Articulação online entre professores
Nas redes sociais, educadores trocam informações e atuam em conjunto
01/06/2013
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Jornalismo
01/06/2013
O Brasil é o país do samba, do futebol e... das redes sociais. Dados divulgados no início do ano pela SocialBakers, agência especializada em análise dessas mídias, nos colocam em segundo lugar mundial em usuários do Facebook, com 65 milhões de pessoas, atrás apenas dos Estados Unidos. O tempo gasto pelos brasileiros interagindo virtualmente nessa rede mais que triplicou em 2012, na contramão da ligeira tendência de queda registrada no resto do mundo, de acordo com outra pesquisa, da consultoria comScore.
Vivemos cada vez mais no cenário denominado pelo filósofo francês Pierre Levy de a "quarta revolução da comunicação". Sua característica principal é o acesso praticamente irrestrito à informação. Nesse contexto, um dos papéis essenciais do educador é ajudar os alunos a desenvolver competências que permitam a eles distinguir o que tem qualidade em meio à avalanche de dados. Outra habilidade a ser ensinada é a de como transformar tudo isso em conhecimento construí-do de forma autônoma e colaborativa.
As tecnologias de informação e comunicação (TIC) ainda enfrentam barreiras para entrar na escola. A pesquisadora argentina Delia Lerner lembra, no artigo La Incorporación de las TIC em el Aula. Un Desafio para las Práticas Escolares de Lectura y Escrita, que, 40 anos após a difusão das calculadoras de bolso, ainda há docentes que preferem não usá-las na aula e consideram que elas substituiriam o que os alunos têm de aprender: a resolução de contas. Então, uma das maiores dificuldades dos educadores em incorporar a tecnologia é o fato de ela mudar o que deve ser ensinado. Se antes era a conta, por exemplo, hoje é tomar decisões na resolução de problemas.
Delia acrescenta que a internet tem o potencial de ampliar as possibilidades de comunicação para o professor. Ele pode, claro, trocar e-mails com seus alunos e expandir o aprendizado para fora do horário das aulas. Mas, além disso, a atuação online é uma maneira de vencer o isolamento e usar grupos, fóruns e plataformas virtuais para uma intensa troca de ideias entre educadores que estão em escolas distantes. Em alguns casos, até o diálogo com universidades tem sido realizado com mais facilidade. Maria Elizabeth Bianconcini de Almeida, professora do Programa de Pós-graduação em Educação: Currículo da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), ressalta que a própria tecnologia pode ser a parceira que faltava para vencer o receio inicial ao possibilitar que a preparação dos docentes para esses desafios seja feita com a socialização, nas redes, das práticas dos participantes.
"Interação, autoria e construção coletiva são atitudes estimuladas pelo uso das redes sociais para fins pedagógicos", afirma César Nunes, do Núcleo de Pesquisa sobre Inovação Curricular da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP). Nesse contexto, têm sido observados dois modelos no uso das redes por educadores: a reunião espontânea de docentes em comunidades para compartilhar experiências e debater questões de suas áreas de atuação e a criação de ambientes institucionalizados, adotados por escolas ou redes de ensino. Conheça abaixo e na página seguinte um exemplo de cada um deles.
Bate-papo produtivo
Na Sala de Arte, um espaço para a troca de ideias sobre o ensino de Arte no Facebook, se reúnem atualmente mais de 600 educadores de vários estados brasileiros. Lá, eles rompem com a solidão que pode afligir o trabalho docente.
Um dos participantes, André Dias Pires, conta que já se beneficiou dos contatos. Ele dá aulas na EM Wilson de Oliveira Simões, em Duque de Caxias, na região metropolitana do Rio de Janeiro. Motivado pelo filme Lixo Extraordinário (Lucy Walker, 99 min, Paris Filmes), sobre Vik Muniz, combinou com Marcelino Rodrigues, da EM Rosária Trotta, na capital fluminense, seu colega na Sala de Arte, que abordariam o artista com as turmas do 9º ano.
Na primeira tentativa, Pires não conseguiu concluir o que havia planejado. Voltou, então, a conversar com Rodrigues - que havia sido bem-sucedido. Juntos, detectaram os problemas e aprimoraram as aulas (leia as mensagens na galeria acima). "Isso me despertou para a necessidade de ser atuante nas redes", conta. Os outros integrantes também estão estimulados e até planejam uma exposição.
Todos da cidade unidos
"Como transformar algo que é visto como entretenimento em uma ferramenta educativa?" Essa foi a pergunta que a professora de Informática Luciana Serafim, da EMEF Doutor Habib Carlos Kyrillos, em São Paulo, se fez quando a Secretaria Municipal determinou que o ThinkQuest fosse usado no ensino e na comunicação. Assim como ela, todos os 850 professores de Informática do município ingressaram na rede gratuita. As Diretorias Regionais de Ensino (DRE) promoveram uma formação, para que todos soubessem usá-la. Segura do potencial da plataforma, Luciana fez um projeto sobre desperdício de alimentos. Contou com a parceria dos docentes das outras disciplinas, que abordavam os conteúdos necessários com as turmas do 3º ao 8º ano. E, no ThinkQuest, registrou cada passo, pedindo contribuições aos colegas (leia as mensagens abaixo). "Esse ambiente favoreceu muito a troca de experiências", conta. Ela conseguiu envolver a escola toda e até realizou uma passeata. Agora, a Secretaria quer ampliar o alcance do ThinkQuest para os docentes de outras áreas.
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