Ortografia: ensinar e aprender
30/11/2009
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Jornalismo
30/11/2009
Quando devo começar a trabalhar ortografia? O que e como devo ensinar? Como descubro o que os alunos já sabem a respeito? É preciso considerar os erros para avaliar a turma?
Difícil encontrar um educador que nunca se deparou com questões como essas e não se viu encurralado frente a indagações das crianças, questionando por que existe Helena sem H também. E mais: não são raras as vezes em que os responsáveis pelo ensino da ortografia ficam com dúvida a respeito de como se escreve essa ou aquela palavra. É normal e compreensível que tudo isso ocorra, até porque nossa língua escrita é composta de uma série de acordos estabelecidos para atender a algumas convenções que compõem a língua-padrão e é alvo de mudanças de tempos em tempos, como o recente acordo ortográfico.
Levando essas e outras questões em consideração, em Ortografia: Ensinar e Aprender (128 págs., Ed. Ática, tel. 11/3990-2100, 36,90 reais), Artur Gomes de Morais apresenta e discute uma série de princípios e encaminhamentos didáticos sobre o conteúdo de forma saborosa, tornando a leitura um exercício agradável - ainda que ele julgue o trabalho com as questões ortográficas um terreno árido. O autor também dá respostas não só para as questões iniciais desta resenha como também para tantas outras que envolvem (e, por que não dizer, perseguem) os educadores na escola e fora dela.
O livro é dividido em duas partes: Aprender Ortografia e Ensinar Ortografia. Na primeira, explica-se o que é e para que serve a ortografia, o que o estudante pode compreender e o que deve memorizar e como ele aprende as normas. Na segunda, são analisadas as práticas usuais, definidos princípios norteadores para o ensino e exploradas situações que envolvem o ensino e a aprendizagem do conteúdo. Para encerrar a obra, no capítulo Palavras Finais, Morais discorre a respeito das estratégias que propõe e das possíveis interpretações equivocadas que alguns educadores acabam tendo ao lê-las. Uma parte que, definitivamente, vale a pena ser lida logo no início, dadas a complexidade e a sutileza que envolvem a relação das questões ortográficas com a escola.
Sobre o autor É professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e tem pós-doutorado em Psicologia pela Universidade de Barcelona, na Espanha.
Elaine de Paula, autora desta resenha, é pós-graduada em Psicopedagogia e leciona Língua Portuguesa no Ensino Fundamental em Catas Altas, a 142 quilômetros de Belo Horizonte.
Clássico do mês
Trecho do livro
"Vemos, frequentemente, que a escola cobra do aluno que ele escreva certo, mas cria poucas oportunidades para refletir com ele sobre as dificuldades ortográficas da nossa língua. Creio que é preciso superar esse duplo desvio: em vez de se preocupar mais em avaliar, em verificar o conhecimento ortográfico dos alunos, a escola precisa investir mais em ensinar, de fato, a ortografia. No dia a dia, os erros de ortografia funcionam como uma fonte de censura e de discriminação, tanto na escola como fora dela. No interior da escola, a questão se torna extremamente grave, porque a competência textual do aluno é confundida com seu rendimento ortográfico: deixando-se impressionar pelos erros que o aprendiz comete, muitos professores ignoram avanços que ele apresenta em sua capacidade de compor textos.
Essa lamentável distorção tem suas consequências. Todos conhecemos pessoas que, mesmo depois de muitos anos de escolaridade, se sentem constrangidas quando têm de escrever, quando precisam redigir seus próprios textos, porque têm 'medo de errar'."
De 15 de dezembro a 15 de janeiro, quem entrar em contato com a Editora Ática e mencionar a parceria com a NOVA ESCOLA ganhará 30% de desconto na compra de um exemplar.
Biblioteca viva
Desde agosto de 2008, a base da Polícia Militar no Jardim Ranieri, na capital paulista, não é a mesma: quatro em cada dez atendimentos não envolvem furtos, assassinatos e outros crimes tão comuns numa delegacia de pe-riferia. Quem entra e sai não está em busca de justiça, e sim de boa literatura. Num pequeno terreno mantido graças ao apoio de voluntários e comerciantes locais, está o acervo de 7 mil livros, que compõe a única biblioteca pública da região. Agora, 52 mil habitantes - incluindo aí os estudantes de três escolas estaduais da localidade - têm acesso a todo tipo de títulos, de gibis a romances. Enfim, uma delegacia que se especializou em libertar, em vez de prender.
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