Literatura na escola - 7º ano: Poemas de Manuel Bandeira
Pornovaescola
02/09/2017
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Jornalismo
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Estimular o gosto pela leitura;
Desenvolver a competência leitora;
Desenvolver a sensibilidade estética, a imaginação, a criatividade e o senso crítico;
Estabelecer relações entre o lido/vivido ou conhecido (conhecimento de mundo);
Reconhecer a diferença entre sentido literal e figurado;
Aprofundar-se na particularidade da palavra poética.
Intertextualidade;
Paródia;
Paráfrase, análise e interpretação;
Eu lírico ou Eu poético.
6º, 7º, 8º, 9º
Quatro aulas
Livro Belo Belo e outros poemas. Manuel Bandeira, 48 págs, José Olympio, tel (21) 2585 2000, preço 32 reais
Poema O Adeus de Teresa, de Castro Alves
Introdução
Esta é a sétima de uma série de 16 sequências didáticas que formam um programa de leitura literária para o Ensino Fundamental II.
Paráfrase e hipótese interpretativa
Coloque no quadro o seguinte poema de Belo Belo:
Teresa A primeira vez que vi Teresa |
Peça que os alunos respondam por escrito:
1) a) O que fala o poema? Faça uma "paráfrase", ou seja, explicite seu conteúdo no nível mais literal possível.
Na paráfrase, o leitor deve ater-se ao que as palavras significam literalmente, no seu sentido usual, como se estivessem fora de contexto. Quando interpretamos um poema, buscamos o figuradseu sentido, aquele que só existe em situações não usuais. Para isso, temos que ler nas entrelinhas. |
Assim, literalmente o poema Teresa apresenta um Eu-Lírico que observa Teresa em três momentos diferentes e, em cada um deles, obtém uma impressão diversa.
b) Quais são as três impressões do Eu-lírico sobre Teresa?
2) Do que fala o poema? Arrisque uma interpretação do sentido figurado, das entrelinhas de Teresa.
O poema figura uma aproximação amorosa entre o Eu-lírico e Teresa. Num primeiro momento, ele rejeita a sua aparência física; num segundo momento, se interessa pelo seu olhar; por fim, se apaixona cegamente. |
Verifique se a classe conseguiu atingir o sentido figurado do poema. Mostre a eles que, para entendê-lo por completo, é preciso analisar a intertextualidade por traz dele.
Recoloque o poema na lousa e analise-o em aula dialogada.
Na primeira estrofe, o Eu-lírico conta que, quando viu Teresa pela primeira vez, achou-a estúpida. Note que primeiro ele olha para as pernas - o que pode sugerir que ela seja mais alta que ele - e depois para o rosto. A escolha da palavra "cara" sugere também um Eu-lírico de pensamento infantil, pois a perna é estúpida e Teresa tem cara de perna. Na segunda estrofe, percebemos uma mudança de olhar do Eu-lírico sobre Teresa: ele atenta para o olhar da moça - não para os olhos ou para a "cara" - e reflete sobre sua maturidade. Na última estrofe, as palavras são empregadas no sentido figurado com mais opacidade. A metáfora utilizada por Bandeira exige reconhecimento da intertextualidade com o texto bíblico do Gênesis, em que é descrita a versão cristã para a criação do Universo. |
Análise intertextual
Pergunte aos alunos se eles conhecem explicações não-científicas para o surgimento do Universo. Garanta que a sala compartilhe os conhecimentos individuais.
É importante reforçar que antes da criação do céu e da terra, havia apenas um universo caótico e sem forma, e que as ações nas narrativas sobre a Origem se dão no sentido de ordenar esse caos.
Cabe reforçar também que a explicação científica para a origem do Universo só se tornou hegemônica na Europa, no século XIX. Antes disso, o homem produzia explicações mitológicas, a fim de dar sentido aos fenômenos que nos cercam. A essas explicações, damos o nome de mito.
Interpretação
Retome a discussão da aula anterior e a última estrofe de Teresa. Peça que os alunos busquem no poema os versos que remetem à explicação cristã para a criação do Universo. Em seguida, perguntar o que muda do fragmento bíblico para os versos de Bandeira.
Podemos deduzir que o Eu-lírico se apaixona por Teresa na terceira estrofe. No verso "Na terceira vez não vi mais nada", o poema dialoga com uma metáfora da fala cotidiana - estar cego de paixão, ou "o amor é cego". Os dois últimos versos confirmam a paixão na medida em que parodiam o texto bíblico, invertendo a ordenação divina em desordem passional. Mais ainda, o encontro do céu e da terra sugere o enlace erótico de forma sublimada.
Não há maneira de se estudar a paródia sem mencionar o nome de Mikhail Bakhtin. Em Problemas da poética de Dostoievski, Bakhtin (2005) afirma que, por meio dos diálogos interdiscursivos presentes no discurso dostoievskiano, é possível constatar dois fenômenos: a estilização e a paródia. Na estilização, o autor emprega o discurso de um outro e movimenta-o sem negar os princípios do discurso modelar. No entanto,
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Leia com a classe o poema O adeus de Teresa, de Castro Alves: O adeus de Tereza - Castro Aves A vez primeira que eu fitei Teresa, Como as plantas que arrasta a correnteza, A valsa nos levou nos giros seus... E amamos juntos... E depois na sala "Adeus" eu disse-lhe a tremer co¿a fala... E ela, corando, murmurou-me: "adeus". Uma noite... entreabriu-se um reposteiro... E da alcova saiu um cavaleiro Inda beijando uma mulher sem véus... Era eu... Era a pálida Teresa! "Adeus" lhe disse conservando-a presa... E ela entre beijos murmurou-me: "adeus!" Passaram tempos... séculos de delírio... Prazeres divinais... gozos do Empíreo... ... Mas um dia volvi aos lares meus. Partindo eu disse - "Voltarei!... descansa!..." Ela, chorando mais que uma criança, Ela em soluços murmurou-me: "adeus!" Quando voltei... era o palácio em festa!... E a voz d'Ela e de um homem lá na orquestra Preenchiam de amor o azul dos céus. Entrei!... Ela me olhou branca... surpresa! Foi a última vez que eu vi Teresa!... E ela arquejando murmurou-me: "adeus!" Após assegurar a compreensão literal, peça um trabalho, em grupos de três, no qual se comparem os poemas de Castro Alves e Bandeira a partir das seguintes questões: a- O poema de Castro Alves foi escrito aproximadamente um século antes do de Manuel Bandeira. O poema de Bandeira pode ser lido como uma paródia do de Castro Alves? b- O que da estrutura do poema O adeus de Teresa se mantém em Teresa? c- Em qual dos dois poemas a linguagem se aproxima mais da fala cotidiana? Por quê? d- No poema de Manuel Bandeira, o Eu-lírico termina unido à sua amada. Ocorre o mesmo no de Castro Alves? e- Há algum momento, no poema de Bandeira, em que ele sai do registro cotidiano da linguagem e se torna mais parecido com o de Castro Alves? Por quê? Quer saber mais?
Poemas de Manuel Bandeira: http://www.pensador.info/poemas_de_manoel_bandeira/
No site do Brasil Escola, você encontra mais informações sobre sentido literal e figurado
Para saber mais sobre intertextualidade, leia "Intertextualidade, norma e legibilidade", de Gerard Vigner
Créditos: Helena Weisz Formação: Mestre em Teoria Literária e Literatura Comparada pela Universidade de São Paulo (USP) Créditos: Regiane Magalhães Boainain Formação: Mestre em Literatura e Crítica Literária pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC- SP)
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