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Jornalismo

Conselho vivo, resultados melhores

Diretor muda o modo de conduzir o conselho de classe e resultados se refletem no desempenho dos alunos

PorNOVA ESCOLA

08/04/2016

Nos encontros, Renato e colegas passaram  a focar os avanços  na aprendizagem. Foto: Rafael Santana

"Sabe aquelas formalidades da rotina escolar que não entendemos muito bem para que servem e como utilizá-las? Então: até 2011, o conselho de classe da instituição que dirijo era visto como uma mera burocracia pelos professores.  Quando reformulamos esses encontros, os resultados foram surpreendentes: a proficiência leitora dos alunos do 5º ano na Prova Brasil subiu de 18% naquele ano para 26% em 2013. Já a evasão caiu quase pela metade, de 11,5% para 6,8% durante o mesmo período.

Você pode estar se perguntando o que o conselho de classe tem a ver com a melhoria do desempenho dos alunos e a permanência na escola. Eu explico: a grande virada foi mudar o foco dos encontros. Em vez de nos reunirmos apenas para decidir quais alunos mereceriam uns décimos a mais nas notas, passamos a refletir sobre as intervenções necessárias para o avanço dos estudantes.

Em seguida, definimos propostas de planejamento e encaminhamentos para assegurar a efetividade das reuniões, com ações que contam com o envolvimento de toda a comunidade escolar. Antes de cada edição do conselho, que ocorre trimestralmente, levantamos dados sobre o desenvolvimento dos estudantes. Um instrumento superimportante para isso é o diagnóstico de leitura e escrita das turmas. Os docentes registram os percursos dos alunos e compartilham com a coordenação pedagógica, que, por sua vez, analisa os resultados acadêmicos por disciplina e identifica os pontos críticos.

Os estudantes e responsáveis também possuem vez e voz. Seus representantes têm assento garantido no conselho e, além disso, elaboramos questionários para obter a opinião deles sobre fatores que impactam o desempenho. Crianças e jovens listam possíveis razões para as dificuldades, como problemas de relacionamento com o professor, falta de concentração e muito barulho em sala. Os líderes de classe reúnem os tópicos que a garotada quer colocar em discussão na reunião. Já os pais contam, por exemplo, como acompanham a lição de casa.

As informações nos ajudam a identificar os pontos que precisam de atenção e, também, a montar a pauta do encontro. Junto com a coordenação, apresento os principais resultados e problemas, que são analisados conjuntamente. Montamos um plano com as metas para o próximo trimestre e as ações que cada envolvido deve fazer para alcançá-las. Por fim, elaboro um boletim com as resoluções, para que todos tenham acesso.

Para reverter o baixo índice de leitura, por exemplo, estabelecemos a meta de ter 60% dos alunos lendo com fluência. Para isso, os docentes inseriram atividades permanentes de leitura em todas as disciplinas. Os coordenadores intensificaram o acompanhamento das turmas. À direção coube implantar atividades de incentivo a essa prática, como tertúlias literárias. Já os estudantes se comprometeram a participar das propostas e os pais a acompanhá-los em casa. Tenho certeza de que os avanços só estão começando."

 

RENATO CORREIA CARNEIRO é diretor do Educandário Ulisses Guimarães, em Bonito, a 465 quilômetros de Salvador. Depoimento a Karina Padial

 

 

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