Conteúdo não atende às demandas do dia a dia
Embora as secretarias invistam em formação, os programas oferecidos não ajudam os diretores a enfrentar os desafios cotidianos do cargo
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04/01/2016
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Jornalismo
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04/01/2016
Investimentos existem. Nada menos do que 23 das 24 secretarias estaduais de Educação que responderam à pesquisa da Fundação Victor Civita (FVC) declararam ter oferecido programas de formação para os diretores escolares nos últimos cinco anos. Eles são ministrados das mais diversas formas: com profissionais internos da Secretaria de Educação ou instituições contratadas especificamente para essa finalidade (veja infográfico no quadro abaixo). Em média, o Brasil gasta anualmente cerca de 1.810 reais por gestor em cursos, oficinas, seminários, palestras e iniciativas semelhantes para que eles aprimorem seus conhecimentos e trabalhem com mais segurança (veja gráfico acima). O problema, no entanto, não é a ausência de oferta, mas o tipo de formação colocada à disposição dos gestores.
Das 23 secretarias que declararam oferecer programas de formação:
O estudo mostra que os conteúdos tratados nos encontros oferecidos ou são muito teóricos e pouco úteis para ajudar a enfrentar as demandas do dia a dia, ou excessivamente técnicos, não contextualizando os problemas de gestão. Falta espaço para a promoção de debates e para a troca de experiências e reflexões sobre a prática da gestão (leia o quadro Boas ideias).
Para dar maior segurança ao diretor, alguns estados oferecem uma capacitação inicial que o ajude a ter uma visão geral do conjunto da escola, do seu papel de líder e dos novos desafios que irá assumir. No Amazonas, onde a seleção é feita por indicação, os candidatos precisam ter uma pós-graduação ou participar do Programa de Capacitação a Distância para Gestores Escolares (Progestão), oferecido pela Secretaria de Educação, em parceria com o Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed). O curso dura cerca de 300 horas e é feito predominantemente a distância. Já no Mato Grosso do Sul, onde os diretores são escolhidos por eleição, os interessados fazem uma capacitação prévia de 40 horas e passam por prova de conhecimentos. "Só pode pleitear o cargo quem tiver pelo menos 50% de aproveitamento", explica Vera Lúcia Campos Ferreira, da Superintendência de Políticas para Educação da Secretaria Estadual de Educação do Mato Grosso do Sul.
Contudo, cursos com carga horária tão reduzida não são suficientes para uma boa formação. "O diretor tem de saber gerir tudo, de gente, merenda e dinheiro à parte pedagógica. Ele necessitaria de formação regular no contexto de trabalho de pelo menos um ano", afirma Tereza Perez, diretora executiva da Comunidade Educativa Cedac. "É uma função complexa, que lida com muita gente e envolve ações diversas. Logo, requer uma boa preparação", acrescenta Tereza. Nesse sentido, mais importante do que a capacitação inicial é a formação em serviço, que deve ser oferecida pelas secretarias de Educação de forma frequente e focada nas mais variadas temáticas que envolvem a gestão. Ele pode abranger, entre outros assuntos, orientações sobre como analisar as variáveis que impactam no resultado de um indicador de desempenho, as melhores maneiras de planejar estratégias para corrigir as deficiências apontadas e formas diferenciadas de a escola se aproximar da comunidade. O essencial, contudo, é poder compartilhar experiências para conhecer como outros gestores solucionaram problemas semelhantes. Até mesmo reuniões para discutir orientações técnicas - como a divulgação de normas e procedimentos e o estudo de uma nova legislação, que tendem a ser vistos como pouco relevantes e meramente burocráticas - têm sua importância. "Qualquer encontro das secretarias com os gestores pode se tornar um momento de formação. O importante é que os conteúdos sejam trabalhados com foco na promoção da qualidade da Educação", afirma a pedagoga Roberta Panico, coordenadora da Comunidade Educativa Cedac e consultura pedagógica da revista NOVA ESCOLA GESTÃO ESCOLAR.
Ter uma estrutura de formação continuada ajuda a estabelecer uma relação de parceria entre os gestores e a secretaria. Consequentemente, os diretores se sentirão amparados e com respaldo para as tomadas de decisões e a rede tende a crescer como um todo.
Conheça algumas sugestões para tornar os encontros com os diretores mais produtivos e eficazes.
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