporte rope skipping. Sem ter muito conhecimento sobre essa modalidade de pular corda, ele assumiu uma postura investigativa: leu artigos, assistiu a vídeos e procurou praticantes para poder ensiná-la aos estudantes, abrindo caminho para que eles avançassem com novas e desafiadoras propostas.
Segundo o relatório Professores Excelentes: Como Melhorar a Aprendizagem dos Estudantes na América Latina e no Caribe, de Barbara Bruns e Javier Luque, o baixo nível de formação docente é um dos fatores que corroboram para o desempenho ruim dos alunos nas avaliações internacionais. A recente pesquisa do Banco Mundial observou 15 mil salas de 3 mil escolas em sete países latino-americanos, entre eles o Brasil. Os percursos de estudo dos Educadores Nota 10 - a que eles foram expostos por escolha ou oportunidade - antecederam seus projetos vencedores e fizeram diferença na aprendizagem da garotada. As experiências a seguir colaboram para que você planeje suas próprias trilhas de aperfeiçoamento, cresça e ganhe reconhecimento, assim como eles.
Ilustrações: Bruno Nunes
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