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Jornalismo

A alfabetização que vem do berço

PorMara Mansani

23/10/2016

Professora Marilei Roseli Chableski e seus alunos, na CEI Adhemar Garcia, em Joinville (SC). Foto: Edu Lyra

Neste mês tão especial, em que se comemora o Dia do Professor e o Dia das Crianças, minha família ganhou duas lindas menininhas, Alice e Mariana. Quanta emoção e quantas novidades!

Não sei, mas parece que hoje em dia as coisas andam meio diferentes, a começar pela hora de dar à luz. Os partos humanizados trouxeram uma série de técnicas que dão conforto e tranquilidade à mãe e à criança que está nascendo, em oposição àquela correria típica do hospital ou dos partos em casa de antigamente, cercados de apreensão. Quanto aos bebês, parece que agora já nascem de olhinhos mais abertos e espertos!

A verdade é que tudo está mesmo se transformando em relação à maneira como lidamos com os pequenos. Mas eu me pergunto: como andam as coisas quando o assunto é a Educação? Como anda a primeira infância, de 0 a 3 anos, nas escolas e creches do Brasil?  E, como alfabetizadora, questiono: será que existe relação entre a Educação dos bebês e a alfabetização?

Ao que tudo indica, estamos, sim, avançando também nessa área. Na semana passada, em um encontro de educadores muito especiais, promovido pela Fundação Lemann em conjunto com a Fundação Victor Civita e a NOVA ESCOLA, conheci Marilei Roseli Chableski, de Joinville (SC). Ela faz parte do grupo dos dez vencedores da edição de 2016 do Prêmio Educador Nota 10, com um projeto maravilhoso e inovador na creche onde trabalha. Marilei propôs uma Educação com a carinha de cada um de seus bebês, concretizando aquilo que o MEC, em seu Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI), define como “compreender, conhecer e reconhecer o jeito particular das crianças serem e estarem no mundo”.

Minhas descobertas, iluminadas pelo caso de sucesso da Marilei, me mostraram alguns aspectos interessantes. Primeiro: a ideia de que os bebês são sujeitos de aprendizagem está cada vez mais clara. Eles aprendem a todo momento e é preciso estimular todos os sentidos deles! Desde cedo, cada um é cada um e é possível fazer um trabalho individualizado.

Felizmente, as creches estão sendo repensadas e são vistas não como depósitos de crianças ou um ambiente apenas de cuidado, mas também como espaços de aprendizagem que permitem a exploração do mundo. Como diz a Marilei, “precisamos desemparedar as nossas crianças!”

É importante frisar sempre que, como bem disse outra colega catarinense, Paula Sestari, Educadora do Ano em 2014, o profissional da Educação Infantil é o professor, e os auxiliares são também educadores. Em Joinville, terra de Paula, Marilei e muitos outros premiados, o auxiliar da rede municipal faz cursos de formação junto com os docentes (aliás, acredito que este seja um dos grandes diferenciais da Educação infantil por lá).

Dito isso, volto ao ponto: todas essas preocupações com bebês têm algo a ver com a alfabetização? Sim, tem tudo a ver!

Uma criança que tem os sentidos estimulados desde os primeiros dias de vida, que é cuidada com afeto e vive em um ambiente propício ao bom desenvolvimento físico e mental, com certeza crescerá com maiores chances de sucesso na aprendizagem do sistema de escrita. Para que isso se concretize, é necessária uma atuação dos profissionais da Educação Infantil e das famílias que propicie o desenvolvimento de capacidades, envolvendo as de “ordem física, afetiva, cognitiva, ética, estética, de relação interpessoal e inserção social”, como propõe o RCNEI. A forma como o bebê vivencia o período da infância, de 0 a 3 anos, influenciará toda a vida escolar!

Hoje em dia, temos rodas de leitura, contação de histórias, aulas de arte, música, boa alimentação e muitos outros recursos especialmente para os pequeninos. Os que passam por um processo rico, com todos esses elementos, chegam lá na minha sala do primeiro ano mais propensos a abrir um livro com entusiasmo e desvendar o maravilhoso mundo das letras e dos números.

Para vocês, professores, ou pais interessados no bom desenvolvimento de seus bebês, sugiro que façam uma pesquisa aprofundada aqui no site da Nova Escola e também no Radar da Primeira Infância. Há tanto material de estudo, que vocês serão surpreendidos com as inúmeras possibilidades! Eu também trabalhei em uma creche no início de minha carreira e, quando revi tanta coisa bacana, deu até vontade de voltar. É apaixonante!

Alice e Mariana, sejam bem-vindas! Preparem-se que o mundo da Educação as aguarda – e, tomara, com professoras tão incríveis quanto a Marilei e a Paula.

Um grande abraço a todos e até a próxima segunda!

Mara Mansani

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