A coordenadora que via aulas de fração
PorNOVA ESCOLA
10/08/2016
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Jornalismo
PorNOVA ESCOLA
10/08/2016
Cybele Amado de Oliveira,
é pedagoga e presidente do Instituto Chapada de Educação e Pesquisa (Icep)
"Precisei aprender a escutar os professores e a dizer que estávamos juntos tanto nos sucessos como na superação dos desafios." Assim começa o registro de Maria Lúcia Alves Santos, coordenadora pedagógica da EM Professora Maria Marcolina Xavier, em Ibitiara, no interior da Bahia. A constatação de que o diálogo e o trabalho em parceria eram os principais ingredientes para melhorar o trabalho pedagógico veio em episódios concretos. Como o da professora que contou que não conseguia levar os alunos a aprender frações.
A dificuldade era geral: a turma não compreendia a relação entre a parte e o todo. Maria Lúcia combinou, então, de observar algumas aulas da educadora. Seu foco eram os alunos: ela tentava identificar como eles pensavam e o que sabiam sobre o conteúdo. A principal pista estava nas anotações feitas pelos estudantes nos cadernos, que registravam os caminhos de cada um para solucionar os problemas propostos.
Em paralelo, ela sugeriu a leitura de Didática da Matemática, livro de referência da autora argentina Delia Lerner. Estudando a obra juntas, as duas chegaram à conclusão de que usar gráfico de pizza para representar frações de uma unidade - como a educadora fazia - nem sempre ajudava os estudantes a solucionar os problemas desse tipo.
Quando o espaço favorece a colaboração entre os membros da equipe, a atuação pedagógica deixa de ser isolada.
Na teoria e nas observações de classe, elas elaboraram uma nova sequência didática. Dessa vez, adicionaram uma etapa extra, pedindo que cada aluno contasse à turma seu raciocínio para chegar à resposta. Deu certo! O compartilhamento de estratégias foi a chave para todos avançarem.
Perceba que a observação cuidadosa da gestora não teve a intenção de apontar erros no ensino, mas de ajudar a pensar em alternativas para que a aula pudesse ser melhor. Esse caso mostra que a responsabilidade pelo sucesso do trabalho escolar é conjunta. Quando o espaço favorece a colaboração entre os membros da equipe, a atuação docente deixa de ser algo solitário e o isolamento pedagógico - uma eterna dificuldade dos professores - por fim desaparece.
Para que isso ocorra, o primeiro passo é sistematizar a reflexão e o planejamento conjunto, reservando um espaço para isso - os encontros de formação. É importante que os docentes não faltem, então o horário das reuniões deve levar em conta a disponibilidade de todos. O clima deve ser de respeito e escuta, sem julgamentos e punições, para que cada um se sinta à vontade para expor suas preocupações e dificuldades.
Nos momentos de troca, a equipe unida encontra caminhos para resolver os problemas que encontra. A beleza e a importância da formação continuada estão no entendimento de que todos - gestores, professores e alunos - precisam uns dos outros para avançar. O papel da coordenação pedagógica não é supervisionar o trabalho docente, mas atuar ao lado dos educadores para garantir a melhora da aprendizagem.
Ilustração: Adriana Komura
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