Intercâmbio de espécies vegetais e animais nos domínios portugueses
Pornovaescola
02/09/2017
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Jornalismo
Pornovaescola
02/09/2017
Perceber o intercâmbio de espécies vegetais e animais nos domínios portugueses
Expansão colonial europeia, culinária e cultura
6º, 7º, 8º, 9º
Duas aulas de 50 minutos
Leia no site do Planeta Sustentável
Introdução
Yes, nós temos bananas. E também o coqueiro que dá coco, na tautológica lição de Ary Barroso em Aquarela do Brasil. Mas antes não tínhamos: esses frutos aparentemente tão brasileiros foram trazidos para cá nos navios portugueses, nos primeiros séculos da colonização. "A Invenção do Brasil" informa que chegaram à América, trazidos da Europa, Ásia e África, animais de criação, cereais, temperos, legumes e outras frutas tipicamente brasileiras como a manga. Em contrapartida, esses continentes receberam produtos americanos, logo incorporados à culinária local. Graças a esse intercâmbio, os desbravadores de mares nunca dantes navegados revelaram-se excelentes cozinheiros ou melhor, as servas e escravas que trabalhavam sob suas ordens mostraram ser alquimistas capazes de dosar os produtos regionais com os trazidos de ultramar. Por tudo isso, o texto pode ser um ponto de partida muito gostoso para você examinar com seus alunos as influências culturais recíprocas no interior do império português: os domínios do sarapatel, da feijoada e do caruru.
Antes da leitura da reportagem, peça que os estudantes citem algumas frutas tipicamente brasileiras. Entre os itens mencionados por eles, provavelmente estarão bananas, mangas, jacas, cocos, cajus e maracujás. Proponha então o exame do texto: eles verificarão que apenas as duas últimas são nativas do nosso território. As bananeiras vieram da África, as mangueiras e jaqueiras, da Índia, e os coqueiros foram trazidos do litoral do Índico, depois de aclimatados nas ilhas de Cabo Verde. Paralelamente, muitos produtos americanos como milho, mandioca, tomate, tabaco, pimenta vermelha e cacau se difundiram pelo mundo. Encomende a elaboração de um mapa desse intercâmbio entre a América e os demais continentes, assinalando os principais produtos trazidos para cá e aqueles enviados para fora.
Que tal propor um exercício de redação? Destaque no texto a descrição que o cronista Pero de Magalhães Gandavo faz do caju. A seguir divida a classe em três grupos e encarregue cada um deles de escolher em segredo uma fruta e de descrevê-la, como se ela fosse vista pela primeira vez. No final, pela descrição do grupo, os demais alunos devem identificar a fruta selecionada.
Sugira que os alunos comparem, com base nas informações da revista, a destruição ambiental realizada pelos indígenas antes da colonização e pelos descendentes de europeus, desde o século XVI. Faça-os perceber que a exploração do território pelos luso-brasileiros com vistas ao mercado externo intensificou a derrubada da mata no litoral nordestino, substituída pelos canaviais, e aprofundou práticas nocivas já existentes como as queimadas.
Solicite que os jovens leiam o quadro "Brasileira naturalizada" deste plano de aula e executem a atividade nele prevista. Vai ser fácil identificar a origem de alguns ingredientes, como o azeite-de-dendê da cozinha baiana, proveniente da África. Outros vão exigir pesquisas mais aprofundadas. Lembre que o intercâmbio sempre teve mão dupla. Por exemplo, o caruru de Angola, além do quiabo e da abóbora de origem africana, contém tomate e mandioca, vegetais americanos.
Pergunte aos estudantes se algum deles já sentiu dificuldade para se adaptar a determinados pratos ou hábitos alimentares. Com base nas respostas, peça que examinem a seguinte questão: a imposição culinária seria uma forma de dominação? Ela continua existindo? Essa atividade pode ajudá-los a compreender melhor as dificuldades que enfrentaram, no Brasil, os africanos escravizados e os imigrantes europeus e asiáticos.
Leve os alunos a refletir sobre a prática cultural da alimentação. Coloque em discussão os seguintes itens: Quais são as preferências de nosso paladar? Que tabus alimentares temos? Que influências estariam determinando nosso cardápio e os rituais de alimentação? Qual é a origem étnica dos nossos pratos? Que fatores geográficos e culturais determinaram a eleição dos diferentes pratos típicos? Quais são as receitas familiares utilizadas em nossas casas? Até que ponto a indústria e a mídia influenciam nossas escolhas?
Para orientar o debate, conte que, em termos da seleção dos alimentos, do preparo e dos temperos, a culinária nacional soma influências do índio, do português e do negro. No século XIX, quando imigrantes europeus de várias origens começaram a chegar ao Brasil, já existia um paladar bem brasileiro, desenvolvido a partir dessas três contribuições. O tropeiro, ao mesmo tempo comerciante e difusor cultural, teve um papel importante na manifestação desse sabor. Por onde passou com suas tropas de mulas, ele introduziu o gosto pelo feijão, temperado com alho, cebola, toucinho e sal, misturado com farinha de mandioca ou de milho. Assim, além de contribuir para a integração econômica das várias capitanias, o tropeiro representou o elemento unificador da dieta básica do século XVIII. Desse fundamento comum, surgiram as cozinhas regionais. Depois, no século XIX, ocorreram a europeização da culinária, com a vinda da corte lusa para o Brasil, e a difusão de novos hábitos trazidos pelos imigrantes. Hoje, os enlatados e o fast-food refletem a industrialização que muda as técnicas de cultivo, colheita, embalagem, conservação, distribuição e preparo dos alimentos.
Como última atividade, encarregue a turma de elaborar um mapa culinário brasileiro, destacando os principais itens da cozinha de cada região e suas respectivas origens.
Brasileira naturalizada
Examine com seus colegas os ingredientes de uma feijoada bem brasileira. Vocês vão perceber que apenas a farinha de mandioca tem origem local. Depois, façam o mesmo com outros pratos da culinária nacional.
INGREDIENTES DA FEIJOADA Laranja |
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