Pare, respire, relaxe. Um projeto que manteve o equilíbrio mental da escola
Um grupo de psicólogos mudou a rotina e as relações dos professores da escola de Mara Mansani
POR: Mara Mansani
Estamos na reta final do ano letivo, e várias preocupações rondam nossas cabeças. A aplicação das avaliações e a pressão geral para um bom desempenho, os conflitos de relacionamento entre a aquipe, os alunos que ainda apresentam dificuldades, a correria para desenvolver conteúdos finais. Isso sem contar nossos afazeres e necessidades da vida pessoal, e as recentes notícias de tragédias nas escolas brasileiras, que acabaram abalando a todos nós. Ufa!
Temos tanto para pensar, organizar e fazer que fica difícil manter o equilíbrio e a saúde mental. Apesar de tudo, por incrível que pareça, estou muito cansada fisicamente, mas me sinto bem. E sei que muito desse bem-estar vem do apoio proporcionado pela parceria entre a escola onde trabalho e uma universidade.
Já comentei aqui, em outro post, sobre o projeto que temos lá na E.E. Professora Laila Galep Sacker em parceria com estudantes de Psicologia da Universidade de Sorocaba (Uniso). Vinte desses estudantes, acompanhados e orientados pela professora mestre em Educação Walquiria Regina Ramires Miguel, observaram as relações da escola e desenvolveram algumas intervenções na equipe e nas relações de aprendizagem.
As estratégias de intervenção são fruto da reflexão das necessidades, levantadas a partir da escuta de todos os atores da escola: alunos, direção, coordenação, funcionários e pais. A ideia é desenvolver condições de aproximação entre todos.
No início, não gostei da presença daquele grupo me observando. Me senti desconfortável. Mas com o tempo e as explicações, entendi o propósito e cheguei a ficar ansiosa pelas intervenções.Muitas vezes, quem olha de fora consegue ter maior clareza das possibilidades de caminhos a seguir.
Eles apresentaram e abriram a discussão sobre os dados observados, os sentimentos e perspectivas de atuação em nossa escola. Todas as terças-feiras, lá estavam eles, prontos para atuar com os alunos, mas com os professores, também.
Os temas e abordagens das vivências preparadas para os professores foram bem variados. Um dos que me chamou a atenção foi sobre a cultura da paz e comunicação não violenta. O objetivo era mobilizar os professores para uma reflexão e encontrar novas formas de convivência baseadas na conciliação, na generosidade, na solidariedade, no respeito aos direitos humanos e à diferença, assim como a rejeição de toda forma de opressão e de violência.
Para isso, foram aplicadas técnicas como a meditação (mindfullness), biodanza, técnicas de relaxamento e bioenergética, técnicas expressivas, dinâmicas e rodas de conversa. Imaginem nós, professores, tão estressados, sempre na correria, parando uma vez por semana e usando o tempo para falar e ser realmente ouvido, dançar, relaxar, esvaziar a mente, refletir sobre nossos relacionamentos interpessoais. Foi muito, muito bom!
Sinto que estamos melhores com essas intervenções. Mas isso não é uma receita mágica de felicidade, e não precisa ficar restrita a pequenas experiências de intercâmbio entre professores e psicólogos. Entendi que precisamos olhar para nosso interior, conhecer a nós mesmos, nos libertar de relacionamentos em que fomos oprimidos e também opressores. Para se sentir bem, é importante se colocar no lugar do outro e estar aberto a mudanças.
A convivência com esses alunos-psicólogos foi difícil no começo, mexeu com muita coisa da escola. Encerraremos o ano com mais perspectivas, esperança e ações para melhorar nossa convivência. Só temos a agradecer!
E vocês, queridos professores? Como anda a saúde mental dos professores em sua escola? E os relacionamentos interpessoais? Que tal começar um grupo de meditação, ou alguma outra técnica de relaxamento e interação com quem estiver interessado da sua equipe?
Um grande abraço a todos e até a próxima segunda-feira,
Mara Mansani
Tags
Assuntos Relacionados