Equilíbrio e força para praticar slackline
Leve para a escola o esporte radical que é sucesso em parques, praias e outros espaços mundo afora
PorNOVA ESCOLABeatriz VichessiLarissa Teixeira
01/10/2013
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Jornalismo
PorNOVA ESCOLABeatriz VichessiLarissa Teixeira
01/10/2013
Manter o olhar fixo em um ponto, os braços erguidos e abertos e a postura ereta para não cair. Essa foi uma das aprendizagens da moçada do 7º ao 9º ano da EM Professora Lacy Luiza da Cruz Flores, em Joinville, a 176 quilômetros de Florianópolis, durante a exploração do slackline. Os alunos se dedicaram a descobrir a melhor forma de caminhar sobre a fita elástica. "Mais que apresentar uma nova modalidade esportiva, eu queria problematizar aspectos como equilíbrio, concentração e percepção corporal", explica o educador Alessandro Cohen.
A ideia de levar para a escola um esporte de aventura é bem-vinda. Segundo Dimitri Pereira, professor de Esportes Radicais na Universidade Nove de Julho (Uninove), além de proporcionar a vivência, é possível abordar temas como perigo e segurança e trabalhar pernas, abdome, articulações dos joelhos, tornozelos e quadris. Há kits no mercado de vários preços (a partir de 50 reais). Em geral, a diferença entre eles tem a ver somente com a maciez da fita - todos suportam, em média, a mesma carga.
Para começar, Cohen prendeu o equipamento em pilares e em árvores do pátio, a 25 centímetros do chão. Em seguida, perguntou o que os jovens sabiam a respeito desse esporte. Disseram que já tinham visto pessoas praticando, mas nunca experimentado, e não entendiam muito bem como funcionava. Essa foi a deixa para o professor fazer uma demonstração. A turma ficou interessada e foi desafiada a testar, inclusive Bruno Eduardo Bonikoski, 17 anos, que tem síndrome de Down e aparece em ação na foto que abre esta reportagem. "Ele não teve mais dificuldades que os outros", diz Cohen. Maria Cláudia Dantas, psicopedagoga clínica e escolar, explica que apesar de a hipotonia (diminuição do tônus muscular) ser uma característica comum da síndrome, interferindo no controle muscular e nos movimentos, é preciso analisar caso a caso, e ainda assim considerar que todos podem experimentar o slackline. "Basta organizar adequadamente o espaço, cuidar da segurança e planejar de que maneira os colegas podem contribuir para que aquele estudante vença as questões de equilíbrio, como qualquer um."
O passo seguinte foi montar duplas para as primeiras travessias: um aluno tentava se equilibrar sobre o equipamento e um colega, andando no chão, oferecia a mão ou o ombro como apoio. Depois de várias experimentações, Cohen questionou como os braços, por exemplo, deveriam estar posicionados. Acima da cabeça, como se a pessoa abraçasse uma grande bola. Isso ajuda a manter o equilíbrio.
É importante ainda abordar a posição dos joelhos, que devem estar semiflexionados, e dos pés, em posição longitudinal, acompanhando a fita. Pereira afirma ser essencial lembrar que a musculatura do abdome interfere no equilíbrio: quanto mais tensionada melhor. Marcelo Matos, que trabalhou com o slackline no Colégio Santo Inácio e na Escola Carolina Patrício, ambos no Rio de Janeiro, sugere falar com os alunos sobre o equipamento: "Se esticarmos muito a fita é mais fácil atravessá-la?", questiona. Deixá-la mais firme, ele explica, facilita a atividade.
O desafio de fazer posturas sobre a fita
Quando os estudantes ganharam mais confiança e alguns já tinham até abandonado as duplas, Cohen posicionou o slackline a 80 centímetros do chão. Ele sugeriu, então, que tentassem posições, como ajoelhar ou sentar na fita. O segredo para conseguir é movimentar o corpo lentamente, até uma das mãos encostar no equipamento e fazer a postura. Outras opções: andar de costas e caminhar ao mesmo tempo que um colega. Nesse caso, cada um sai de uma extremidade da fita e vence quem chegar primeiro ao centro dela.
Ao fim de cada aula, o docente propunha uma troca de experiências. "No início, todos só diziam que era difícil se equilibrar e que tinham medo de errar", conta. Ele frisava que era necessário treinar e sugeriu que os alunos observassem os colegas e experimentassem controlar a respiração, caminhar com o olhar fixo em um ponto à frente e dissociar a coordenação visual da motora (olhar para o ponto onde os braços devem chegar antes de começar a erguê-los).
Para complementar a vivência, o professor exibiu vídeos e apresentou outras modalidades, como o waterline, em que a fita é esticada em um espaço com água embaixo. Vale orientar a turma para observar profissionais e pessoas mais experientes em ação e notar que às vezes eles também se desequilibram e caem. Cohen contou um pouco da história da prática, criada na década de 1980, nos Estados Unidos. Quando o tempo estava ruim ou era hora do descanso, os alpinistas amarravam as fitas de escalada nas árvores para brincar.
Durante 15 aulas, a moçada foi se superando a ponto de dar dicas e encorajar quem quiser entrar na aventura: "Tive dificuldade no começo, mas quanto mais tentava, mais melhorava", conta Selena Tigre, 13 anos.
1 De olho na fita Pergunte o que os alunos sabem sobre o slackline, apresente a fita e faça uma demonstração, mostrando que é preciso equilíbrio para atravessá-la.
2 Dando uma mãozinha Organize duplas: os alunos devem tentar caminhar sobre a fita com o apoio de um colega. depois, converse sobre a importância da posição dos braços e pés. Com o passar do tempo, aumente a altura e proponha que sentem no slackline ou tentem outras posturas.
3 Variações radicais Conte aos alunos como surgiu o esporte e mostre vídeos com os diferentes jeitos de praticá-lo - sobre a água, por exemplo.
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