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Jornalismo

Iniciativas digitais aproximam a comunidade da escola

PorNOVA ESCOLA

03/11/2015

Palestra sobre machismo promovida pelo Quero na Escola na EE Joaquim Alvarez Cruz, de São Paulo / Crédito: Reprodução/Facebook

Olá, educadores!

Falamos muito aqui no blog sobre como os recursos digitais podem contribuir para novas formas de ensinar e aprender. Hoje, quero falar sobre outro aspecto positivo da tecnologia: a possibilidade de canalizar pessoas que desejam contribuir com escolas, alunos e professores.

Conheci duas plataformas que apostam na mobilização da sociedade civil em prol da Educação. Vejam só:

Quero na Escola
Partindo do princípio de que os alunos anseiam mais do que as instituições normalmente oferecem, o Quero na Escola conecta voluntários que oferecem atividades extracurriculares e estudantes com vontade de aprender. Fotografia, quadrinhos, Arduíno, capoeira e música estão entre as oficinas sugeridas.

Ao preencher o questionário, a escola ou o aluno registra suas preferência ou sugere novos temas de aprendizagem. Quando algum voluntário se disponibiliza, a equipe do Quero na Escola entra em contato para viabilizar a aula, que pode ocorrer na própria instituição, em alguma biblioteca pública ou centro cultural da região.

Conversei com a idealizadora e coordenadora da iniciativa, Cinthia Rodrigues, e ela me contou que o objetivo é levar a comunidade para dentro das escolas a partir dos pedidos dos estudantes: “Mais que as atividades, comemoramos a conexão que se forma”.

Na EE Joaquim Alvarez Cruz, em São Paulo, por exemplo, Jessica Rodrigues, de 16 anos, entrou na plataforma e pediu palestras contra racismo e machismo. Conversei com ela por WhatsApp – como não poderia ser diferente com adolescentes – e ela revelou que a ideia surgiu porque esses temas nunca foram discutido em sala de aula. “Alguns alunos nem sabiam o que era machismo. A intenção era conscientizá-los, mostrar que a mulher tem seus direitos e que o lugar dela é onde ela quiser.” Representantes das organizações Cobogó e Casa de Lua foram até lá conversar com 170 estudantes do Ensino Médio sobre esse tema.

Jessica lembra que a conversa foi ótima e que os colegas prestaram muita atenção: “Quando acabou, eles até foram tirar dúvidas com as especialistas.” O que ela não esperava é que, quatro dias depois, o tema de redação do Enem teria tudo a ver com a palestra: violência contra a mulher. “Achei incrível essa coincidência, até porque alguns alunos que assistiram ao debate fizeram o exame. Vi que consegui ajudar de alguma maneira. Quem prestou atenção se deu bem!”, ela diz animada.

Somos Professores
O financiamento coletivo, mais conhecido como crowdfunding, já foi assunto por aqui (para saber mais, leia o post O que é Crowdfunding?).

Mas a Somos Professores é uma plataforma sem fins lucrativos de crowdfunding exclusiva para projetos de professores de escolas públicas. O objetivo é reunir recursos materiais para viabilizar atividades pedagógicas, dentro ou fora da sala de aula. Funciona basicamente como os outros sites de financiamento coletivo: o proponente registra sua ideia, divulga e aguarda por apoios. Caso o valor total solicitado não seja arrecadado, os apoiadores recebem o dinheiro de volta.

A diferença é que a equipe da Somos Professores faz a intermediação dos recursos: a equipe calcula o orçamento baseado na descrição do projeto. Caso ele seja financiado com sucesso, realiza a compra do material e entrega para o professor, que, por sua vez, se compromete a registrar as atividades e compartilhar com os doadores.

O projeto Praça da Música, do professor Josué Mendes da Silva, de Paulista, a 17 quilômetros de Recife, foi financiado com a ajuda de 30 apoiadores, com um total de R$ 2.084,00 arrecadados. O recurso será usado para criar um espaço dentro da escola para que os alunos estudem instrumentos musicais durante horários vagos.

Por enquanto, apenas as escolas de Pernambuco podem registrar projetos, mas os criadores têm a pretensão de expandir a atuação e, principalmente, de consolidar a cultura do crowdfunding entre os professores. O vice-presidente da ONG, Luiz Paulo Ferraz, que é professor de História nos Ensinos Fundamental e Médio, conta que a plataforma surgiu por conta dos orçamentos limitados que as escolas possuem para atividades que fujam do “convencional”. “O professor criativo, que precisa de um recurso mais personalizado para desenvolver suas aulas, com frequência fica órfão do apoio material necessário. Muitas vezes, precisa pagar com dinheiro do próprio bolso para tirar suas ideias do papel”, revela.

Além de ajudar os professores a realizarem suas propostas, a Somos Professores também quer aproximar a sociedade civil da escola. “A intenção não é substituir o Estado ou tirar a responsabilidade de prover uma Educação de qualidade. Como sociedade, temos de cobrar, mas, ao mesmo tempo, podemos contribuir. Divulgar os projetos e atrair apoio é uma forma de valorizar socialmente o trabalho desses docentes.”

E você, professor? Usaria algum desses sites? Acha que eles seriam úteis para seu trabalho? Compartilhe sua opinião nos comentários!

Um abraço,
Iana

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