Inclusão no Ensino Médio ainda é para poucos
Embora as matrículas de jovens com necessidades educacionais especiais nessa etapa estejam crescendo significativamente, elas ainda representam apenas 0,4% do total
15/06/2012
Este conteúdo é gratuito, entre na sua conta para ter acesso completo! Cadastre-se ou faça login
Compartilhe:
Jornalismo
15/06/2012
O número de alunos com necessidades educacionais especiais (NEE) em classes regulares do Ensino Médio cresceu 150% entre 2007 e 2011 – de 13.306 para 33.138. As informações fazem parte do Resumo Técnico do Censo Escolar 2011 e foram destaque no noticiário desta semana. À primeira vista, os dados chamam a atenção por seu aspecto positivo, mas um olhar mais aprofundado mostra que ainda não é hora de comemorar. Isso porque a quantidade de matrículas – e a qualidade do acesso por trás desses números— ainda está muito aquém do ideal.
Enquanto no Ensino Fundamental estudantes com NEE representam 1,4% do total (437.132 em 2011); no Ensino Médio, apesar do crescimento mencionado, eles são apenas 0,4%. A discrepância sinaliza que um número considerável de pessoas com alguma deficiência deixa a escola sem chegar à última etapa da Educação Básica.
Entre os fatores que contribuem para essa desigualdade destaca-se a própria estrutura do Ensino Médio – que em muitas instituições ainda está associado a uma formação medida apenas pela produtividade intelectual ou profissional. Como consequência, falta espaço nos currículos para uma preocupação devida com a inclusão. Somam-se a isso os problemas já conhecidos de infraestrutura escolar voltada ao atendimento a esses alunos, comuns em todas as etapas da Educação Básica.
Leia mais: Inclusão: ameaça de retrocessos no atendimento de alunos com NEE
Outro agravante importante quando se fala em inclusão no Ensino Médio é uma resistência por parte das escolas – e às vezes das próprias famílias – para a matrícula dos alunos com NEE. Como a etapa não é obrigatória por lei, é comum que sejam buscadas outras opções. “Os pais acabam encontrando alternativas para os jovens com deficiência, como centros e grupos de apoio profissional especializados”, explica Daniela Alonso, consultora da área de Inclusão e selecionadora do Prêmio Victor Civita - Educador Nota 10.
A desmotivação perpassa até mesmo muitos dos jovens estudantes que, segundo Daniela, sentem-se incapazes de alcançar as habilidades exigidas pela visão seriada da escola e seguem para empregos ocupacionais. “Esses jovens precisam de metodologias de aprendizagem que o Ensino Médio atual não oferece. E não dá para melhorar esse quadro sem que as escolas recebam alunos com NEE e busquem alternativas para incluí-los de fato”, completa.
No limite, o quadro mostra ser necessário romper com estruturas sistêmicas que vão desde o investimento na área até a revisão da estrutura do Ensino Médio para a valorização da diversidade no processo de aprendizagem. Hoje, a inclusão no Ensino Fundamental – que começou há dez anos com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) – mostra ser possível incluir, apesar dos problemas existentes. Quando esse processo foi iniciado, ninguém acreditava que os alunos com NEE advindos da Educação Infantil acompanhariam os currículos. A superação dessa crença precisa agora chegar a toda a Educação Básica.
Últimas notícias