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Jornalismo

Biomas brasileiros: Parte 6 - No Pantanal, nos campos e no litoral

Pornovaescola

02/09/2017

Objetivo(s) 

Identificar e compreender a distribuição e configuração dos biomas. Relacionar coberturas vegetais, fauna, clima, relevo, solos e recursos hídricos nas interações específicas de cada bioma. Correlacionar distribuição e biodiversidade dos biomas. Identificar e avaliar processos de ocupação e perda de coberturas vegetais originais nos biomas. Reconhecer e avaliar unidades e políticas de conservação e usos sustentáveis dos biomas, assim como programas para contenção de sua devastação. Desenvolver pesquisa, coleta, seleção e organização de dados, textos e imagens. Ler e interpretar mapas em diferentes escalas.

Conteúdo(s) 

Biomas Pantanal, Campos, Mata de Araucárias, Ecossistemas costeiros: caracterização, distribuição, configuração natural, usos, riscos e ameaças; Biodiversidade; Bacias hidrográficas e recursos hídricos; Unidades de conservação.

Ano(s) 

6º, 7º, 8º, 9º

Tempo estimado 

Quatro aulas

Material necessário 

Planeta Sustentável:

Desenvolvimento 

1ª etapa 

Introdução

Esta sequência didática é a sexta proposta de série de oito sobre os biomas brasileiros para alunos do Ensino Fundamental II. A primeira delas teve como objetivo fazer com os alunos um mapeamento dos biomas brasileiros, acompanhado de discussões sobre as classificações das unidades naturais presentes no território brasileiro. A segunda trouxe o detalhamento do bioma Amazônia, a terceira destacou as Matas Atlânticas brasileiras. A quarta sequência abordou a situação atual dos Cerrados e a quinta, por sua vez, teve a Caatinga como destaque. (Confira as demais sequências da série ao lado).

Esta sequência complementa a apresentação de biomas e ecossistemas brasileiros iniciada nas aulas anteriores. Nela são colocados em destaque ecossistemas, coberturas e formas de vida que, se não têm a mesma extensão de grandes biomas como a Amazônia e as Matas Atlânticas, possuem especificidades que aumentam ainda mais a rica diversidade natural brasileira. Aproveite esta sequência para discutir com a moçada o Pantanal, os Pampas, as Matas de Araucária e os Ecossistemas costeiros.

Texto de apoio ao professor - No Pantanal, nos campos e no litoral...

Chamado de Paraíso das Águas, o Pantanal matogrossense conforma a maior planície de inundação contínua do mundo, numa área de transição entre a floresta amazônica, o Planalto Central brasileiro e o Chaco boliviano. Com diversos ecossistemas aquáticos, semi-aquáticos e terrestres e vegetação predominantemente aberta, o que mais chama a atenção na região é seu regime de cheias, de novembro a fevereiro, em que as águas de mais de 4 mil km de rios da região transbordam e alagam a planície. No período da estiagem, com menos água, que chega de bacias adjacentes lentamente, os rios retornam ao seu leito, formando-se milhares de lagoas (chamadas de "baías") nas margens.

Ali, a vida fervilha com o intenso movimento de pássaros, peixes, répteis e mamíferos. O Pantanal é também o paraíso das aves, com cerca de 650 espécies diferentes. Aves aquáticas e espécies migratórias pousam na região em busca de abrigo, alimentação e locais para a sua reprodução. Ipês de cores variadas, buritis, onças, capivaras, cobras e jacarés e o desengonçado tuiuiú compõem as paisagens. A região é um pólo de pecuária, pesca e turismo, com o gradativo avanço da agricultura moderna. Ameaçam este ecossistema o uso de biocidas agrícolas, a substituição de pastagens originais por espécies exóticas e a retirada de matas ciliares. A criação de animais ao natural, de forma controlada, seria uma alternativa mais sustentável, assim como o ecoturismo controlado.

As Matas de Araucárias são um tipo de floresta ombrófila (em que não falta umidade) mista sobre planaltos e serras do Sul e Sudeste, atingindo, em sua origem, o nordeste da Argentina. Apesar de pouco afetada pela tropicalidade, ocorre em áreas de pluviosidade em torno de 1000 mm. As temperaturas são de moderadas a baixas no inverno. De acordo com dados recolhidos para o Almanaque Brasil Socioambiental, a situação ali é crítica: restam apenas 5% da cobertura original e, desses remanescentes, apenas 0,7% são de áreas primitivas. A intensa exploração madeireira nos últimos 150 anos está entre as responsáveis pela devastação das paisagens recobertas pelo pinheiro-do-paraná, a Araucária angustifólia, espécie arbórea de grande porte e folhas pontiagudas.

Os Pampas ou Campos sulinos são conjuntos naturais formados por extensas planícies e colinas suaves recobertas por gramíneas, varridas pelos ventos do sul e associadas aos banhados e lagunas próximas à faixa costeira ou pontuadas por araucárias e matas subtropicais nos interiores. Dada a sua configuração, constituem excepcionais pastagens naturais, mas o desaparecimento das coberturas e a exploração nas áreas de arenitos têm feito avançar os campos de dunas e areais, em especial no sudoeste gaúcho.

Os ecossistemas costeiros são compostos, no território nacional, por áreas estuarino-lagunares, formadas por corpos d´água semiabertos que deságuam no oceano. Há, também, manguezais, com vegetação adaptada ao clima tropical e aos extremos de maré diários. Essas áreas são caracterizadas por solos lodosos e constantemente alagados, que servem de base a cadeias alimentares costeiras, sendo utilizados por inúmeras espécies como área de alimentação e procriação. Os ecossistemas costeiros contam, ainda, com praias, dunas, restingas e costões rochosos.

Dada a expansão de indústrias, cidades, concentração populacional, portos, estradas e do turismo sobre essas áreas, a sua gestão torna-se uma operação complexa e conflituosa. Elas são particularmente afetas pela expansão de empreendimentos imobiliários, já que as zonas costeiras estão entre as mais habitadas do planeta.


Peça à turma que examine os mapas a seguir e identifiquem a distribuição dos biomas e ecossistemas no território nacional. Note que ecossistemas como os costeiros precisam ser observados em escalas cartográficas maiores, dada a sua extensão e distribuição ou sua associação com outros biomas. Se necessário, sugira observações de representações em escala regional.

A observação pode ser complementada com exames de fotos e figuras (veja indicações ao final).

Mapa - Brasil - coberturas vegetais originais

Fonte: THÉRY, H.; MELLO, N. Atlas do Brasil: disparidades e dinâmicas do território. São Paulo: Edusp, 2005, p. 61.
Fonte: THÉRY, H.; MELLO, N. Atlas do Brasil: disparidades e dinâmicas do território. São Paulo: Edusp, 2005, p. 61.

Em seguida, proponha que os estudantes se dividam em quatro grupos e escolham um dos biomas e ecossistemas abaixo para fazer uma pesquisa: 

-  Pantanal, que recobre 150 mil km2 do território nacional, nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, além de frações do Paraguai e Argentina; 
Pampas, pampas gaúchos ou campos sulinos, com 176 mil km2 no Brasil, no estado do Rio Grande do Sul e faixas em territórios vizinhos (em especial Uruguai e Argentina), sob forte ameaça dos areais; 
Matas de Araucárias, que na origem se distribuía por 185 mil km2 em planaltos e serras do Sul e Sudeste do país, dos quais restaram apenas 5%. 
Ecossistemas costeiros, complexo mosaico de ambientes como estuários, manguezais, praias, dunas, restingas e costões rochosos. Distribuídos ao longo do extenso litoral (cerca de 8 mil km), sua vulnerabilidade chama especial atenção porque é na faixa costeira do país que estão as maiores densidades demográficas e de urbanização e a maior concentração de atividades econômicas e das redes viárias do país.

Explique à turma que eles devem aprofundar os conhecimentos sobre as características, uso e situação atual dos biomas ou ecossistemas escolhidos. Proponha que levantem dados e informações sobre natureza e aspectos histórico-culturais, assim como os processos de ocupação. É importante que identifiquem riscos e ameaças a esses ambientes, tanto para o meio físico - cursos d¿água, vertentes - como o universo orgânico - plantas, animais, solos - e selecionem mapas, fotos, figuras e outras iconografias. Assinale a importância de identificar também projetos de preservação e unidades de conservação existentes nas áreas em questão. Estimule a garotada a pesquisar e saber mais sobre as unidades localizadas no município ou região.

2ª etapa 

Reserve a terceira aula para que os alunos organizem os dados, textos e imagens coletados. Proponha que elaborem paineis ou power points - se houver equipamentos disponíveis na escola - sobre os biomas e ecossistemas escolhidos. Auxilie os estudantes na preparação das exposições para a classe e outras turmas da escola. Passe pelos grupos e complemente as pesquisa com as informações contidas no texto de apoio ao professor.

Explique à turma que, para ajudar na exposição dos trabalhos, eles devem preparar roteiros com as informações principais, e podem pegar algum tempo da aula para ensaiar.

3ª etapa 

Organize a classe para as apresentações. Estipule as regras e o tempo que cada grupo terá para falar e responder às perguntas dos colegas. Feitas as apresentações, discuta os resultados com a turma.

Como esta é a última aula em que serão explicados os biomas, aproveite para retomar com a classe os estudos anteriores. Peça que recordem oralmente as principais características dos seguintes biomas: Amazônia; Mata Atlântica; Cerrado; e Caatinga. Os alunos podem consultar as anotações das aulas anteriores para ajudar no levantamento. Anote no quadro as principais informações e peça que os estudantes registrem essa síntese nos cadernos.

Para terminar, explique que, nas próximas aulas, serão debatidos os desafios da conservação dos biomas brasileiros.

Avaliação 

Considere a participação de cada aluno nas tarefas individuais e coletivas e o domínio dos conceitos, noções e processos em jogo. Observe também a correção nos dados e informações sobre os ambientes estudados. Valorize as correlações feitas pelos grupos entre processos mais gerais de ocupação, devastação ou preservação e o que vem ocorrendo no município ou região. Examine a organização dos textos e materiais de apoio às apresentações. Reserve tempo para que a turma avalie a experiência. Quer saber mais? Bibliografia  INSTITUTO SOCIOAMBIENTAL. Almanaque Brasil Socioambiental. São Paulo: ISA, 2004. OLIVA, J.; GIANSANTI, R. Espaço e modernidade: temas da Geografia do Brasil. São Paulo: Atual, 1999. THÉRY, Hervé; MELLO, Neli. Atlas do Brasil: disparidades e dinâmicas do território. São Paulo: Edusp, 2005. Internet IBGE. Mapas da vegetação brasileira. IBAMA. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis. Parque Estadual da Ilha do Cardoso (SP) Programa Pantanal    

Créditos: Roberto Giansanti Formação: geógrafo e autor de livros didáticos

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