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Jornalismo

A turma vai investigar os tipos de solo

Ao abordar esse assunto, é possível trabalhar importantes conteúdos da Geografia

PorBruna Nicolielo

01/09/2014

Três tipos de solo, sem identificação, foram apresentados para as criaças analisarem. Arquivo pessoal/Gislaine Munhoz e Juliana Pereira Cotrim Lombardi Três tipos de solo, sem identificação, foram apresentados para as criaças analisarem Todos produziram pinturas sobre o que viram no jardim com tintas feitas de terra. Arquivo pessoal/Gislaine Munhoz e Juliana Pereira Cotrim Lombardi Todos produziram pinturas sobre o que viram no jardim com tintas feitas de terra No terrário montado pelos estudantes, foram incluídas camadas de diferentes materiais. Arquivo pessoal/Gislaine Munhoz e Juliana Pereira Cotrim Lombardi No terrário montado pelos estudantes, foram incluídas camadas de diferentes materiais

Pesquisar o solo é um bom ponto de partida para trabalhar conteúdos da Geografia nos anos iniciais. Juliana Pereira Cotrim Lombardi e outras quatro professoras da EMEF Professor Rivadávia Marques Júnior, em São Paulo, fizeram um projeto com ênfase nesse tema com suas classes de 1º ano. Elas foram apoiadas por outra docente da unidade, Gislaine Munhoz, que apresentou essa proposta à equipe em uma formação. O primeiro passo foi levar os pequenos a um passeio pelo jardim da unidade. De volta à sala, Juliana leu para eles o texto Se a Terra Não Existisse, a Gente Pisava Onde?, de Ricardo Azevedo. O objetivo era preparar todos para a investigação que viria a seguir.

Após uma conversa sobre o trabalho, os alunos observaram e manipularam três tipos de solo, coletados por Gislaine: arenoso, argiloso e orgânico - que não estavam identificados. Munidos de lupas, eles tinham de analisar características como cor, textura e capacidade de absorção de água de cada amostra. O cheiro foi outro aspecto investigado, assim como a origem do material. Alguns descreveram o solo arenoso como "fofinho e macio" e "da cor de areia". Outros acharam que ele havia sido extraído da praia. Já o argiloso foi considerado "gostoso de mexer porque parece massinha de modelar". O orgânico gerou mais curiosidade. A meninada achou nele minhocas, tatus-bolas, joaninhas, pedaços de folhas e galhos e algumas pedrinhas.

Durante a exploração, Juliana nomeou os tipos de material vistos. Também explicou os porquês das características de cada solo, falando, por exemplo, que o orgânico era formado pela decomposição de matéria animal e vegetal, o que explicava a existência dos bichinhos e dos vestígios de plantas. A tonalidade de cada amostra - que está relacionada ao tipo de rocha e ao processo de erosão - também foi discutida no momento da exploração em classe.

Ao longo de todo trabalho, a professora ia sistematizando as informações no quadro e estimulava a turma a fazer registros em forma de desenhos e a tomar notas, de acordo com as possibilidades de cada um. "O conhecimento científico exige sistematização. Por isso é importante que as crianças se familiarizem com esse procedimento, mesmo que ainda não sejam alfabetizadas", explica Gislaine, que é doutoranda em Geografia pela Universidade de São Paulo (USP).

Tintas feitas com pigmentos da terra

Depois, os estudantes viram vídeos e animações, como Minhocas, que falam de espécies que dependem do solo para sobreviver, e jogaram o game Jardim da Dora, em que é preciso semear, regar e fertilizar uma plantação. Depois, produziram cartazes em que desenharam o que viram no jardim, usando terra e tintas de solo (veja como produzir esses pigmentos). "Esse meio de registro é interessante, já que a cor é um dos parâmetros de identificação do solo, como a sala havia observado", explica Sueli Furlan, docente da USP.

A garotada também trabalhou no laboratório de informática com desenhos e a escrita sobre o que encontrou no jardim. Depois de ver imagens de perfis de solo (corte vertical que mostra todas as camadas de terra), todos fizeram reproduções deles usando o programa Paintbrush.

No terrário, um perfil de solo

Na última etapa do projeto, a turma montou um terrário, inserindo as camadas de terra com base nos perfis de solo que já conheciam. Durante a montagem, houve uma discussão sobre o posicionamento de cada uma delas. Juliana e Gislaine, que acompanhava a atividade, fizeram questionamentos como: "Por que as pedras maiores vão embaixo de tudo?", "Por que os materiais entram nessa ordem?" e "Que tipo de solo vocês acham que será esse?". O objetivo era resgatar os conhecimentos adquiridos nas rodas de conversa e no laboratório. "Todos iam respondendo de acordo com o que tinha sido trabalhado e já não falavam mais em ‘terra’, e sim ‘solo’. Também usavam outros termos, como decomposição e material orgânico", diz Juliana. Em seguida, fizeram novos desenhos sobre o perfil do solo.

Você pode montar um perfil real. Para isso, é preciso fazer um recorte no terreno de mais ou menos 30 centímetros de largura e 30 de profundidade com uma escavadeira manual ou pá. Em seguida, deve-se retirar o excesso de terra remanescente e extrair pedaços de solo mais próximos da superfície e outros mais profundos, para a turma analisar. "Essa atividade permite visualizar as diferentes camadas existentes em um terreno", explica Sueli. Depois da observação, o buraco pode ser fechado.

Os estudantes também plantaram alpiste em solos arenoso e orgânico e acompanharam o crescimento das sementes, que foi maior na segunda amostra. Eles chegaram à conclusão de que uma terra com mais nutrientes favorece o plantio. O mau uso do solo também foi debatido, embora não estivesse previsto no planejamento inicial. "A atividade rendeu tanto que resolvemos explorar esse tema. Falamos que a formação dos solos também está sujeita às mudanças causadas pelo homem", afirma Juliana.

Concluído esse projeto didático, a sala estava pronta para encarar outros conteúdos da Geografia. "Como desdobramento do trabalho, é possível discutir os diversos tipos de rocha, os solos mais adequados à ocupação humana e retomar os processos erosivos", finaliza Valéria de Oliveira Roque Ascenção, professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e especialista em Geomorfologia.

1 Apresente os tipos de solo Leve terra orgânica, argilosa e arenosa à sala e convide a turma a observar aspectos como cor, textura, cheiro e capacidade de absorção de água de cada amostra, sem identificá-las.

2 Sistematize os saberes Estimule as crianças a fazer desenhos de observação e tomar notas. No quadro, organize as observações apresentadas por elas.

3 Monte o perfil de solo Sugira a construção de um perfil de solo no terreno da escola ou em um terrário. Durante o processo, questione as crianças sobre a posição e as particularidades de cada camada de terra.

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