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Apresentado por

Arte na Creche

Jornalismo

Caixotes, tocos de madeira, tecidos... saiba como trabalhar com materiais de largo alcance

Permita aos pequenos soltar a imaginação e construir coisas

Por

21/08/2017

O QUE É?

Proposta de atividade permanente sobre narrativas infantis com exploração de brincadeiras com caixas sensoriais e ateliê de pintura. Conteúdo originalmente publicado no site Arte na Creche, iniciativa do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (CENPEC) e do Instituto Minidi Pedroso de Arte e Educação Social (Impaes).


QUEM FEZ? 

Associação Sabiá que realiza projetos de Educação e Cultura no âmbito das Artes, Saúde Coletiva, Meio Ambiente, Esportes e Direitos Humanos.

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As crianças menores têm a oportunidade de manipular objetos com texturas e formatos diferentes e, as maiores, até de criarem histórias com eles, se apropriando de formas diferentes e criativas dos materiais.

ETAPA

Educação Infantil

ANO

Creche e pré-escola

CONTEÚDOS

Arte, creche, Educação Infantil, manipulação de objetos, exploração

IDADE

3 anos

Exploração de materiais de largo alcance
Crédito: Getty Images

Proposta
Nesta proposta, o professor oferece, para a exploração das crianças, uma seleção de materiais de largo alcance, por exemplo, recicláveis de todo tipo, caixotes, tocos de madeira de tamanhos e formatos diversos, tecidos, materiais com texturas e formatos variados. Por não apresentarem uma funcionalidade definida ou restrita, tais materiais se configuram como elementos maleáveis que estimulam a autoria das crianças. A partir deles, os pequenos podem observar suas características e explorar intervenções no espaço; combinar elementos a partir de critérios como cor, tamanho, simetria e assimetria etc.; e realizar construções tridimensionais, entre outros. Os materiais também podem assumir formas simbólicas e se configurar como objetos fantasiosos para compor o faz de conta, estimulando a imaginação das crianças no desenvolvimento dos enredos no jogo de papéis.

Tempo
Essa proposição é ideal para os momentos de passagem na rotina pedagógica, nos quais as crianças podem brincar livremente, sem a necessidade de chegar todas juntas a determinado fim. Pode ocorrer nos horários de recepção e saída das crianças, pode ser disponibilizada em um ambiente que acolha as que finalizam atividades mais rapidamente que o restante do grupo. Pode se desenvolver nos horários de parque ou momentos de brincar no ambiente das salas. Quando as crianças estão envolvidas, essa atividade pode durar de 40 a 50 minutos.

Espaço
A exploração de materiais de largo alcance pode ser realizada em espaços internos (sala de grupos de crianças, refeitório, área interna comum etc.) e externos (jardim, tanque de areia, quadras poliesportivas, pátios ou solários), a depender da ambientação desejada para os diferentes materiais. Espaços externos podem contextualizar a oferta de elementos naturais como cantinhos diversos para brincar com água, no jardim, em um dia de calor, ou sementes e grãos no tanque de areia. Em espaços internos mais circunscritos como a sala, as construções com pequenos objetos para exploração podem ser dispostas sobre o chão ou a mesa.

Materiais
Na proposição desenvolvida pelas professoras, foram explorados os seguintes materiais: papelão; garrafas pet; rolhas; tampinhas de diferentes tamanhos e cores; potes variados; bobinas de linha e rolo de papel higiênico; caixotes; tecidos; tocos de madeira; sementes e gravetos.

A qualidade dos materiais de largo alcance pode promover ricas oportunidades de experiências estéticas, poéticas e lúdicas para as crianças. Dada a sua simplicidade e neutralidade, favorecem que os pequenos inventem, ampliem seus horizontes e possam usar o potencial criativo para dar voz aos seus temas. Devem ser disponibilizados para as crianças de modo organizado e sistemático, passando pela curadoria do professor, levando em conta a diversidade de características físicas e estéticas (forma, texturas, cores, cheiros, tamanho, temperatura, peso etc.), visando à pesquisa sensorial dos pequenos, enriquecendo e nutrindo sua percepção estética e sensibilizando seus sentidos. Podem ser trabalhados diversos materiais juntos, ou selecionado um tipo de material com variações, como por exemplo sementes.

Para as crianças, o processo de reunir e selecionar os materiais de largo alcance é muito rico. A oferta desses materiais pela comunidade escolar pode ser feita de forma colaborativa, sem gerar grandes custos para as instituições. Muitos objetos que estão em desuso, mas em bom estado, podem ser ressignificados e reutilizados ao serem doados pelas famílias para compor essa coletânea.

Interações
Para a exploração atenta dos materiais é importante considerar a condição de grupos reduzidos, de três ou quatro crianças, em cantos com materiais disponíveis, sob o olhar atento da professora. Nessas explorações a professora não deve intervir, mas sim compreender a intenção das crianças e oferecer mais materiais, recursos ou outras formas de ajuda que apoiem o que os pequenos estão construindo, sem, entretanto, fazer por eles.

Atividades
Os educadores de grupos de crianças bem pequenas, nos berçários, podem focar-se em propostas prioritariamente sensoriais, explorando texturas, movimentos, temperaturas, dimensões, peso e relação corporal com os materiais por meio de explorações táteis, utilizando o corpo como suporte, com os pequenos deitados ou sentados no chão, ou então sentados ou em pé em mesas.

Os educadores de crianças de 2 e 3 anos também podem complementar suas propostas com elementos que nutram o imaginário, estimulem o faz de conta, e promovam oportunidades de interação lúdica entre as crianças (contar histórias antes de apresentar o material, estruturar o ambiente e os materiais para viabilizar brincadeiras em grupo, acrescentar elementos como potes e ferramentas nas propostas de interação com a argila para ampliar as possibilidades do grupo etc.).

As proposições da professora podem desencadear as seguintes atividades das crianças:

  1. Exploração de materiais recicláveis.
  2. Exploração de caixotes.
  3. Exploração de tecidos.
  4. Exploração de tocos de madeira.

Observe
No desenvolvimento dessa proposta, é interessante observar:

1. A qualidade e as características da interação e exploração sensorial das crianças com estes materiais:
- as crianças conhecem as características físicas dos materiais?
- além de conhecerem as características, exploram suas possibilidades de apropriações criativas? Como?
- comunicam suas ideias, mostram-se curiosas com os objetos?
- ao longo do tempo, dominam variadas possibilidades de composição com os objetos e materiais?
- desenvolvem novas estratégias de explorar os materiais já conhecidos e de compor novos arranjos espaciais?

2. A qualidade e as características das interações simbólicas com os materiais:
- as crianças elaboram enredos durante as brincadeiras?
- brincam com representações de papeis sociais?
- projetam outros usos para os objetos convencionais do cotidiano?

3. A qualidade de interação das crianças com seus pares durante essas experiências:
- as crianças compartilham, progressivamente, os objetos de exploração?
- demonstram gostar de brincar com seus pares?
- gostam de trocar ideias e compor novos objetos em grupo?

A voz de quem participou
"A brincadeira no parque hoje foi diferente com as sucatas. As crianças criaram variedades de brinquedos: carros, bonecas, boliche; usaram a imaginação e se divertiram bastante. Eu fiquei observando como elas pegam esses objetos que seriam jogados no lixo e facilmente fazem deles um brinquedo. Gostei bastante desta experiência e de como as crianças se interessam ao brincar com sucatas.”
(Ednólia dos Anjos Santos, educadora da Creche A.M.U.N.O.)

"Foi muito especial para mim ver os rostinhos deles felizes e empolgados, fazendo brincadeiras novas com tudo que estamos mostrando para eles com os materiais de largo alcance. Todos estamos aprendendo muito. Que um material que para o adulto não serve mais, para uma criança vira um parque de diversões.”
(Juliana Quintiliano Silva, educadora da creche Quintal Mágico)

Referências
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Diretrizes curriculares nacionais para a Educação Infantil. Brasília: MEC/SEB, 2010.
KLISYS, Adriana; CAYUBI, Renata. Construções Lúdicas. Revista Avisa Lá nº 17. São Paulo, Instituto Avisa Lá. Formação Continuada de Educadores, 2004. 
PEREIRA, Maria Amélia P. Casa Redonda: uma experiência em educação. São Paulo: Livre, 2012.

Vídeos:
PEREIRA, Maria Amélia P. Casa Redonda: uma experiência em educação. São Paulo: Livre, 2012. (DVD 1 e 2)
The Adventures of a Cardboard Box (As aventuras de uma caixa de papelão).

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