Ler para escrever
Bons leitores são bons escritores? Nem sempre. Para enfrentar o desafio da escrita, é preciso investigar as soluções de autores reconhecidos
01/01/2016
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Jornalismo
01/01/2016
Todo mundo já ouviu (e provavelmente também já repetiu) a ideia de que, para escrever bem, é preciso ler bem. À primeira vista, parece um princípio básico e indiscutível do ensino da Língua Portuguesa. Tanto que a opção de nove entre dez professores tem sido propor aos alunos a tarefa. Ler muito, ler de tudo, na esperança de que os textos automaticamente melhorem de qualidade. E, muitas vezes, a garotada de fato devora página atrás de página, mas - pense um pouco no exemplo de sua classe - a tal evolução simplesmente não aparece. Por que será?
Antes de mais nada, ninguém aqui vai defender que não se deva dar livros às crianças. A leitura diária é, sim, uma necessidade para o letramento. Mas ler para escrever bem exige outra pergunta: de qual leitura estamos falando? Para fazer avançar a escrita, a prática tem de ser um ato de compromisso e com foco (as ilustrações abaixo mostram alguns exemplos). Pelo contrário: exige intenção e um encadeamento definido de atividades, que tenham como objetivo mostrar como redigir textos específicos (leia a sequência didática).
"A leitura para escrever é um momento que coloca os estudantes numa posição de leitor diferente. A tarefa deles será encontrar aspectos do texto que auxiliem a resolver seus próprios problemas de escrita", afirma Débora Rana, formadora de professores do Instituto Avisa Lá, em São Paulo, e selecionadora do Prêmio Victor Civita - Educador Nota 10.
É um trabalho que destaca a forma (estamos falando de intenção comunicativa e estilo, portanto), um tema relacionado a inquietações que tiram o sono de muitos docentes: por que as composições dos alunos têm tão poucas linhas? Por que eles não conseguem transmitir emoção ou humor? Por que as descrições de lugares e personagens não são detalhadas?
Confira como usar a leitura a serviço da produção de texto
A leitura ajuda a criar histórias com ritmo...
...caracterização dos personagens...
...e descrições psicológicas.
A ideia do trabalho é analisar os efeitos e o impacto que cada obra causa em quem a lê. Sensações, claro, são subjetivas, variando de pessoa para pessoa. Mas, quando lê diversos textos bons, com expressões e características recorrentes, a turma consegue, aos poucos, entender que é a linguagem que gera os tais efeitos que nos comovem ou divertem. Nesse sentido, o conto, um dos tipos de texto mais usuais nas classes de 3º a 5º ano, oferece excelentes recursos para enriquecer produções de gêneros literários.
Cabe ao professor, no papel de leitor mais experiente, compartilhar com a turma as principais preciosidades, iluminando onde está o "ouro" de cada obra. Abaixo, listamos alguns dos principais pontos a ser observados e trabalhados nos textos da garotada. Também elencamos exemplos de como os contos podem ajudar a melhorá-los.
"- Ah! - disse a moça, soluçando. - O rei me mandou fiar toda esta palha de ouro. Não sei como fazer isso!"
Por fim, um lembrete: você pode ter colocado os estudantes para ler e ter direcionado a atividade para melhorar os textos, mas o trabalho não para por aí. Eles precisam ter a oportunidade de pôr o conhecimento em prática. Ainda que a leitura seja essencial para impulsionar a escrita, não se desenvolve o comportamento de escritor sem enfrentar os desafios do escrever.
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