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Jornalismo

Mulher de cabelos cacheados de lado segurando papel e encostando a ponta de uma caneta na cabeça com a outra mão
Crédito: Shutterstock

Há pouco tempo, acompanhei uma palestra em Salvador em que António Nóvoa afirmou que “aprender é uma viagem e ensinar é oferecer instrumentos aos estudantes para que essa viagem vá o mais longe possível”. Eu concordo. E, dentro desse cenário, reconheço o plano de aula como uma carta de navegação com decisões diárias ajustadas ao tempo e aos percursos de viagem já realizados e a realizar.

É comum ouvir educadores que consideram o plano de aula desnecessário e o substituem por livros didáticos, pequenas notas ou mesmo por um conjunto de atividades aleatórias. Parece aceitável tomar essas atitudes na área da Educação, mas não ousamos subir em um avião sabendo que o piloto cometeu a façanha de não dispor de um plano aprovado para aquele voo específico ou encarar uma cirurgia em que o médico não fez um estudo prévio para o paciente. Como prática profissional, o planejamento é uma atitude imprescindível e na escola também precisa ser assim.

O plano de aula é a modalidade de planejamento que mais dialoga com o currículo real da sala de aula. Por isso, compartilho algumas dicas para garantir a boa elaboração desse instrumento:

  1. Use as informações e reflexões sobre sua turma. Tenha um olhar sensível para a maneira como as crianças estão se apropriando das propostas didáticas, observe os avanços e o que é mais desafiador para elas. Para ser funcional e significativo, o plano precisa fazer sentido não só para o educador mas atender às necessidades reais da classe.

  2. Articule o planejamento. O plano de aula não é uma ilha, por isso é esperado que o professor contextualize essa produção em um planejamento maior. Ele pode estar ligado a sequências ou projetos didáticos ou outras atividades previstas para o bimestre. Para saber mais sobre essas modalidades organizativas do tempo didático, recomendo o livro de Délia Lerner: Ler e Escrever na Escola: o Real, o Possível e o Necessário.

  3. Estruture o plano. Independente do modelo que o professor adote, o documento deve conter as atividades propostas, os objetivos de aprendizagem, as estratégias didáticas, as possíveis intervenções e uma análise com os indicadores de aprendizagem.

  4. Tenha objetivos claros. Plano de aula não é lugar para objetivos gerais e mais complexos. Defina com clareza quais são os objetivos de aprendizagem daquela atividade e estabeleça indicadores de avaliação que possam ajudá-lo a acompanhar o desenvolvimento desses itens. Para isso, uma boa opção é fazer registros que indiquem como os alunos estão participando das atividades e se eles estão conseguindo produzir o esperado.

  5. Seja flexível. Não é porque você planejou o passo a passo de uma atividade que ela precisa e vai acontecer exatamente como você previu. Considere o fluxo em andamento a cada etapa prevista. Ajuste as estratégias didáticas e a gestão do tempo aos ritmos e estilos da classe, mesmo que isso altere o que foi pensado anteriormente.

  6. Ao reutilizar o plano, faça uma revisão profunda. Cada planejamento é pensado para uma classe. Cada classe é única e, por isso, é preciso reconsiderar objetivamente os conhecimentos prévios sobre os conteúdos para definir os objetivos e as intervenções didáticas.


Planejar é um ato criativo e profissional que não deve se submeter a modelos estereotipados nem tampouco à ideia de que, no final das contas, o plano de aula é uma receita de bolo. Nessa viagem docente, retomando a metáfora de Nóvoa e fazendo referência a Telma Weisz, é preciso fazer “o ensino dialogar com a aprendizagem”.

No Gerador de Planos de Aula criado pela NOVA ESCOLA, você pode pesquisar por alguns documentos que vão te inspirar e até divulgar os seus próprios planos para outros educadores.

E você, o que considera essencial num plano de aula? Qual é a sua dica para os nossos colegas de profissão? Compartilhe com a gente nos comentários!

Um abraço e até a próxima semana,
Neury

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