Módulo 5: Pular, tocar, dançar
Como ampliar o repertório cultural das crianças por meio de brincadeiras populares que envolvem a música e o movimento expressivo
PorNOVA ESCOLA
11/02/2016
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Jornalismo
PorNOVA ESCOLA
11/02/2016
O povo brasileiro é conhecido internacionalmente pela sua rica produção musical. De fato, olhando de perto, ninguém nega como é vasto e diversifcado o nosso repertório. O mesmo é possível dizer da dança, que, desde as mais tradicionais até a contemporânea, desenvolveu uma linguagem própria nos últimos anos graças ao trabalho de companhias criativas com seus espetáculos inovadores. E a escola, como tem trabalhado com esse importante conteúdo? O que as crianças estão aprendendo? Como a dança e a música aparecem no currículo? Há muito mais a aprender além de coreografas prontas e apresentações ensaiadas para eventos especiais - tais como as datas comemorativas ou a festa de fm de ano. Esta sequência de formação - elaborada com exclusividade para GESTÃO ESCOLAR por Silvana Oliveira Augusto, professora do Instituto Superior de Educação (Isevec) e coordenadora de cursos a distância do Instituto Avisa Lá, ambos em São Paulo, vai provocar algumas refexões e criar momentos para ampliar o repertório das crianças com base no contexto das brincadeiras infantis de todo o Brasil.
Formar professores da Educação Infantil para a promoção de experiências às crianças de 2 a 5 anos.
Apoiar a coordenação pedagógica no planejamento de atividades envolvendo dança e música.
Um semestre, com reuniões quinzenais.
CDs, materiais para cenários lúdicos (tules coloridos, tecidos, elásticos etc.), máquina fotográfca e/ou filmadora, textos e vídeos sugeridos neste módulo.
Comece avaliando as apresentações que a escola promove. Há muito a aprender além de coreografias prontas em eventos e datas comemorativas. Porém, nem sempre esses momentos são vistos como oportunidade para aprendizagens. Faça uma linha do tempo em papel Kraft com fotos das apresentações das crianças nos últimos anos e peça para os professores reconstituírem a história de cada uma. Convide-os a olhar o painel de longe e refetir: quais apresentações envolveram de modo integrado a música e a dança? Das fotografias, quais melhor representam a expressividade corporal das crianças? Do ponto de vista das aprendizagens específicas, de que modo as turmas aprenderam as coreografias e a musicalidade de cada evento? Como foi planejada a progressão das aprendizagens específicas de cada linguagem? O que aprendemos sobre como ensinar esses conteúdos? Nas próximas festas, o que podemos ter como desafio para que as crianças avancem? Para apoiar essa análise, ofereça o check-list no quadro abaixo, construído com base no Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI) e organize uma síntese da avaliação feita para iniciar o portfólio sobre a pesquisa e exploração das danças ou folguedos populares que será desenvolvida.
Coordenador Esta sequência deve ser adaptada de acordo com o tamanho e o tempo de sua equipe. Nessa etapa, por exemplo, é importante validar as boas práticas já constituídas e lançar os desafios para um trabalho que dê espaço à expressão criativa (leia os conceitos nos quadros da 3ª reunião), mesmo que seja baseado em coreografias tradicionais. É possível que essa reunião tenha de ser prolongada.
Possibilidades expressivas da dança
Possibilidades expressivas da produção musical
Folguedos são manifestações folclóricas de grupos que representam um enredo tradicional, desenvolvido com base em um drama de personagens que aparecem trajados a caráter, de acordo com a tradição. Bumba meu boi, congada e pastoril são bons exemplos que surgem em várias regiões brasileiras. O Brasil tem um rico repertório de danças folclóricas, expressões populares caracterizadas por uma coreografa típica que acompanha um certo estilo musical (ciranda, catira e maculelê, entre outros). As tradições culturais são ricos contextos para a criança imaginar, produzir música e dançar. Proponha aos professores a análise de duas experiência com o tema do boi, inspirador de festas populares de diferentes regiões do país. Apresente os textos Brincadeira, Arte e Cultura em Florianópolis, de Mônica Fantin, e Chita no Carnaval e no São João, de Lucília Franzini. Nas discussões em subgrupos, peça que eles preencham um quadro semelhante a este modelo:
Ajude-os a investigar como a estética dos enredos nas diferentes regiões e a riqueza da indumentária de certas manifestações podem ser exploradas em danças e brincadeiras. Para finalizar, construa com os professores um roteiro para o planejamento de uma proposta com base em uma dança ou folguedo, usando o desenho de planejamento desenvolvido por Mônica Fantin.
O planejamento de uma nova proposta exige estudos para ampliar o repertório: oficinas com pessoas da comunidade para dançar, tocar e cantar e sessões coletivas de filmes sobre dança enriquecem o trabalho e dão vitalidade ao grupo. Para iniciar essa etapa, organize uma oficina de pesquisa do repertório de danças e folguedos. Oriente os professores a conduzir com as crianças uma consulta à comunidade a fim de identificar pais, amigos, parentes e vizinhos que integrem grupos folclóricos ou conheçam um repertório de memória. Você pode convidá-los a participar de alguns encontros. Ofereça como apoio fontes previamente levantadas e peça que os professores sistematizem as pesquisas para contarem aos colegas. Por fim, oriente-os a escolher uma dança ou folguedo para ensinar às crianças.
Essa dimensão do movimento engloba tanto as expressões e a comunicação de ideias, sensações e sentimentos pessoais como as manifestações corporais que estão relacionadas com a cultura. A dança é uma das manifestações da cultura corporal dos diferentes grupos sociais que está intimamente associada ao desenvolvimento das capacidades expressivas das crianças. A aprendizagem da dança pelas crianças, porém, não pode estar determinada pela marcação e definição de coreografias pelos adultos. (Brasil, MEC, RCNEI, p. 30)
A música está presente em diversas situações da vida humana. Existe música para adormecer, dançar, chorar os mortos, conclamar o povo a lutar. Presente na vida diária de alguns povos, ainda hoje é tocada e dançada por todos, seguindo costumes que respeitam as festividades e os momentos próprios a cada manifestação musical. Nesses contextos, as crianças entram em contato com a cultura musical desde muito cedo e assim começam a aprender suas tradições musicais. (Brasil, MEC, RCNEI, p. 34)
Depois de pesquisar as referências, é hora de sistematizar planejamentos consistentes para serem desenvolvidos nos próximos meses - o que pode ser feito em duplas. Você pode intervir sugerindo a melhoria das atividades e organizando pautas para a observação e o registro da prática. Planeje o registro escrito e fotográfico das brincadeiras e a organização de portfólios e elabore um cronograma de encontros para supervisionar o trabalho, criando momentos para que eles partilhem o que estão fazendo.
Como lidar com crianças que tenham alguma deficiência ou necessidade especial que restrinja movimentos ou escuta? No planejamento de atividades envolvendo música e dança, pense em como incluir todas, de acordo com cada contexto. Os próprios alunos podem e têm direito de dar sugestões de como participar. No projeto Ciranda, publicado na revista NOVA ESCOLA, a especialista Maria da Paz Castro, orientadora de práticas inclusivas da Escola da Vila, em São Paulo, sugeriu ajustes para incluir de modo participativo crianças com deficiência motora: colocá-las para ajudar na marcação de ritmo ou dar um sinal combinado com a turma para a mudança de passo, segurar um estandarte ou outro objeto importante para a dança, fazer pesquisa sobre o tema e apresentar aos colegas ou ser o fotógrafo da atividade. "Assim, ele deixa o papel da criança que sempre precisa de ajuda para ocupar um posto importante, de quem tem algo a oferecer à turma", afirma ela. As discussões coletivas devem incluir os demais educadores, porteiros e equipe de apoio, pois muitas adaptações, principalmente as espaciais, envolvem toda a instituição.
Organize uma troca de portfólios entre os professores para que cada um conte o que pesquisou, planejou e desenvolveu. Oriente-os a considerar o instrumento utilizado na 1ª reunião como referência de análise do próprio trabalho, explicitando os objetivos específicos das linguagens, o que as crianças aprenderam e o que os professores fizeram. Eles podem produzir painéis com fotografias do percurso e legendas explicativas do processo para apoiar a reunião de pais.
O Domínio do Movimento, Rudolf Laban, 272 págs., Ed. Summus, tel. (11) 3872-3322, 68,10 reais
Explorando o Universo da Música, Nicole Jeandot, 174 págs., Ed. Scipione, tel. (11) 4003-3061, 40,50 reais
Expressão Corporal na Pré-Escola, Patricia Stokoe e Ruth Harf, 152 págs., Ed. Summus, 39,90 reais
Gestos de Cuidado, Gestos de Amor - Orientações sobre o Desenvolvimento do Bebê, André Trindade, 168 págs., Ed. Summus, 86,90 reais
Gesto e Percepção, Hubert Godard, in Lições de Dança - vol. 3., Ed. UniverCidade, tel. 0800-606-9999, só para consulta
Kollreutter Educador, Teca Alencar Brito, 192 págs., Ed. Peirópolis, tel. (11) 3816-0699, 42 reais
Música na Educação Infantil, Teca Alencar Brito, 208 págs., Ed. Peirópolis, 49 reais
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