Prêmio Victor Civita 2012: luz sobre a EJA
Felipe Bandoni de Oliveira, de São Paulo, é o Educador do Ano 2012
PorFernanda SallaBeatriz SantomauroAnna Rachel Ferreira
01/11/2012
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Jornalismo
PorFernanda SallaBeatriz SantomauroAnna Rachel Ferreira
01/11/2012
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No Dia do Professor, duas importantes bandeiras da Educação foram levantadas na cerimônia da 15ª edição do Prêmio Victor Civita - Educador Nota 10: a importância do ensino de Ciências e a qualidade da Educação de Jovens e Adultos (EJA). Esses aspectos permeiam o trabalho do professor Felipe Bandoni de Oliveira, escolhido como Educador do Ano de 2012 no evento organizado pela Fundação Victor Civita (FVC) e realizado na Sala São Paulo, na capital paulista.
"Muitos programas governamentais e instituições têm trabalhado até com voluntários na EJA e negligenciado essa modalidade de ensino, o que não gera bons resultados. A iniciativa premiada mostra o quanto são importantes a formação do docente e seu engajamento para que seja desenvolvido um trabalho de qualidade", comenta Regina Scarpa, coordenadora pedagógica da FVC e presidente do júri. O professor premiado defende a valorização da EJA. "Tem muita gente interessada em cursos desse tipo em todo o Brasil e espero que esse prêmio colabore para que essas pessoas sejam bem atendidas."
Noite de gala A Sala São Paulo, na capital paulista, repleta de convidados (à esq.). Fábio Barbosa, presidente executivo da Abril S.A., e Angela Dannemann, diretora executiva da FVC (centro), e os 11 educadores Nota 10 deste ano (à dir.)
Doutor pela Universidade de São Paulo (USP), Oliveira leciona Ciências no Colégio Santa Cruz, em São Paulo, e foi selecionado com uma sequência didática sobre a Lua, realizada com as turmas de 7º e 8º anos. O destaque de seu trabalho foi reconhecer que os estudantes, com idades de 17 a 62 anos, poderiam construir conhecimentos científicos sobre o tema, embora acreditassem em histórias do imaginário popular envolvendo o satélite. Eles diziam, por exemplo, que na Lua se via são Jorge e que as mudanças de fases influenciam os nascimentos. Nas aulas, os alunos redigiram suas crenças, leram textos de referência, analisaram imagens, debateram o assunto e observaram o céu com um telescópio.
A disposição de rever a proposta planejada para adequá-la à turma e a consistência do resultado cativaram o júri, formado por Rui Aguiar, gestor de programas do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Maria Malta Campos, pesquisadora da Fundação Carlos Chagas (FCC), em São Paulo, Nilson José Machado, docente da Faculdade de Educação da USP, Sofia Lerche Vieira, pesquisadora da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro- Brasileira (Unilab), Vera Placco, professora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Anna Helena Altenfelder, superintendente do Centro de Estudos e Pesquisa em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec), e Regina Scarpa.
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"Com o excelente trabalho de Felipe Bandoni de Oliveira, temos a oportunidade de premiar a EJA e, ainda, reconhecer a disciplina de Ciências, carente de valorização." |
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"Comemoramos 15 anos com resultados que nos orgulham. E festejamos que, finalmente, o Brasil entendeu que sem Educação de qualidade não há futuro digno." |
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"Ao receber o Prêmio, aumentou minha responsabilidade com a Educação. Ele nos permite acreditar que é possível, sim, resgatar o valor do nosso ofício." |
Música e emoção Milton Nascimento canta seus sucessos, o professor Alessandro de Oliveira Branco improvisa a música de Cartola junto de Dan Stulbach e os educadores comemoram a vitória com Felipe Bandoni de Oliveira
"Estamos muito satisfeitos com os Professores Nota 10. Todos fizeram um diagnóstico preciso e souberam pensar desafios que suprissem as necessidades de sua turma", comemora Regina. O grupo a que ela se refere é formado, além de Oliveira, por Cristina Mara da Silva Corrêa, de São Paulo, com um projeto de Educação Infantil, Ailton Luiz Camargo, de Iperó, SP, na área de História, Alessandra Silva de Souza, de São Paulo, de Geografia, Alessandro de Oliveira Branco, de Goiânia, e Vera Cristina Terrabuio Lucato, de Dois Córregos, SP, ambos de Arte, Antonio Oziêlton de Brito Sousa, de Ocara, CE, e Jorge Cesar Barboza Coelho, de Campo Bom, RS, com trabalhos de Língua Portuguesa, Luciane Fernandes Ribeiro, de Marabá, PA, e Valkiria Grun Karnopp, de Joinville, SC, que lecionam Matemática, e a diretora Débora del Bianco Barbosa Sacilotto, de Artur Nogueira, SP.
Cada um deles recebeu 15 mil reais e um troféu da artista Maria Bonomi na festa conduzida pelo ator Dan Stulbach, acompanhado pelo pianista Benjamim Taubkin e pelo Núcleo de Música do Abaçaí. O show principal foi de Milton Nascimento. Mas, antes de o artista subir ao palco, o professor Alessandro de Oliveira Branco cantou As Rosas Não Falam, de Cartola (1908-1980), tema central de seu projeto. "Foi uma experiência inesquecível", comemorou.
Uma novidade: professores já premiados em eventos anteriores entregaram os troféus aos atuais. Estiveram presentes Lininalva Rocha Queiroz, vencedora de 2001, Andréia Silva Brito, de 2008, Áudrea da Costa Martins, ganhadora de 2009, Sílvia Ulisses de Jesus, de 2010, e o Gestor Nota 10 de 2009, Amarildo Reino de Lima, representando as cinco regiões do Brasil. O anúncio do Educador do Ano foi realizado por Roberta Anamaria Civita, conselheira da FVC. E, ao subir ao palco, Oliveira leu um texto elaborado pelos 11 Professores Nota 10. "Brasil afora, sem os holofotes desta premiação, ecoa um pedido de reconhecimento. Nosso desejo é que todos possam dizer com dignidade: eu tenho orgulho de ser professor", disse.
O discurso coletivo foi resultado de cinco dias de convivência harmoniosa entre os ganhadores. Reunidos em São Paulo, eles assistiram a palestras das especialistas argentinas Claudia Molinari e Susana Wolman e apresentaram seu projeto ao júri. A cerimônia na Sala São Paulo coroou a alegria de representarem educadores de todo o Brasil. "Eu espero que outros professores e as autoridades percebam que, em qualquer lugar, é possível fazer um trabalho de qualidade", afirmou, emocionada, a professora Luciane.
Felipe Bandoni de Oliveira leciona em uma escola particular que oferece os recursos necessários à sua prática. No período da noite, toda a infraestrutura do colégio é usada gratuitamente pelas turmas e pelos professores de EJA. A formação, o empenho, a criatividade e a competência do educador no uso desses recursos fizeram a diferença na aprendizagem de seus alunos e servem como referência para uma modalidade quase sempre deixada de lado.
Conheça a evolução do Prêmio, que já reconheceu 171 educadores
1998 São premiados 14 docentes mostrados em reportagens publicadas por NOVA ESCOLA.
1999 Os professores são convidados a se inscrever com o envio de um relato de seu trabalho.
2000 A festa acontece no Sesc Vila Mariana, em São Paulo, e é eleita uma Educadora do Ano.
2005 O evento se firma como a maior celebração da Educação no país e tem dez vencedores.
2006 Os troféus, numerados e exclusivos, são criados pela artista plástica Maria Bonomi.
2007 A categoria Gestão Escolar é criada e a Sala São Paulo se torna a casa do evento.
2012 Vencedores de anos anteriores entregam os troféus aos premiados na 15ª edição.
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