Leitura crítica de notícia
Pornovaescola
02/09/2017
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Jornalismo
Pornovaescola
02/09/2017
Identificar recursos usados na construção de um ponto de vista em notícia.
Leitura de texto da esfera jornalística (notícia).
7º, 8º
2 aulas
Instigue a moçada a refletir sobre os procedimentos que eles próprios põem em prática quando precisam relatar episódios desagradáveis em que se envolveram e não podem (ou não querem) mentir a respeito deles. Veja se eles reconhecem como expedientes comuns nesses casos a escolha de palavras e omissão de detalhes, por exemplo.
Então, proponha a seguinte questão: mesmo que um episódio não envolva temas delicados, que precisem ser disfarçados, eles são contados da mesma forma por pessoas diferentes? Encaminhe a discussão de modo a indicar que a influência do ponto de vista é inevitável nos relatos, mas que há diferentes graus de subjetividade.
Apresente a notícia "Mais twitter, menos tradição", publicada no caderno Folhateen do jornal Folha de S. Paulo, e convide os alunos a analisar como o ponto de vista se manifesta no caso desse texto. Primeiramente, certifique-se de que todos conhecem o caderno e seu público provável, pois a imagem que o enunciador tem do suposto leitor influencia as escolhas que são feitas.
Em seguida, peça que os estudantes leiam apenas os títulos e os olhos (frases em destaque) da notícia e que falem o que essa sequência de informações os leva a supor sobre o conteúdo da reportagem. Associe a leitura rápida que acabaram de fazer ao comportamento típico do leitor de jornal. Lembre a moçada de que a leitura convencional do jornal é mais apressada, diferente da que ocorre quando ele é lido na sala de aula. Solicite que expliquem o motivo da pressa.
Proponha como reflexão: quem produz jornal tem consciência disso? Quem produz jornal pode criar títulos e frases em destaque com base nisso? As escolhas de títulos e frases em destaque, motivadas pela consciência dessa atitude do leitor, comprometeriam a imparcialidade da notícia?
Aborde as escolhas lexicais e a modalização do discurso. Apresente as questões abaixo para promover a discussão:
a) Nos dois primeiros parágrafos do texto, que palavras associam o ritual a um sacrifício?
b) Compare estas frases: "Trata-se de um dos rituais de iniciação na vida adulta" e "Trata-se de apenas um dos dolorosos rituais de iniciação na vida adulta" (frase original). Que ponto de vista se cria com o uso das palavras destacadas? Ele é comprovado no texto? Por meio de quais dados?
c) Que ideia sobre o assunto esses recursos ajudam o leitor a criar?
d) A palavra "agora" (empregada no segundo parágrafo) refere-se a qual ação dos índios? Verifique se a turma aponta que o termo deixa implícita a noção de que "antes" isso não acontecia. Questione que circunstância da vida dos indígenas possibilitou essa mudança.
e) Que outras escolhas lexicais, ao longo do texto, dão pistas importantes sobre o ponto de vista assumido? Elas podem estar na fala dos entrevistados.
Passe à análise das pessoas ouvidas. Solicite aos alunos que identifiquem quem são e que digam se elas representam posições variadas dentro do assunto. Discuta com a turma: quando concederam entrevista, essas pessoas provavelmente falaram apenas o que está citado? Fale um pouco sobre a necessidade de se fazer recortes e sobre como isso influencia a visão que esses depoimentos geraram em quem lê. Para facilitar, desenhe na lousa um quadro como o que segue abaixo e complete com os dados levantados pela turma.
Entrevistado
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Identidade
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Ideia ressaltada no depoimento
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Mutuá
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indígena, 13 anos
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Kumaré Ikpeng
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líder indígena
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Sofia Madeira
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antropóloga, doutoranda
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Sofia Mendonça
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médica, antropóloga
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Indague sobre os verbos dicendi (admitir, argumentar e dizer) associados às falas e o caráter que eles dão ao que é citado. Auxilie a turma a concluir sobre o ponto de vista que se cria com esse uso.
Destaque o uso do conectivo porém, empregado três vezes no texto. Peça que os alunos relacionem as ideias que ele opõe em cada caso e oriente-os a indicar qual delas fica ressaltada. Se necessário, exemplifique com as frases: "Fulano é um bom jogador, mas é violento" e "Fulano é violento, mas é um bom jogador".
Reúna os elementos analisados: ideias ressaltadas nos títulos e frases em destaque na reportagem, escolhas lexicais, vozes presentes, ideias marcadas e avalie com a turma que ponto de vista transparece sobre a nova realidade dos jovens indígenas. Pergunte sobre a visão pessoal que os estudantes têm sobre esse ponto de vista. Converse sobre como a presença de uma posição é inerente a todo texto e que o leitor pode, lendo fontes diversas, construir a sua. Reforce que, para isso, ele precisa ler criticamente.
Analise as constatações dos alunos ao longo da discussão sobre essa notícia. Proponha outras notícias para que eles realizem análises pessoais e verifique se o trabalho dirigido a recursos específicos proporcionou estratégias de leitura aos estudantes.
Para alunos com deficiência intelectual Alunos com deficiência intelectual costumam ter dificuldades para trabalhar com a abstração. Por isso, é importante oferecer exemplos que possam ser relacionados a situações do cotidiano, para que eles compreendam as diferenças entre um discurso e outro. Na primeira etapa, peça que o aluno conte uma história (um acontecimento do dia, trivial) e que outro colega reconte o mesmo fato, para facilitar a comparação. Os exemplos também podem ser fornecidos por escrito, comparando-se duas notícias sobre um mesmo assunto. Se julgar necessário, antecipe a notícia que será analisada a partir da segunda etapa. O estímulo visual e a organização do quadro de personagens da reportagem ajuda na compreensão do aluno com deficiência intelectual. Ele, inclusive, pode ser o responsável por escrever as ideias da turma (e as próprias opiniões, compartilhadas com a sala), no quadro – para que tenha um papel protagonista e participe ativamente da análise. É importante que ele perceba que há diferentes maneiras para se relatar um mesmo fato. Conte sempre com a ajuda do profissional do AEE para reforçar aprendizagens necessárias ao desenvolvimento do aluno no contraturno.
Intelectual
Créditos: Mirella Cleto Formação: Professora de Ensino Fundamental e Médio, co-autora de livros didáticos
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