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Jornalismo

Educadores terceirizados ou com contrato de trabalho temporário não deveriam ultrapassar 10% do total de docentes, segundo recomendação do Conselho Nacional de Educação (CNE). Mas a cifra nacional gira em torno de 25% - equivalente a 450 mil professores, de acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Para Heleno Araújo, secretário de assuntos educacionais da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), esse tipo de contratação é uma estratégia dos governos para gastar menos com a área. "O temporário faz o mesmo trabalho que um efetivo, mas com salário menor e sem direitos. O correto seria abrir vagas por concurso público", afirma. O drama aumenta no início do ano, quando o contrato de muitos se encerra. Para não configurar vínculo empregatício, os professores precisam ficar afastados até uma nova oportunidade. Em estados como São Paulo, o período longe das aulas e sem receber pode chegar a 200 dias - a chamada duzentena. Em depoimentos a NOVA ESCOLA, docentes da rede contam o que é viver nessa incômoda condição.


O elo mais frágil

Um entre cada quatro docentes das redes públicas é temporário ou terceirizado


Disciplinas com mais temporários

  • Química 42%
  • Física 43%
  • Biologia 34%
  • Matemática 32%
Fonte: Relatório Subsídios e Proposições Preliminares para um Debate sobre o Magistério da Educação Básica no Brasil.

O afastamento compulsório na voz dos professores

À espera de notícias

"Fui aprovada no concurso de 2013, mas ainda não me chamaram. Meu maior medo é ficar sem trabalho por 200 dias, mas tenho receio de ser convocada nesse período e não poder assumir por estar na duzentena. A informação é de que o vínculo será temporário até a efetivação, em 2016."
Paola Domingues

 

Aulas só em agosto

"Apenas poderei retornar à sala de aula no mês de agosto. Estou impedida de estabelecer vínculo até mesmo como docente eventual na rede estadual. Enquanto isso, quando vou levar minha filha à escola, a inspetora me diz que não haverá aulas porque faltou professor."
Katia Amorim

 

 

Adeus, docência

"Somos mandados embora a cada dois anos com uma mão na frente e outra atrás. Para 2015, já não tenho nenhuma perspectiva de conseguir dar aulas. Estou estudando para concursos e pensando em trabalhar em qualquer outro setor que me dê alguma oportunidade."
Mariana Mussi

 

 

Fora da seleção

"Meu contrato em uma Escola Técnica Estadual (Etec) terminou em dezembro de 2014. Entrei em duzentena e, durante seis meses, não posso nem prestar processo seletivo para outro contrato de temporário na rede de Etecs. Questiono por que não abrem concursos com frequência."
Cristiane Riberti

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