Minha despedida: ninguém é educador sozinho
28/09/2016
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Jornalismo
28/09/2016
Perguntas, dilemas, inquietações, experiências. Nesses últimos cinco anos, ocupei um lugar privilegiado dialogando com educadores de todo o país como colaboradora de NOVA ESCOLA. Foram muitas conversas sobre sala de aula e reflexões sobre esta nossa profissão professor. Algumas delas neste blog e outras tantas em papel, como colunista da revista com as seções Neury Responde e Questão de Ensino – que neste ano ganhou formato digital.
Duas palavras resumem essa trajetória: felicidade e gratidão. Felicidade pela experiência de ser professora ao lado de outros professores que buscam se aprimorar todos os dias e sonham com transformar a Educação. Sabemos que as trilhas docentes nem sempre são fáceis – mas para as dores também existem tantas outras alegrias e prazeres em lecionar.
Histórias de vida e de profissão – minhas, dos meus colegas e de vocês, leitores e leitoras – foram o tecido das colunas que eu assinei. Gratidão pela confiança ao compartilhar suas intimidades profissionais por meio de perguntas enviadas à redação, pela recepção qualificada e carinhosa aos meus textos, por meio de comentários, alguns registrados no site e redes sociais, outros ditos em encontros cotidianos.
Hoje, “repouso a caneta”. Mas, como ninguém é educador sozinho, confesso que essa história de longa data eu não seria capaz de compor sozinha: divido a autoria dela com toda a equipe de jornalistas da NOVA ESCOLA que me deu suporte nesses tempos de colunista e blogueira. Muito obrigada!
Em momentos como esse, de despedida, melhor trocar a prosa pela poesia, que costuma expressar melhor sentimentos “indizíveis”. Tomo, então, Mãos Dadas, emprestado de Drummond:
Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos, mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.
Não serei o cantor de uma mulher, de uma história,
não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela,
não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida,
não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins.
O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes,
a vida presente.
Me despeço, mas nossos diálogos seguem. Agora, sem hora marcada, nas redes sociais e no dia a dia.
Um abraço e até breve,
Neury
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