Como concreto e tinta podem ajudar a alfabetizar?
A escola toda deve ser vista como um lugar de aprendizagem, e isso pode acontecer até mesmo debaixo de uma árvore!
PorMara Mansani
04/07/2016
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Jornalismo
PorMara Mansani
04/07/2016
Com o tempo, aprendi que um ambiente alfabetizador é um espaço que disponibiliza bons materiais e proporciona muita aprendizagem para os alunos. (Foto: Mariana Pekin)
Já trabalhei em 15 escolas de cinco cidades de São Paulo. Dito assim, parece simples. Só que São Paulo é um mundo. Ensinei em zona urbana e rural. Multisseriadas, pequenas e grandes. Com luz elétrica e de lampião. Todas me presentearam com boas experiências (falei um pouco disso também no meu post de estreia). Elas me formaram, me marcaram. Ainda lembro delas com saudades E nesta longa estrada da vida, uma pergunta nasceu: como o concreto e a tinta que formam as paredes da sala colaboram com o trabalho de alfabetização?
Fui atrás de referências. Aprendi nesta entrevista com Ana Teberosky que o ambiente alfabetizador“é aquele em que há uma cultura letrada, com livros, textos digitais ou em papel, um mundo de escritos que circulam socialmente”. Compreendi, então, que um ambiente alfabetizador não é somente um espaço físico onde o aluno pode ter acesso a materiais que o auxiliem ou deem o suporte necessário para a sua alfabetização e seu contato com as letras. A escola toda deve ser vista como um lugar de aprendizagem, e isso pode acontecer até mesmo debaixo de uma árvore!
Hoje, sempre que possível (e em todas as sextas-feiras), procuro modificar a posição das carteiras dos alunos, ora em grupos ou duplas, em formato oval ou em U, conforme as atividades. A sala se transforma: é hora da roda de leitura e leitores, da conversa, da assembleia.
Mesmo com a sala pequena, ajeitamos ali, aqui. Vale o trabalho. No único painel disponível, deixo afixados textos dos alunos e para os alunos. São poemas autorais, piadinhas, textos de “Você sabia que..?”, e tudo o que foi explorado na alfabetização da turma.
Além disso, deixo na sala (e fora de armários) todos os materiais de aprendizagem. Temos regras e elas são cumpridas para um bom uso. Atualmente, minha sala de aula é ambiente fértil, onde todos podem dar sugestões, comentar e dar opiniões, interagir nas atividades propostas, falar e ser ouvido. Assim, sigo facilitando a aprendizagem e mediando as relações com minha turma.
Nesses últimos anos, passei também a valorizar e a incentivar ainda mais a troca com meus colegas. Pensamos juntos de que forma aprimorar a nossa escola. No pátio, sempre há uma amostra do que está sendo trabalhado, e ele é aproveitado para contar histórias, para cantorias ou para dar recados importantes. Dentro das salas, há alfabetos, quadros numéricos, cantos de leituras, cantos de brincar e produções dos alunos.
Em cima do quadro, coloco um alfabeto para que os alunos possam consultar como referência. (Foto: Mariana Pekin)
Coloco aqui algumas questões que são persistentes em minha rotina e que podem ajudar a sua reflexão:
Os alunos podem consultar os próprios trabalhos ou textos de referência nos murais da sala. (Foto: Mariana Pekin)
Nem sempre temos o espaço ideal, mas é possível adaptar e transformar o que possuímos. Precisamos construir uma instituição que seja de todos, onde as relações humanas e a aprendizagem sejam mais importantes que qualquer problema ou diferenças.
Conte para gente como estão os espaços em sua escola. Afinal tem muita experiência interessante acontecendo em todo o Brasil e que pode contribuir para a prática pedagógica de muitos educadores. Deixe seu comentário, mande fotos. Mostre como você tem usado as paredes!
Um abraço e até o próximo post.
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