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Jornalismo

Leitura, um objeto de conhecimento

PorNOVA ESCOLA

31/07/2009

Foto: Marcelo Kura

O que leva um leitor a ler mais cuidadosamente um texto? O que o faz preferir a leitura de um e o descarte de outro? O que se espera encontrar naquele material escolhido? O que está previsto de ser encontrado se confirma à medida que as páginas são percorridas? É com o objetivo de explicitar o que ocorre quando lemos e contribuir para o debate conceitual e prático sobre o ensino da leitura que Isabel Solé trava um agradável diálogo com o leitor em Estratégias de Leitura (194 págs., Ed. Artmed, tel. 0800-703-3444, 52 reais). No livro, publicado originalmente em espanhol em 1996, Isabel explica que todo bom leitor procura ajustar o modo de ler ao objetivo inicial de sua leitura.

Nessa busca, o leitor interage o tempo todo com o texto, utilizando seu conhecimento prévio sobre o tema, fazendo inferências, elaborando hipóteses e checando suas previsões. O resultado disso leva a interpretações e compreensões feitas sem a interferência direta de um leitor mais autônoma.

Como esse processo de leitura não é natural, automático ou muito menos simples, ele precisa ser construído pelo aprendiz. É pensando nisso que o livro faz uma ponte com a realidade da escola, alertando os professores da Educação Infantil e do Ensino Fundamental para o fato de que os alunos não aprendem isso sozinhos.

Cabe ao educador oferecer às crianças os segredos que utilizam quando eles próprios leem. Isso deve ser feito na mesma forma como ocorre com outros conteúdos de ensino ou quando mostra como utilizar adequadamente um caderno ou traçar de forma correta as letras. O professor funciona como um especialista em leitura explicitando seu processo pessoal à turma, o que leva à compreensão do que está escrito: qual seu objetivo com aquela determinada leitura, que dúvidas surgem, que elementos toma do texto para tentar resolver suas questões... Vendo o que o professor faz para elaborar uma interpretação do texto, os estudantes entendem as chamadas estratégias de compreensão leitora e passam a adotá-las.

Sobre a autora Espanhola, professora do Departamento de Psicologia Evolutiva e da Educação na Universidade de Barcelona, na Espanha, é orientadora de pesquisas sobre o ensino e a aprendizagem da leitura (leia entrevista com Isabel Solé)

Cristiane Pelissari, autora desta resenha, é pedagoga, formadora de professores e coordenadores pedagógicos e faz parte da equipe de formação do Programa Ler e Escrever, da Secretaria Estadual de Educação de São Paulo.

Clássico do mês

Trecho do livro

"Ler é compreender e compreender é sobretudo um processo de construção de significados sobre o texto que pretendemos compreender. É um processo que envolve ativamente o leitor, à medida que a compreensão que realiza não deriva da recitação do conteúdo em questão. Por isso, é imprescindível o leitor encontrar sentido no fato de efetuar o esforço cognitivo que pressupõe a leitura, e para isso tem de conhecer o que vai ler e para que fará isso; também deve dispor de recursos - conhecimento prévio relevante, confiança nas próprias possibilidades como leitor, isponibilidade de ajudas necessárias etc. - que permitam abordar a tarefa com garantias de êxito; exige também que ele se sinta motivado e que seu interesse seja mantido ao longo da leitura. Quando essas condições se encontram presentes em algum grau, e se o texto o permitir, podemos afirmar que também em algum grau, o leitor poderá compreendê-lo. Com essas ideias, podemos dizer que enfocamos nossa atenção nos resultados de aprender a ler."

De 6 a 31 de agosto, quem entrar em contato com a Editora Artmed e mencionar a parceria com NOVA ESCOLA ganhará 15% de desconto na compra de um exemplar.

Biblioteca viva

Quando trabalhava como babá, Vanilda de Jesus Pereira foi demitida por ter sido pega lendo A Escrava Isaura, de Bernardo Guimarães, obra que ela depois teve de comprar para conhecer o desfecho. Desde que passou a trabalhar como catadora de papel, Vanilda reúne os volumes que encontra jogados no lixo e guarda em seu quarto. O resultado dessa coleção e outras doações está na biblioteca que fundou, a Graça Rios: a comunidade da favela Paquetá, em Belo Horizonte, têm 22 mil títulos à sua disposição.

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