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Jornalismo

Objetos estranhos

Baseada no grande mestre Miró, a garotada aprende o que é o surrealismo e produz em madeira peças para lá de inusitadas

PorCristiane Marangon

31/03/2007

Exposição de peças surrealistas na Móbile: obras ganham títulos absurdos e surpreendem. Reprodução Alexandre Battibugl
Exposição de peças surrealistas na Móbile: obras ganham títulos absurdos e 
surpreendem. Reprodução Alexandre Battibugli
 

 

Primeiro, a turma de 4a série da professora Bel Frias, da Escola Móbile, em São Paulo, apreciou as esculturas e os objetos do artista catalão Joan Miró (1893-1983), que participou do movimento surrealista. Depois, foi a vez de estudar a vida e a obra de Man Ray (1890-1976). Para compreender a origem do movimento, entraram em cena também o dadaísmo e seu expoente, Marcel Duchamp (1887-1968). Uma obra dele pode ser vista na linha do tempo do pôster. As atividades levaram as crianças a observar características da arte moderna e as raízes da contemporânea. "Elas descobriram que podiam usar sucata e reutilizar objetos que seriam descartados para fazer a produção artística", conta Bel.

Depois de aprender técnicas de marcenaria e a manejar retalhos de madeira, pregos e martelo - materiais com os quais não tinham intimidade -, os alunos construíram esculturas. Em uma etapa mais avançada, Bel liberou o uso de outros objetos na composição dos trabalhos. Para propor o projeto - de quatro meses - a professora teve de estudar o surrealismo a fundo. Só assim conseguiu criar propostas que favoreceram o aprendizado dos alunos e ampliaram o conhecimento deles sobre história da arte e o universo de imagens. A arte, eles provaram com uma bela exposição, não tem limites.

Sequência de atividades

1. PARA COMEÇAR, UM JOGO 

Apreciar, analisar e interpretar arte ajudam no processo de criação e no conhecimento da função da arte. Bel estimulou essas ações apresentando obras de Miró à classe. Em seguida, distribuiu folhas de papel e pediu a todos para desenhar os elementos observados. Quando ela apitava, as crianças trocavam as produções e continuavam o trabalho do colega. No fim, os desenhos foram contornados de preto e coloridos com as cores primárias, as preferidas do catalão.

2. OFICINA DE MARCENARIA 

A escolha de materiais e técnicas é fundamental. Bel levou para a sala de aula retalhos de madeira de tamanhos variados e pediu que cada um escolhesse quatro para servir de base para a escultura. Num segundo momento, os alunos acrescentaram os mais variados objetos trazidos de casa, como um walkman.

3. DANDO NOME ÀS OBRAS 

No início do século 20, os surrealistas queriam causar estranhamento, e isso pode ser experimentado em sala de aula. Na hora de dar título às esculturas, a professora propôs que cada um escolhesse um trabalho, escrevesse um nome em um papel e colocasse a sugestão num saco. Por sorteio, todas as esculturas foram batizadas com nomes absurdos: alguns acharam graça, outros ficaram revoltados. Para que a meninada compreendesse a essência do movimento, Bel explicou: "Vocês estão sentindo o mesmo que as pessoas da época diante das obras surrealistas". Os trabalhos foram reunidos numa instigante mostra.

Outra proposta

CADÁVER DELICADO

Essa proposta é surrealista desde o nome. Distribua papéis de cores e formatos variados, como tiras compridas, quadrados e círculos. Peça que elas dobrem em três partes. Um aluno começa a desenhar, marca pontos em que o desenho precisa ser continuado na outra parte do papel e entrega ao colega para que ele, sem ver, prossiga com o desenho. O mesmo acontece na terceira parte. No fim, o papel é aberto e o inusitado resultado aparece para ser apreciado. Manter o segredo de cada etapa é muito importante. As canetas podem ser de uma única cor e vale até esferográfica, já que o foco está no aspecto gráfico.

Consultoria: Marisa Szpigel, formadora de professores na área de arte e coordenadora pedagógica do Instituto Moreira Salles, em São Paulo

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CONTATO 
Escola Móbile, R. Araguari, 167, 04514-040, São Paulo, SP, tel. (11) 5536-4402 

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