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Jornalismo

Por que eu queria que todo mundo tivesse coordenadoras pedagógicas tão boas como as minhas

PorMara Mansani

25/09/2016

Valéria, coordenadora pedagógica da EE Professora Laila Galep Sacker, em Sorocaba (SP), onde trabalho (Foto: Mariana Pekin)

 

Ao longo dos meus quase 30 anos de carreira, trabalhei com vários coordenadores pedagógicos: Tânia, Cilene, Magdalena, Edimilson, Neusa, Anderson... São alguns dos bons profissionais, entre tantos, que encontrei nessa caminhada.

Olhando para trás, vejo que o tempo passou depressa, e pude ver muitas mudanças na Educação. Uma delas, aliás, foi o aparecimento da figura do coordenador pedagógico na escola. A primeira com quem trabalhei foi no final dos anos 1990. Já atuei como professora em 15 escolas diferentes – na capital, na Grande São Paulo e no interior do estado – e tive nada menos que 11 coordenadoras e quatro coordenadores pedagógicos.

Tenho muitas histórias vividas com esses profissionais para contar. A maioria delas são boas, mas também houve momentos difíceis. Lembro que em uma dessas escolas, em São Paulo, na segunda reunião de trabalho pedagógico com a nova coordenadora, que havia acabado de chegar, ouvimos estarrecidos que nossas aulas seriam assistidas por ela, para ver se o planejamento anual da instituição “batia” com nossos planos de aula, com a caderneta do professor e com os cadernos dos alunos. O problema não era as aulas serem assistidas, mas sim o papel autoritário e errôneo de fiscalizadora assumido pela coordenadora. Foi preciso muito diálogo e luta para vencer aquela situação. Mas, com o tempo, ela descobriu que éramos um grupo de professores comprometidos, experientes, e que em nossa escola só havia espaço para as relações democráticas.

Hoje, as coordenadoras pedagógicas das escolas em que trabalho, Valéria e Patrícia, vivem dentro das minhas salas de aula e das salas dos meus colegas. Em muitas, nós é que as chamamos. Elas são conscientes do papel de facilitadoras e orientadoras do trabalho do professor, acompanham passo a passo o que fazemos, mas sabem cuidar também da parte burocrática (chata, porém necessária) dos documentos.

Valéria e Patrícia têm perfis muito diferentes, mas algumas características em comum que julgo fundamentais para uma boa atuação de um coordenador pedagógico.

Essas características são:

  • O respeito a todos os professores, alunos e demais integrantes da equipe escolar. Se há algum problema com um professor, elas resolvem tudo com ética, sem que ninguém passe por uma situação constrangedora ou vexatória perante os colegas.
  • A abertura ao diálogo. Sabem ouvir quando algum professor está precisando de ajuda em suas aulas e transmitem segurança a eles.
  • A capacidade de mediação entre as diferentes áreas que compõem a Educação escolar. As boas relações entre a escola e as famílias dos alunos são prioridade para elas.
  • O bom humor. Apesar da seriedade e da responsabilidade de suas funções, sabem dosar o humor de forma que o ambiente de trabalho se torna mais agradável.
  • A organização. Elas dão exemplo e exigem o mesmo de nós.
  • O preparo para exercer a função, sem medo de admitir quando não sabem e pesquisar as respostas.
  • A valorização constante de todos os professores, sempre destacando os pontos fortes de cada profissional.
  • A preocupação em criar espaços de trabalho cooperativos, onde todos são e se sentem importantes. Nas reuniões pedagógicas, por exemplo, sempre abrem espaço para a troca de boas práticas pedagógicas.
  • O estímulo ao estudo e à formação continuada, não somente com palavras, mas muitas vezes fazendo cursos junto com a equipe. Elas são, em suma, grandes formadoras, pois propiciam aos professores a oportunidade de estudar e o cuidado de dosar a prática e a teoria, e têm uma postura questionadora, que leva à reflexão sobre o nosso papel na sala de aula.

Bom seria se todas as escolas pudessem contar com profissionais com essas características, pois eles fazem a diferença. Na figura de Patrícia e Valéria, minhas coordenadoras, quero prestar uma homenagem a todos os coordenadores desse nosso Brasil! O que seria de nós, professores, sem o trabalho comprometido desses profissionais?

Ah, e como dica, deixo o Guia de Estudo para o Horário Coletivo de Trabalho, disponibilizado para download neste link. Esse é um ótimo material para orientar os momentos de formação com a equipe. Leve essa sugestão para a sua instituição!


Um grande abraço a todos!

Mara Mansani

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