Colégio Pedro II deixa de ter uniforme de menina ou menino
Após protestos de estudantes, escola divulgou portaria em que permite que cada um escolha as peças do vestuário que deseja usar
20/09/2016
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Jornalismo
20/09/2016
Atualizado em 21/09/2016
Alunos no "saiato" de 2014 (acima) e integrantes do coletivo feminista. (Créditos: Lucas Landau e Elisa Mendes)
Garotos de calça e garotas de saia? Não necessariamente. O Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro, divulgou uma portaria em que acaba com essa divisão e permite que os estudantes escolham com quem roupa vão para a escola. O uniforme continua sendo obrigatório, é bom esclarecer. “A novidade é que não se determina o que é uniforme masculino e o que é uniforme feminino, apenas são descritas as opções de uniforme do Colégio Pedro II. Propositalmente, deixa-se à critério da identidade de gênero de cada um a escolha do uniforme que lhe couber”, afirma o reitor Oscar Halac no site da instituição.
Uma das mais antigas escolas brasileiras em atividade, o Colégio Pedro II tem protagonizado discussões acaloradas sobre a identidade de gênero. Na edição de setembro de NOVA ESCOLA, a matéria de capa mostrou o coletivo Feminismo de ¾ (na segunda parte da foto acima), que se refere às meias do uniforme. As garotas têm questionado a roupa e organizado debates sobre questões feministas na instituição. "Esta mudança é uma grande vitória para nós e nossa luta não para por aqui, ainda temos muito pra conquistar e tornar nosso colégio mais acessível para pessoas que estão à margem da sociedade", comentou Morgana Côrtes, 18 anos, uma das integrantes do grupo.
Em 2015, em outra reportagem, NOVA ESCOLA contou a história de Emilson (de camiseta bege na primeira parte da foto acima), jovem que se considera agênero e resolveu usar a saia de uma colega para ir ao Pedro II. Foi repreendido pela gestão e isso motivou um “saiato”, com 30 alunos – homens e mulheres – vestindo saia no dia marcado.
Agora, o uniforme continua sendo composto por camisa branca, calça de brim ou saia de tergal, meias brancas, sapatos ou tênis pretos e casaco. E a flexibilidade vale tanto para atividades dentro da instituição como para externas. Emilson já se formou e estuda em uma universidade pública do Rio de Janeiro, mesmo assim, está feliz com a conquista tardia. "É um alívio pensar que pessoas cis, trans binárias e não-binárias deixarão de ser constrangidas dentro da instituição pelo uniforme que preferirem usar", comentou. "Este é um pequeno avanço diante da desigualdade de gênero existente na sociedade que nos cerca, mas já reflete a visão de vanguarda do colégio e a postura de luta do corpo discente frente ao sexismo."
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